Saúde 5.0: como a tecnologia reconecta a medicina e o paciente
Bem-vindo à era da saúde personalizada! É assim que a convergência cada vez maior entre tecnologia e medicina vem redefinindo a conexão dos cuidados com a saúde e o paciente, oferecendo acompanhamento contínuo, sob medida e mais eficiente.
A Saúde 5.0, como vem sendo chamado esse novo momento da prática médica e da gestão em saúde, explica Álvaro Madeira Neto, médico sanitarista e gestor em saúde, representa uma evolução no campo da medicina, colocando o paciente no centro de tudo, utilizando, para isso, tecnologia avançada.
“Pensemos nisso como uma combinação poderosa de inteligência artificial (IA), internet das coisas e big data, tudo trabalhando em conjunto para cuidar melhor da saúde das pessoas”, afirma.
Para exemplificar, Madeira Neto aponta o caso de alguém usando um smart watch, capaz de monitorar os batimentos cardíacos e níveis de oxigênio continuamente, com esses dados sendo enviados para um sistema de IA. “Ao receber e analisar os resultados, o sistema de IA avisa ao médico dessa pessoa se algo não estiver bem, permitindo que haja uma intervenção rápida antes que o quadro do paciente piore”, expõe.
Consequentemente, isso não apenas melhora a segurança do indivíduo, como também garante um acompanhamento médico contínuo e personalizado mesmo quando o paciente estiverem casa.
Além disso, emenda o especialista, a Saúde 5.0 possibilita que médicos e hospitais compartilhem informações de maneira mais fácil e segura, graças a mais uma tecnologia emergente, no caso a blockchain.
“Isso significa que o histórico de saúde dos pacientes estará sempre acessível e protegido, facilitando um atendimento mais integrado e eficiente. Contudo, a grande diferença aqui é que a tecnologia não substitui os médicos, mas trabalha ao lado deles para melhor atendimento e experiência do paciente. É sobre tornar a medicina mais humana e eficiente ao mesmo tempo”, fala.
*Papel transformador
Segundo Madeira Neto, quando se fala em Saúde 5.0, evidencia-se o potencial que as novas tecnologias têm de transformar significativamente o exercício da medicina e a gestão em saúde.
“Na prática clínica, a inteligência artificial, por exemplo, pode melhorar a precisão dos diagnósticos e personalizar os tratamentos. Já com relação à gestão em saúde tanto pública quanto privada, o uso dessas novas ferramentas pode otimizar, por sua vez, a alocação de recursos, como financeiros e de pessoal, a prevenção de surtos de doenças, melhorando, de fato, a eficiência operacional”, afirma.
Isto acontece, segundo o especialista, porque a análise dos dados em larga escala permite que o gestor em saúde consiga identificar padrões e tendências que auxiliam no planejamento e na execução de políticas de saúde mais eficazes.
*Telemedicina
Na esfera da Saúde 5.0, Madeira Neto destaca, em especial, a telemedicina e como ela revolucionou a prática médica e tem trazido inúmeros benefícios para os pacientes.
“Primeiramente, a telemedicina facilita o acesso aos cuidados de saúde especialmente para aqueles que vivem em áreas remotas ou têm dificuldade de locomoção. Isso permite que mais pessoas recebam atendimento médico de qualidade sem precisar se deslocar longas distâncias. Além disso, a telemedicina reduz o tempo de espera para consultas, ajudando a descentralizar os serviços e equilibrar a carga de pacientes em diferentes unidades de atendimento, o que é fundamental para aprimorar a eficiência do sistema de saúde”, afirma.
Outra grande vantagem, sinaliza o gestor, é a continuidade do cuidado do paciente. Afinal, os médicos podem monitorar aqueles com doenças crônicas de forma mais regular e detalhada, podendo levar a uma melhor gestão das condições de saúde e reduzir hospitalizações desnecessárias.
*Oportunidades e desafios
Entretanto, apesar dos benefícios, a implementação da Saúde 5.0 ainda enfrenta desafios, como a necessidade de infraestrutura tecnológica adequada a fim de garantir a privacidade e a segurança dos dados dos pacientes.
“A digitalização da saúde envolve a coleta e o armazenamento de grandes volumes de dados sensíveis. Assim, garantir a proteção desses dados é um dos principais desafios, especialmente frente às ameaças cibernéticas”.
Outro desafio, é a resistência à mudança. De acordo com Madeira Neto, muitos profissionais de saúde ainda demonstram resistência para aderir às novas tecnologias. Na sua avaliação, isso pode se dar devido à falta de familiaridade com as ferramentas digitais ou pelo receio que a tecnologia possa substituir suas funções.
Mais um ponto que se deve acrescentar, diz, é a questão do custo, que muitas vezes é elevado. “A implementação de tecnologias avançadas pode ser bastante onerosa representando um obstáculo significativo, principalmente para instituições públicas de pequeno porte. Ademais, temos a questão da capacitação dos profissionais, pois se faz necessário investir na formação contínua dos profissionais de saúde para que eles possam utilizar eficazmente as inovações”, relata.
Mesmo assim, Madeira Neto reforça que os benefícios superam os desafios, pois a Saúde 5.0 proporciona uma melhor qualidade de vida e de acesso ao atendimento médico.
“Ademais, a integração das novas tecnologias pode levar a uma abordagem mais preventiva e menos reativa da medicina, focando em manter a saúde ao invés apenas de tratar as doenças’, conclui.
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