Morreu aos 92 anos, neste domingo (19/1/2025), o jornalista, apresentador e locutor Léo Batista, um dos maiores nomes da história do Jornalismo Esportivo Brasileiro.
Dono de uma "voz marcante", como ficou conhecido, ele estava internado desde 6/1/2025, no Hospital Rios D'Or, na Freguesia, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Faleceu vítima de uma Trombose provocada por um Câncer nos Pâncreas.
Em mais de 70 anos de carreira, Léo Batista deu voz a notícias como a morte de Getúlio Vargas e participou de quase todos os telejornais da TV Globo, onde trabalhou por 55 anos – até pouco antes de ser internado.
Início como locutor de alto-falante: Léo Batista, nascido João Baptista Belinaso Neto, em 22/7/1932, em Cordeirópolis, interior de São Paulo, começou a carreira nos anos 1940. Incentivado por um primo, participou e foi aprovado em um concurso para locutor do serviço de alto-falante de Cordeirópolis. "Serviços de alto-falantes América, transmitindo da Praça João Pessoa!”, dizia.
Filho de imigrantes italianos, Léo Batista deixou o colégio interno aos 14 anos para ajudar a família. Mudou-se para Campinas para completar os estudos e trabalhou como garçom e faz-tudo na pensão do pai antes de se dedicar ao rádio.
Começou na Rádio Birigui e passou por várias rádios do interior paulista, onde narrava jogos de futebol e elaborava noticiários.
- Em Cordeirópolis, de mansinho, eu ia treinando com uma lata de massa de tomate na beira do campo: ‘Bola para fulano… Bateu na trave… Gol!’ Treinei bastante. Meu sonho era transmitir um jogo”, contou Léo, em entrevista ao Memória Globo.
Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Globo, onde trabalhou como locutor e redator de notícias. Seu primeiro trabalho na rádio, ainda como Belinaso Neto, foi no Programa "O Globo no Ar". Dois anos depois, passou a integrar a equipe esportiva da rádio.
Léo Batista estreou na locução esportiva, na Rádio Globo ao narrar a partida entre São Cristóvão e Bonsucesso, no Maracanã.
Antes do jogo, ele ainda era conhecido como Belinaso Neto. Mas o então chefe Luiz Mendes (1924 - 2011) achava seu nome original pouco sonoro e disse que teria que mudar. Para escolher como seria chamado, o "paulistinha" – como o chamava Mendes – escreveu algumas opções em um papel e seus colegas votaram, por unanimidade, em "Léo Batista".
- O curioso é que a família, minha irmã, minha mãe, ninguém mais me chamou pelo outro nome. Para todos, passei a ser Léo”, revelou ao Memória Globo.
Morte de Getúlio Vargas: Um dos muitos momentos históricos narrados por Léo Batista foi em 24 de agosto de 1954. Ele estava de plantão na Rádio Globo e noticiou, em primeira mão, o suicídio de Getúlio Vargas – a notícia mais importante que ele deu em sua carreira.
Ao Memória Globo, Léo lembrou daquele momento: "'Atenção, atenção! Informa o 'Globo no Ar,' em edição extraordinária: acaba de se suicidar no Palácio do Catete o presidente Getúlio Vargas!’ E repeti, afirmando que voltaríamos com novas informações a qualquer momento. Quinze minutos depois, entrou o 'Repórter Esso', com Heron Domingues”.
Desde 1970 na TV Globo: Em 1955, Léo Batista trocou o Rádio pela Televisão, sendo contratado pela TV Rio. Lá, organizou e participou do Jornal Pirelli e de outros programas. Em 1968, deixou a TV Rio e passou pela TV Excelsior antes de começar na Globo, em 1970.
O início da emissora onde trabalhou por mais de 50 anos foi durante a Copa do Mundo em que o Brasil conquistou o tricampeonato mundial.
Primeiro, narrou às pressas o jogo entre Peru e Bulgária após um problema técnico com a equipe que faria a transmissão direto do México, sede da competição.
Pouco depois, foi chamado para substituir Cid Moreira – morto em outubro – em uma edição extraordinária do Jornal Nacional.
Seu desempenho no JN garantiu sua contratação definitiva pela Globo, onde apresentou as edições de sábado do jornal por muitos anos.
- Cid Moreira e Hilton Gomes, o saudoso Papinha, eram os locutores do Jornal Nacional. Em determinada tarde, quem estava de plantão era o Cid. Como as coisas pareciam tranquilas, ele pediu para ser dispensado. Mal saiu, ocorreu o sequestro do presidente Pedro Eugenio Aramburu, da Argentina, além de um terremoto assustador, o maior da história da Nicarágua, que destruiu Manágua”, contou ao Memória Globo.
