Em dois meses, Maria Margarete Bittencourt, a Marga, de Campos Novos-SC, é a recenseadora com maior produtividade dentre os 19 municípios da área de Joaçaba, Meio-Oeste do Estado.
Ela já visitou mais de 1,8 mil domicílios e recenseou mais de 4 mil pessoas - mais de 10% da população campo novense se comparado às estimativas de 2021. O trabalho rendeu a ela mais de R$ 11 mil, fora os ganhos de 13º e férias proporcionais, já descontado o auxílio locomoção.
Com cinco dos 81 setores censitários de Campos Novos, Marga tem dois concluídos, dois em fase final e o de Ibicuí, que está em andamento. O município tem 35% dos setores concluídos e 45% em andamento. Mesmo com 62% das vagas preenchidas, Jeckesan Ferraz de Deus, ou Jeck, coordenador de área de Joaçaba, diz que Campos Novos está conseguindo manter o prazo previsto: “Apesar de tudo, nossos recenseadores estão se esforçando. Mas se não fossem perfis como o da Marga e mais uns três de alto rendimento, estaríamos fora do prazo.” Marga tem uma média de 37 unidades/dia, enquanto a média geral é de 18.
Curioso com os números de desempenho da recenseadora, Jeck foi até o vilarejo de Ibicuí, no extremo do município, conhecê-la. “Ela é tão focada, foi difícil encaixar horário na agenda da Maria Margarete.”, diz ele. Nas ruínas de uma antiga igreja registrada por Marga, Jeck gravou um bate-papo com ela, disponível em seu canal no youtube.
CLIQUE AQUI E CONHEÇA OUTROS CAMPEÕES DE COLETA DO CENSO
A lida no Censo-“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Esta é a mensagem que Marga repete quando fala de seu trabalho: “Todo lugar eu tento chegar com energia positiva, com o pensamento de que tudo vai dar certo. Procuro ter calma e transmitir isso, trocar energia boa. Tem pessoas que não sabem o que é, aí tem que explicar, mas eu chego de forma leve e quando vejo a pesquisa já está fluindo.”
Apesar do trecho do Pequeno Príncipe vir a calhar, nem tudo é romantizado no trabalho do recenseador. Atualmente, todo dia Marga acorda cedo, se arruma, e parte para percorrer o vilarejo de Ibicuí, local sem sinal de celular, 20 quilômetros do posto de coleta mais próximo.
Com cinco dos 81 setores censitários de Campos Novos, Marga tem dois concluídos, dois em fase final e o de Ibicuí, que está em andamento. O município tem 35% dos setores concluídos e 45% em andamento. Mesmo com 62% das vagas preenchidas, Jeckesan Ferraz de Deus, ou Jeck, coordenador de área de Joaçaba, diz que Campos Novos está conseguindo manter o prazo previsto: “Apesar de tudo, nossos recenseadores estão se esforçando. Mas se não fossem perfis como o da Marga e mais uns três de alto rendimento, estaríamos fora do prazo.” Marga tem uma média de 37 unidades/dia, enquanto a média geral é de 18.
Curioso com os números de desempenho da recenseadora, Jeck foi até o vilarejo de Ibicuí, no extremo do município, conhecê-la. “Ela é tão focada, foi difícil encaixar horário na agenda da Maria Margarete.”, diz ele. Nas ruínas de uma antiga igreja registrada por Marga, Jeck gravou um bate-papo com ela, disponível em seu canal no youtube.
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A lida no Censo-“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Esta é a mensagem que Marga repete quando fala de seu trabalho: “Todo lugar eu tento chegar com energia positiva, com o pensamento de que tudo vai dar certo. Procuro ter calma e transmitir isso, trocar energia boa. Tem pessoas que não sabem o que é, aí tem que explicar, mas eu chego de forma leve e quando vejo a pesquisa já está fluindo.”
Apesar do trecho do Pequeno Príncipe vir a calhar, nem tudo é romantizado no trabalho do recenseador. Atualmente, todo dia Marga acorda cedo, se arruma, e parte para percorrer o vilarejo de Ibicuí, local sem sinal de celular, 20 quilômetros do posto de coleta mais próximo.
- Todo dia venho de manhã e volto à noite. Trago meu lanchinho, como aqui e faço a coleta. Faço em média 37 unidades por dia. Chego em casa às 18h, tomo um café e volto fazer as pendências na área mais urbana, com a ajuda do meu marido. Procuro fazer no mínimo 10 casas à noite.”
Focada, Marga entrou com o objetivo de juntar dinheiro: “Quando entrei, o meu foco era ganhar R$ 5 mil por mês e tenho certeza que vou ganhar R$ 5 mil ainda mês que vem. Fui vendedora, gerente de loja e sempre trabalhei com metas. É questão de se adequar com o teu trabalho e ganhar tempo para conseguir produzir.” Entre seus objetivos, propôs-se a trabalhar o período do Censo sem folga: “Faço final de semana, sábado e domingo o dia todo. São os dias que eu mais pego pessoas em casa, que elas estão disponíveis, não estão cansadas, não estão com pressa. No feriado de 7 de setembro fiz 45 questionários. Depois do Censo a gente descansa.”, completa.
