Dois laudos científicos, um do Labomar/UFC e outro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece), mostram que as manchas de óleo recentemente encontradas no Litoral do Ceará não possuem relação nem com o tsunami ocorrido na Oceania, devido erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, em Tonga, em 15 de janeiro de 2022, e nem com o acidente de 2019, que atingiu o Nordeste Brasileiro.
O primeiro estudo foi divulgado por pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar–Labomar/UFC. O documento diz que pelas informações veiculadas no dia 21 de janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estação maregráfica do órgão localizada em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, detectou o fenômeno 17 horas depois do Tsunami como uma alteração de 8 centímetro no nível do mar local.
Segundo o mesmo órgão, não foram detectadas variações em outros pontos da costa brasileira, inclusive em Fortaleza, onde existe uma Estação Maregráfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto ao Porto do Mucuripe. Houve somente uma pequena variação nos dados de pressão atmosférica, registrados na estação localizada no Porto do Pecém entre 13 e 17 de janeiro de 2022. Entretanto, não há evidência sobre a variação do nível do mar em decorrência da erupção do vulcão.
Os pesquisadores estão buscando analisar hipóteses alternativas (incluindo análise de ondas, ventos, correntes, dinâmica morfosedimentar e química do óleo). Os resultados e evidências obtidas devem sair em breve e serão amplamente divulgados.
Por outro lado, o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA) também coletou amostras para análise geoquímica do material contaminante que apareceu nas praias do litoral cearense em janeiro/2022. Esta amostragem foi realizada em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/Ceará).
Em 31 de janeiro de 2022, a equipe da Uece coletou amostras nas Praias do Pontal de Maceió, em Fortim; Sabiaguaba, em Fortaleza; Porto das Dunas, em Aquiraz; e Cumbe, em Aracati. Na mesma data, outra frente de trabalho, liderada pelo Ibama/Ceará coletou amostras nas Praias do Batoque, em Aquiraz; Barra Nova, em Cascavel; Pontal de Maceió, em Fortim; Parajuru, em Beberibe; Sabiaguaba, em Fortaleza, sob mesmas condições protocolares. As amostras coletadas possuíam características físicas visuais (viscosidade, cor e odor) de petróleo.
Através dos resultados das análises dos biomarcadores saturados, observou-se que não se trata do mesmo material oleoso coletado nas praias do litoral do Nordeste em 2019, o qual possui biomarcadores característicos de petróleo venezuelano.
Através de correlações entre os parâmetros fornecidos pelas análises dos biomarcadores, constatou-se que as amostras coletadas nas praias do Ceará em janeiro de 2022 se correlacionam com amostras de petróleos originados de matéria orgânica marinha, os quais ocorrem em algumas bacias da margem continental do Brasil.
As possibilidades aventadas pelos investigadores de geoquímica forense para o óleo encontrado nas praias seriam:
1) petróleo exsudado no fundo do mar, em função de existência de um sistema petrolífero semelhante ao da Bacia de Sergipe, ainda não perfurado, no entanto localizado em águas profundas nas bacias do Ceará e Potiguar;
2) acidente, fruto de perfuração em processo de exploração/produção, por Companhia Petrolífera concessionária, offshore, sendo o óleo proveniente desse sistema petrolífero;
3) acidente provocado por navio em procedimento de transporte de óleo de natureza geológica acima referida. Para as possibilidades sugeridas, o óleo teria sido levado à zona costeira cearense por fenômenos oceanográficos.
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