Sem dúvida alguma, existe uma conexão emocional que relaciona a comida à memória afetiva familiar, com destaque para as mães. É impossível não recordar com carinho os deliciosos acepipes feitos pelas mamães, principalmente em grandes momentos. O Dia das Mães, em especial, além do clássico domingão, é sinônimo de união familiar, considerado um dos principais agentes agregadores em variadas culturas. E com ele, as iguarias que "arrastam multidões".
Quem nunca ansiou por reuniões familiares aos domingos só para saborear aquela iguaria que somente a mamãe fazia? Nestes momentos festivos, vale recorrer à tradição familiar para eleger a delícia que sempre desperta as melhores lembranças, celebrando uma das figuras mais queridas do seio familiar, associada à comida afetiva. É importante lembrar que o ato de alimentar é uma das tarefas mais primordiais das mães desde o nascimento, pelo menos para a maioria que consegue alimentar seu bebê com o leite materno.
Claro que a comida afetiva, gravada na memória de todo filho - e até mesmo netos - vai depender da cultura de um povo, mas alguns clássicos são eleitos como as melhores refeições diretamente associadas às mães, como o frango assado, o bolo - é impossível não lembrar da canção brasileira “Mamãe” e o avental todo sujo de ovo -, a feijoada, clássica de um domingão familiar, e uma bela macarronada ou lasanha! Estas são iguarias, inclusive, eleitas como as que mais representam as deliciosas comidas feitas pelas mamães no imaginário popular.
O professor de Gastronomia da Estácio e Chef de Cozinha, Bruno Tupinambá (@cheftupinamba), guarda recordações afetivas da deliciosa lasanha feita pela mãe e pela tia.
“Lembro-me de diversas vezes, minha mãe levava a lasanha ao forno e quando o aroma tomava conta da casa, eu e meu irmão íamos logo para a beira do fogão para sinalizar que o preparo estaria pronto. Ela sempre dizia: ‘Deixa dourar mais um pouquinho, a parte que fica tostadinha é a mais gostosa’”, conta
As lembranças do acepipe de origem italiana são tão fortes em suas memórias que sua tia Mary também faz parte dessas grandes recordações. Com requinte de detalhes, ele lembra como a tia preparava a lasanha.
“Minha tia Mary sempre foi a ‘encarregada’ da família de fazer sua famosa lasanha. Era uma lasanha de queijo e presunto, intercaladas com molho de tomate e bechamel. Sempre finalizada com uma generosa camada de bechamel e queijo. Até hoje salivamos e nos deliciamos nessas reuniões familiares”.
As recordações de Tupinambá são a expressão do alimento cheio afetividade, uma emoção retratada no clássico filme “Ratatouille”, que nos mostra essa conexão entre mães e filhos. Na cena, o gastrônomo Anton Ego, ao experimentar o delicioso prato de origem parisiense, é imediatamente transportado para sua infância e para sua mãe, que preparava a mesma iguaria. É uma cena memorável do cinema que ilustra como a comida é capaz de provocar afetividade nas pessoas.
A chef de Gastronomia Ana Paula Della Piazza (@anapauladellapiazza) acredita que o mais importante é ter todos reunidos em volta da mesa para celebrar.
"A cultura do Dia das Mães é todos sentados em volta de uma mesa, confraternizando, almoçando juntos, seja qual for o prato. A comida, seja ela qual for, a gastronomia, seja qual for a região, seja qual país, é um momento de agregar a família, de agregar os amigos, de confraternização, de união em volta de uma mesa."
A chef Della Piazza, que trabalha com massas (https://www.volareartigianale.com.br/contato.php), lembra que a lasanha era o prato que pedia à mãe, uma imigrante italiana que se estabeleceu em Jaguaquara, cidade que abrigou italianos nos anos 1950.
"Quando eu era criança e minha mãe perguntava qual comida eu mais gostava, eu dizia que era a lasanha. Sempre que queria um prato especial, pedia para minha mãe fazer lasanha", recorda.
Sem dúvida, para muitas pessoas, a lasanha é lembrada como a comida preferida que a mamãe faz. De origem italiana, ela chegou ao Brasil pelas mãos dos primeiros imigrantes no século XIX e conquistou os brasileiros.
O gastrônomo Bruno Tupinambá observa que "Por ser uma refeição compartilhada, ela dispensa preparos individuais e promove um ambiente de união e convívio".
Ele conta que a origem da lasanha é frequentemente associada à Itália, especialmente à região da Emília-Romanha. Há relatos que datam do século XIII que já apontam sua existência. Porém, a adição do tomate ocorreu posteriormente, após a colonização das Américas, difundindo-se na Itália a partir do Século XVIII. Como o Brasil foi fortemente influenciado pela imigração italiana, recebendo mais de 1,5 milhões de italianos entre 1870 e 1960, a cultura da lasanha logo se difundiu e se incorporou à cultura brasileira.
E para celebrar esta data que vai além dos instintos comerciais, buscando o calor da afetividade que somente as boas mães conseguem transmitir, hoje o Histórias & Sabores apresenta uma deliciosa lasanha ensinada pelo chef Bruno Tupinambá.
Lasanha com ragu de linguiça toscana
Ingredientes para uma assadeira de 30x20 cm
• 250g de massa de lasanha artesanal
• 60g de queijo grana padano ou parmesão
Para o recheio:
• 200g de creme de leite
• 500g de queijo de búfala ralado
• Noz moscada e pimenta do reino a gosto
• Sal a gosto
Para o ragu de salsicha:
• 800 g de linguiça toscana
• 800 g de passata de tomate (ou purê de tomate)
• 1 talo de salsão picado
• 1 cebola picada
• 1 cenoura picada
• Azeite extra virgem a gosto
• Sal e pimenta do reino a gosto
Modo de preparo
Retire a pele da linguiça e processe a carne no processador. Limpe e pique primeiro a cenoura, a cebola e o aipo.
Coloque um pouco de azeite de oliva na panela, adicione a mistura picada e doure em fogo alto por pelo menos 5 minutos, dourando bastante.
Adicione a linguiça, tempere com sal e pimenta do reino e deixe dourar. Adicione a passata de tomate e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos. Corrija o sal e a pimenta do reino se necessário.
Quando o ragù estiver pronto, tudo que você precisa fazer é montar a lasanha. Unte uma forma de 20x30 cm com um pouco de ragu e coloque a massa da lasanha no fundo.
Cubra com o ragu de linguiça, um pouco de creme de leite, queijo muçarela e um pouco do grana padano ralado. Faça isso intercalando entre massa, ragu e queijo, até chegar ao final. Deixe 1 dedo abaixo do topo da travessa.
Finalize a última camada com ragu, creme de leite e queijo. Leve ao forno para assar por 40 minutos em forno pré-aquecido a 180ºC, deixando dourar bastante. Retire do forno, deixe descansar por 10 minutos antes de servir.
Com informações de Isabel Oliveira.
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