Super Quarta: Decisões de Juros no Brasil e Estados Unidos r eforçam a necessidade de controle e prudência econômica.
Nesta quarta-feira, o mercado global estará de olho na chamada "Super Quarta", com decisões cruciais sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Tanto o Comitê de Política Monetária (Copom) quanto o Federal Reserve (Fed) vão definir seus próximos passos em um cenário de alta inflação, desaceleração econômica e pressões políticas. As escolhas que serão feitas vão ditar o rumo das economias nos próximos meses, e a prudência é mais do que necessária para evitar erros que possam comprometer a recuperação de ambos os países.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve já elevou os juros para o intervalo de 5,25% a 5,50%, o maior nível em mais de 20 anos, com o objetivo de conter a inflação. Embora a alta dos preços tenha desacelerado nos últimos meses, a pressão permanece. Alguns analistas, movidos pelo desejo de acelerar o crescimento econômico a qualquer custo, sugerem que o Fed deveria interromper as altas. No entanto, um olhar mais cauteloso e realista aponta que esse movimento pode ser prematuro. A inflação, embora controlada, não foi completamente vencida, e uma flexibilização precipitada pode fazer o problema voltar com força, prejudicando trabalhadores e empresas em longo prazo. O caminho conservador — e correto — seria manter a mão firme no controle monetário.
No Brasil, a situação exige ainda mais cuidado. Após uma série de aumentos para conter uma inflação que já atingiu níveis preocupantes, a taxa Selic está atualmente em 13,25%. A recente desaceleração da inflação e o desejo do governo de estimular o crescimento têm pressionado o Banco Central a cortar juros mais rapidamente. Contudo, é essencial lembrar que baixar os juros de forma irresponsável pode causar um novo surto inflacionário, algo que já vimos antes. O populismo econômico de setores mais à esquerda defende que o crescimento deve ser incentivado a qualquer preço, mas a história nos mostra que este caminho é perigoso. A responsabilidade fiscal e a independência do Banco Central são pilares que não podem ser enfraquecidos.
O compromisso com a estabilidade é mais do que um mantra; é a base para uma economia forte e sustentável. Reduzir os juros antes do tempo não apenas colocaria em risco o controle da inflação, mas também poderia minar a confiança dos investidores — algo crucial para a manutenção de uma moeda forte e para a atração de capital externo. Em um cenário político que muitas vezes prioriza medidas populares a curto prazo, é essencial que o Banco Central continue a tomar decisões baseadas em dados econômicos sólidos, e não em pressões políticas.
A "Super Quarta" representa, assim, um teste para a responsabilidade e o bom senso dos formuladores de política monetária de ambos os países. O caminho conservador, que valoriza a estabilidade e o controle, continua sendo o mais seguro para garantir um crescimento sustentável sem os riscos de descontrole inflacionário e crises financeiras futuras.
Economista Francisco Morel.
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