Eis o que o árbitro pernambucano José Woshington da Silva colociu na súmula de Fortaleza-CE 3x0 CSA-AL, na noite desta sexta-feira (17 de fevereiro), pela 4ª Rodada da Copa do Nordeste 2023, no Estádio Presidente Vargas (PV) sobre um susposto Caso de Racismo de torcedores do Fortaleza contra dois jogadores do CSA:
- Fui informado ao término da partida pelo coordenador da Confederação Brasileirra de Futebol (CBF), o senhor Marcos Augusto, que no intervalo da partida o mesmo foi procurado por
dois atletas do CSA, o senhor Douglas Matheus do Nascimento, número 30 e o senhor Thales Natanael Lira de Matos, número 03, informando que no
intervalo da partida enquanto os mesmos aqueciam, foram ofendidos por torcedores do Fortaleza que o chamaram de 'Cabelo de Vassoura',
e que a Policia tinha ouvido. O senhor Marcos Augusto se encaminhou até o capitão da Policia Militar, senhor Andre Gaya, que estava no Comando do Efetivo que fazia a Segurança do Estádio. O mesmo foi verificar com seu Efetivo a suposta agressão verbal e informaram que não tinha
conhecimento do fato. Também informo que nenhum membro da equipe de arbitragem se encontrava no campo de jogo no momento do suposto fato".
Nota Oficial do CSA - O Centro Sportivo Alagoano repudia com veemência qualquer tipo de Discriminação. Na noite desta sexta-feira (17), dois atletas do CSA, os zagueiros Thales e Douglas, foram vítimas de Injúria Racial, durante a partida contra o Fortaleza, pela 4ª Rodada da Copa do Nordeste. O Clube acompanhou os jogadores até a Delegacia para a realização do Boletim de Ocorrência, logo após o fim do jogo. O ato, inclusive, foi inserido na Súmula da partida. Reforçamos o nosso total apoio aos dois atletas que, hoje (17), foram vítimas deste Crime de Racismo. O CSA tem total conhecimento das Campanhas do FEC e parabeniza o Clube pela Luta contra o Racismo. Juntos podemos fazer esse mal acabar. Não só no Futebol, mas em toda a nossa Sociedade! A Luta é nossa e estaremos sempre no combate! #RacismoNão".
Nota do Fortaleza Esporte Clube (FEC) - Historicamente é assim: somos Terra da Luz, porque combatemos o Racismo antes de todos os demais. Se há um Clube que tem cumprido seu dever no combate ao Racismo, este clube é o Fortaleza. A luta tem bastante tempo. A instituição Fortaleza já fez campanhas contra o Racismo premiadas pela criatividade e inteligência. A marca própria homenageou o Dragão do Mar em seus uniformes. A torcida do Fortaleza já fez mosaicos estampando o grito de protesto para o planeta inteiro ver. Poucos clubes tiveram esta ousadia. E, o que parece ser coragem, nós chamamos de obrigação. Ontem, no PV, cumprimos outra vez com nosso dever. Diante dos relatos dos jogadores Thales e Douglas do nosso clube-irmão CSA, buscamos, investigamos, vasculhamos a arquibancada com diligência na procura dos autores das frases ofensivas. E embora nem Polícia, nem árbitros, nem Federação, nem Imprensa, nem outros torcedores tenham observado as ofensas ou apontado a sua origem, continuaremos nossa busca pela identificação dos agressores. É nossa responsabilidade diante de nossa História, de nosso povo, de nossa torcida e de nossos atletas, que também sofrem com agressões mundo afora.
#StopRacism".
CBF - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), definiu, que vai punir com rigor as ofensas racistas no futebol, a decisão foi aprovada no Conselho Técnico da competição, que foi realizada na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
- A luta contra o Racismo tem pressa. Medidas vêm sendo discutidas há séculos e nunca colocadas em prática. A CBF está fazendo a sua parte. Decidimos avançar ainda mais nas punições e podemos tirar até pontos de um clube em uma das nossas competições", atestou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Valendo a partir de agora, os clubes poderão perder pontos em caso de atos discriminatórios cometidos até por torcedores nos estádios. A medida já foi incluída no Regulamento Geral de Competições (RGC), de 2023 e passará a valer na Copa do Brasil, e já começa na próxima semana. Além disso, os clubes que se envolverem em episódios de Racismo poderão pagar multas de até R$ 500 mil.
Professor Doutor Babalawô Ivanir dos Santos (foto) - orientador e professor no Programa de Pós-Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a medida chega em bom momento.
- Acredito que a atitude da CBF, em impor aos clubes perda de pontos nos jogos em que a torcida fizer Manifestação Racistas, é extremamente positiva para o fortalecimento da Luta Antirracista. Infelizmente vivemos em um País em que o Racismo e a Intolerância estão infiltrados nas Relações Sociais e Cotidianas. O Racismo no Futebol, ou em qualquer outra Modalidade Esportiva, infelizmente ainda é uma realidade Espero outras Organizações Esportivas fora e dentro do Brasil também tenham atitudes como essa", defendeu Ivanir.
- Infelizmente o Racismo no Futebol não é uma novidade. Durante anos, a História está aí para nos rememorar, vários atletas foram duramente hostilizados e animalizados dentro do Futebol por serem pessoas negras. E até então não tínhamos nenhum método punitivo. Por isso, ao delegar as responsabilidades dos Crimes de Racismo aos Clubes de Futebol a CBF abre para que possamos efetivamente pautar o Racismo como problema também dentro do Esporte", declara a professora Doutora Mariana Gino - Secrétaire Générale du Centre International Joseph Ki-Zerbo pour l'Afrique et sa Diaspora/N'an laara an saara. (CIJKAD-NLAS).
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