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Futricas Gastronômicas-Nikuman

Nikuman: cultura asiática conquista o paladar do baiano

As comidas orientais chinesa e japonesa caíram no gosto do brasileiro faz é tempo. Embora tenham chegado ao Brasil ainda nos anos 1920, em várias levas gradativas, na Bahia, as diversas iguarias começaram a se popularizar no fim dos anos 1980 e se transformaram em uma "mania" deliciosa. Sem dúvida, a era da globalização permitiu que as culturas asiáticas tivessem um lugar cativo também nos corações dos baianos.

Curiosamente, no início, quando as duas culturas ainda estavam em processo de consolidação, as pessoas não sabiam distinguir se se tratava de uma iguaria chinesa ou japonesa. Mas o tempo se encarregou de educar gastronomicamente o povo baiano, que ama as duas culturas.

Talvez não tenha sido culpa do povo do dendê por não saber onde começava uma cultura e terminava a outra, pois alguns acepipes sofreram adaptações ainda em seus locais de origem. Este é o caso de algumas comidas asiáticas, como o nikuman, um pãozinho japonês delicioso que, na verdade, teve origem na China com o nome de baozi.

Quem nos traz a história do pãozinho é o chef Diego Araújo, sócio-proprietário do restaurante Budha Bistrô. "O nikuman é um pão tradicional da culinária oriental, presente em toda a Ásia. Sua origem remonta a mais de dois mil anos, e sua receita se mantém praticamente a mesma desde então. É cozido no vapor e pode ter os mais variados recheios, doces e salgados, e sua massa é leve e supermacia", conta.

Segundo a lenda, o baozi foi criado por Zhuge Liang, um estrategista militar da época dos Três Reinos (220-280 d.C.), que precisava criar uma oferenda aos deuses para garantir a travessia segura de um rio. Com o tempo, o baozi se espalhou por toda a China, evoluindo em diversas variações regionais. Logo, o baozi seria introduzido em toda a Ásia, incluindo o Japão, por comerciantes, tornando-se muito popular.

"O nikuman é de grande importância histórica e cultural no Japão e em toda a Ásia. Por ser uma receita de preparo simples e com insumos comuns, difundiu-se rapidamente e se tornou um prato quase obrigatório na dieta diária dos asiáticos. Com o tempo, diferentes regiões criaram suas versões locais do pão, com recheios de sabores e texturas variadas. Mas a massa permanece praticamente intocada", conta o proprietário do Budha.

Segundo Diego, "em Salvador, podemos dizer que estamos vivendo o período de chegada do nikuman na cidade. Existem poucos locais de venda ou que servem o produto, limitando o conhecimento das pessoas", afirma.

A interessante iguaria carrega a tal afetividade que praticamente todo prato possui. Diego explica como, na cultura japonesa, o nikuman tem o peso da cultura das famílias.

"O preparo do nikuman é um momento de união e comunhão da família e amigos. Ainda hoje, as pessoas se reúnem para comer nikuman juntas e fazem disso um evento de fortalecimento da família e dos laços de amizade. Feito com insumos naturais, o nikuman demanda uma considerável quantidade de trabalho para preparar a massa e os recheios, portanto, as pessoas dividiam entre si as tarefas e compartilhavam histórias e sorrisos enquanto preparavam e saboreavam nikumans frescos e saborosos".

Ele ainda explica como a iguaria vem cativando há milênios várias nações por se definir como uma receita simples.

"A massa é preparada com farinha de trigo e água, além de açúcar e sal a gosto, e cozida no vapor. O nikuman tem um sabor e aroma suaves, a textura é macia e delicada, e a massa é de surpreendente leveza. Além de tudo, o nikuman é belíssimo. Um verdadeiro deleite para todos os sentidos. A versão mais tradicional é com carne suína e legumes, mas o nikuman pode ser recheado com o que a imaginação permitir: carnes, vegetais, molhos, queijos e até mesmo doces. A base perfeita para todos os sabores", diz Diego, dando um colorido particular à receita.

O restaurante Budha Bistrô está participando do festival Bon Odori, evento que reforça a cultura japonesa na Bahia e está em sua 16ª edição. O festival é resultado da expansão da cultura japonesa em todo o mundo. No Brasil, a cultura nipônica se espalhou definitivamente nos anos 1980 e 1990, quando animes e mangás começaram a ser divulgados em várias partes do mundo, ganhando o coração também dos baianos. Diego reforça o convite para o evento, que oferece várias atrações, incluindo a gastronômica, especialmente o pãozinho delicioso, simples, mas que carrega uma grande experiência cultural.

"O Bon Odori é um festival de celebração da cultura japonesa e o nikuman é um dos símbolos dessa cultura e do país. Preparamos um cardápio apenas com pratos japoneses para o evento, mas o nikuman certamente ocupa um lugar de destaque. Será um grande evento e uma oportunidade para muitas pessoas saborearem pela primeira vez o nikuman e entenderem por que esse pãozinho branco e macio tem fãs no mundo inteiro."

Nikuman:  cultura asiática conquista o  paladar do baiano Nikuman:  cultura asiática conquista o  paladar do baiano

RECEITA NIKUMAN-RENDIMENTO: 6 UNIDADES

Ingredientes

Para o Recheio

•300 g de carne de porco moído

•1 colher (sopa) de molho de shoyu

•1 colher (sopa) de amido de milho

•2 colheres (sopa) de cebolinha picada

•2 colheres (chá) de gengibre picado

•2 colheres (sopa) de saquê de cozinha

•½ colher (sopa) de óleo de gergelim

•1 colher (sopa) de molho de ostra

•sal e pimenta-do-reino moída a gosto

•60 ml de água

Para a massa:

•½ colher (chá) de fermento biológico seco

•½ xícara (chá) de água morna

•1 colher (sopa) de açúcar

•240 g de farinha de trigo

•1 pitada de sal

Modo de Preparo

Recheio:

1. Em uma tigela, misture o pernil de porco com molho de soja, amido de milho, cebolinha picada, gengibre picado, saquê, óleo de gergelim e molho de ostra. Tempere com sal e pimenta-do-reino moída. Vá mexendo e adicionando a água aos poucos.

Massa:

1.Em outra tigela, dissolva o fermento em água morna com açúcar. Deixe descansar por 10 minutos.

2.Em uma vasilha grande, misture a farinha de trigo com a esponja de fermento. Tempere com sal e sove a massa com as mãos, adicionando um pouco mais de água, se necessário.

3.Deixe a massa descansar por 30 minutos. Depois, divida a massa em 6 partes iguais, com aproximadamente 50 g cada uma, e forme bolinhas. Coloque-as em uma assadeira, cubra com um pano úmido e deixe descansar por mais 10 minutos.

4.Após essa etapa, abra as bolinhas com um rolo até formar discos. Recheie os discos e coloque-os em uma panela de bambu ou uma panela para cozimento a vapor.

5.Coloque um quadradinho de papel manteiga untado sob cada bolinha para evitar que grudem e permitir a passagem do vapor.

6.Em seguida, deixe descansar novamente por 20 minutos. Coloque a panela de bambu sobre uma panela com água fervente e cozinhe os pãezinhos em fogo médio por 15 minutos. Sirva quentinhos.

Com informações de Isabel Oliveira.

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