Dificuldades, ausências e negativas-Além do esforço diário, Marga conta alguns casos pelos quais já passou e como teve que usar jogo de cintura para conseguir reverter: “Uma vez teve uma pessoa no interfone em um apartamento de um prédio que disse ‘não vou, não quero, não vou responder’. Entrei para entrevistar outros moradores, insisti tocando a campainha e ele falou: ‘Tá bom’. Muitas vezes, se chegar com jeito, a gente faz dar certo. Outra vez teve um morador que disse: ‘Porque não vai procurar pessoas que não têm o que fazer para fazer esta pesquisa?’ Eu expliquei que era importante, para o país, para mim, para os filhos dele, terminei o trabalho e disse a ele: ‘Eu nunca fui tão maltratada como fui na sua casa.’. Outro dia ele me encontrou na rua, parou o carro e veio pedir desculpas”.
Em muitos casos, a insistência é sinônimo de resiliência: “Uma vez teve uma mulher que eu caminhei uma quadra inteira junto com ela, porque ela não quis parar para respondever ar, e teve várias pessoas que eu via na janela que a pessoa estava e não me atendia. Depois que eles viam eu recenseando a vizinhança, aí quando batia de novo me atendiam, não sei se por ganhar confiança ou por pena de me ndando ali”.
Sobre as ausências, ela já adotou algumas estratégias: “Nos prédios que fiz, conversei com as síndicas e elas facilitaram para mim. As pessoas que eu não consigo elas passaram o telefone. Em casas que geralmente estão vazias, eu pergunto para o vizinho sobre a pessoa ao lado, porque às vezes é um filho, um irmão e você consegue. Isso ajuda a desempenhar melhor e aproveitar o tempo.”
Uma vida de superações-Há 30 anos, divorciada e mãe de duas crianças, Marga precisou correr atrás do sustento de sua família: “Fiquei sem casa quando me separei e tinha que batalhar muito para suprir as necessidades dos meus filhos. Meu sonho era ter minha casa própria”. Por 20 anos, morou em diferentes cidades – Blumenau, Anita Garibaldi, Monte Carlo e Fraiburgo – trabalhou com períodos de jornada dupla, e incluiu um extra de diarista quando o pai faleceu, para ajudar a pagar a funerária: “Foram períodos não muito fáceis, passei momentos da minha filha me pedir uma bolacha e eu não ter para dar e aprendi a ir à luta. Mas sempre tive um objetivo de vencer na vida para que os meus filhos tivessem orgulho da mãe.”
Com o passar do tempo, Marga conseguiu comprar um lote e sua casa própria, em Campos Novos, que manteve alugada enquanto trabalhava em outros municípios. Em Monte Carlo, conheceu o atual marido e dez anos depois, com os filhos crescidos e a vida mais assentada, retornou para a cidade natal. Hoje com 58 anos faz artesanato em casa, trabalha como autônoma e atua como voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Mais recentemente, encarou o desafio de voltar a estudar depois de 40 anos para passar nos exames do treinamento para recenseadora.
Objetivos e representatividade-Para seus ganhos financeiros, Marga tem planos: “Eu e meu marido somos parceiros. Com meu trabalho já reformei a casa, ajudei a fazer uma área de festa, trocamos de carro, agora estou pensando em um pedaço de piso na área externa. Quero dar uma ajeitadinha ali e ter uma reserva para uso emergencial.”
Sobre o significado de seu trabalho no Censo, ela observa: “Me sinto feliz sendo útil para o país e para as pessoas. Vamos ter as informações, saber a condição de vida de cada cidade e de nós todos, a perspectiva de vida. Isso é muito importante na hora de reivindicar verba para nossa cidade e eu me sinto muito feliz de poder participar dessa atualização para suprir as necessidades do nosso município.”
Mesmo com as dificuldades, quanto à satisfação pessoal que encontrou no trabalho em campo, ela observa: “Eu nunca trabalhei no Censo antes, mas eu gosto muito de me comunicar, adoro conversar com as pessoas. Eu entendo que estou invadindo um pouco a privacidade da pessoa e tenho que fazer isso de maneira agradável”. E conclui: “Várias vezes eu preciso dizer: ‘Eu tenho que ir para cumprir minha meta’, mas é muito bom escutar: ‘Volta outro dia!’.”.
Com informações da Agência IBGE de Notícias.