Léo Batista foi um dos apresentadores na estreia do Jornal Hoje, em 1971, ao lado de Luís Jatobá e Márcia Mendes. Também apresentou o Esporte Espetacular, criado em 1973, e o Globo Esporte, lançado em 1978. "Por sinal, o nome foi ideia minha", lembrou Léo.
A narração de Léo Batista tornou-se característica dos "Gols do Fantástico", quadro que ele apresentou até 2007. Nos anos 2000, ele também participou do "Baú do Esporte" e de outros quadros do Fantástico e do Esporte Espetacular.
Reconhecimento e legado: Léo Batista foi homenageado com o quadro "Histórias do Léo" no Globo Esporte em 2011, onde compartilhou lembranças de sua carreira.
Em 2017, Léo Batista lançou o "Canal do Seu Léo" no Globo Esporte, onde revela bastidores e curiosidades da cobertura esportiva.
Até pouco tempo antes de ser internado, ele seguia ativo, apresentando gols no Globo Esporte e participando de programas especiais, como o mais antigo apresentador da Globo em atividade.
Figurinha fácil nos corredores da Globo ou na padaria da esquina, Seu Léo gostava de bater papo com os funcionários, sempre contando histórias, claro, com sua voz marcante.
- Federação Cearense de Futebol: Nota de Pesar - Léo Batista - Na tarde deste domingo (19/1/2025), o lendário jornalista esportivo Léo Batista nos deixou. Conhecido como “A Voz Marcante”, o apresentador foi um dos criadores do “Globo Esporte”, um dos mais importantes programas esportivos do País. Tinha também como um de seus principais quadros o “Baú do Esporte”, onde lembrava de grandes histórias esportivas do passado. Descanse em paz, Léo!
- Confederação Brasileira de Futebol: A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta o falecimento, neste domingo, do jornalista e apresentador de TV Léo Batista. Aos 92 anos, ele não resistiu a um Câncer. Léo Batista estava internado num hospital da zona oeste do Rio desde o dia 6 de janeiro, após apresentar um quadro de dor abdominal e desidratação. Sua última aparição na telinha foi na edição de 26 de dezembro, no Programa Globo Esporte. “Um dos maiores comunicadores do Brasil, Léo Batista marcou gerações com seu jeito especial de comandar quadros esportivos. Foi um dos jornalistas que narraram o primeiro jogo de Garrincha e, botafoguense, estava feliz com o título do Brasileiro e da Libertadores do ano passado. Neste momento de imensa dor, a CBF se solidariza com seus familiares, amigos e com a legião de fãs de Léo Batista”, comentou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Em homenagem ao jornalista, a CBF determinou que todas a as federações concedam um minuto de silêncio nos jogos dos campeonatos estaduais".
- Governador do Ceará, Elmano de Freitas: O Brasil se despede da voz marcante, assim como era conhecido o jornalista Léo Batista. Um dos grandes nomes do jornalismo esportivo, Léo foi um dos criadores do programa Globo Esporte, em 1978. Com 55 anos de carreira na TV Globo, inaugurou o Jornal Hoje, em 1971, participou do Globo Rural, do Fantástico e esteve na bancada do Jornal Nacional. Foi o responsável por noticiar em primeira mão a morte do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1954, e do piloto Ayrton Senna, em 1994. Aos 92 anos, deixa um legado memorável para a imprensa esportiva brasileira. Meus sentimentos aos familiares, amigos e fãs".
- Prefeito de Fortaleza, @EvandroLeitao: O Brasil se despede hoje do jornalista, apresentador e locutor esportivo Léo Batista, que morreu neste domingo (19), aos 92 anos. Ele deixa uma legião de fãs e uma marca indelével na cobertura esportiva nacional. Nossos sentimentos aos familiares, amigos e admiradores".
- TV Globo: Obrigado por tudo, Léo! Hoje nos despedimos de um gigante. Léo Batista não era apenas uma voz marcante na TV, ele era a trilha sonora do Esporte Brasileiro. Durante décadas, nos emocionou, informou e nos fez sentir que cada gol, cada vitória, e até mesmo cada derrota tinham mais significado. Léo viveu e respirou Jornalismo Esportivo como poucos. Com sua elegância e simpatia, transformou a notícia em arte e o futebol em poesia. Seu legado estará para sempre nos corações de quem ama o esporte e reconhece o poder das boas histórias. Que a saudade se transforme em inspiração para todos nós".
Com informações e fotos do G1.
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