Focada, Marga entrou com o objetivo de juntar dinheiro: “Quando entrei, o meu foco era ganhar R$ 5 mil por mês e tenho certeza que vou ganhar R$ 5 mil ainda mês que vem. Fui vendedora, gerente de loja e sempre trabalhei com metas. É questão de se adequar com o teu trabalho e ganhar tempo para conseguir produzir.” Entre seus objetivos, propôs-se a trabalhar o período do Censo sem folga: “Faço final de semana, sábado e domingo o dia todo. São os dias que eu mais pego pessoas em casa, que elas estão disponíveis, não estão cansadas, não estão com pressa. No feriado de 7 de setembro fiz 45 questionários. Depois do Censo a gente descansa.”, completa.
Dificuldades, ausências e negativas-Além do esforço diário, Marga conta alguns casos pelos quais já passou e como teve que usar jogo de cintura para conseguir reverter: “Uma vez teve uma pessoa no interfone em um apartamento de um prédio que disse ‘não vou, não quero, não vou responder’. Entrei para entrevistar outros moradores, insisti tocando a campainha e ele falou: ‘Tá bom’. Muitas vezes, se chegar com jeito, a gente faz dar certo. Outra vez teve um morador que disse: ‘Porque não vai procurar pessoas que não têm o que fazer para fazer esta pesquisa?’ Eu expliquei que era importante, para o país, para mim, para os filhos dele, terminei o trabalho e disse a ele: ‘Eu nunca fui tão maltratada como fui na sua casa.’. Outro dia ele me encontrou na rua, parou o carro e veio pedir desculpas”.
Em muitos casos, a insistência é sinônimo de resiliência: “Uma vez teve uma mulher que eu caminhei uma quadra inteira junto com ela, porque ela não quis parar para respondever ar, e teve várias pessoas que eu via na janela que a pessoa estava e não me atendia. Depois que eles viam eu recenseando a vizinhança, aí quando batia de novo me atendiam, não sei se por ganhar confiança ou por pena de me ndando ali”.
Sobre as ausências, ela já adotou algumas estratégias: “Nos prédios que fiz, conversei com as síndicas e elas facilitaram para mim. As pessoas que eu não consigo elas passaram o telefone. Em casas que geralmente estão vazias, eu pergunto para o vizinho sobre a pessoa ao lado, porque às vezes é um filho, um irmão e você consegue. Isso ajuda a desempenhar melhor e aproveitar o tempo.”
Uma vida de superações-Há 30 anos, divorciada e mãe de duas crianças, Marga precisou correr atrás do sustento de sua família: “Fiquei sem casa quando me separei e tinha que batalhar muito para suprir as necessidades dos meus filhos. Meu sonho era ter minha casa própria”. Por 20 anos, morou em diferentes cidades – Blumenau, Anita Garibaldi, Monte Carlo e Fraiburgo – trabalhou com períodos de jornada dupla, e incluiu um extra de diarista quando o pai faleceu, para ajudar a pagar a funerária: “Foram períodos não muito fáceis, passei momentos da minha filha me pedir uma bolacha e eu não ter para dar e aprendi a ir à luta. Mas sempre tive um objetivo de vencer na vida para que os meus filhos tivessem orgulho da mãe.”
Com o passar do tempo, Marga conseguiu comprar um lote e sua casa própria, em Campos Novos, que manteve alugada enquanto trabalhava em outros municípios. Em Monte Carlo, conheceu o atual marido e dez anos depois, com os filhos crescidos e a vida mais assentada, retornou para a cidade natal. Hoje com 58 anos faz artesanato em casa, trabalha como autônoma e atua como voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Mais recentemente, encarou o desafio de voltar a estudar depois de 40 anos para passar nos exames do treinamento para recenseadora.
Objetivos e representatividade-Para seus ganhos financeiros, Marga tem planos: “Eu e meu marido somos parceiros. Com meu trabalho já reformei a casa, ajudei a fazer uma área de festa, trocamos de carro, agora estou pensando em um pedaço de piso na área externa. Quero dar uma ajeitadinha ali e ter uma reserva para uso emergencial.”
Sobre o significado de seu trabalho no Censo, ela observa: “Me sinto feliz sendo útil para o país e para as pessoas. Vamos ter as informações, saber a condição de vida de cada cidade e de nós todos, a perspectiva de vida. Isso é muito importante na hora de reivindicar verba para nossa cidade e eu me sinto muito feliz de poder participar dessa atualização para suprir as necessidades do nosso município.”
Mesmo com as dificuldades, quanto à satisfação pessoal que encontrou no trabalho em campo, ela observa: “Eu nunca trabalhei no Censo antes, mas eu gosto muito de me comunicar, adoro conversar com as pessoas. Eu entendo que estou invadindo um pouco a privacidade da pessoa e tenho que fazer isso de maneira agradável”. E conclui: “Várias vezes eu preciso dizer: ‘Eu tenho que ir para cumprir minha meta’, mas é muito bom escutar: ‘Volta outro dia!’.”.
Com informações da Agência IBGE de Notícias.
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