Confira o Novo Boletim da Covid-19 em Fortaleza que registra a 3ª Onda com 82 mortes e 4.350 infectados em 20 dias na capital cearemse:
Cenário Epidemiológico - 272.641 casos de residentes de Fortaleza foram confirmados, por critério laboratorial, até 18 de janeiro de 2021.
Casos confirmados no início da pandemia por testes para detecção de anticorpos, em que houve inconsistência entre a data do inicio dos sintomas e a data da coleta, foram excluídos da série temporal. Para esses casos, a data do início dos sintomas foi considerada ignorada.
Em meados de dezembro de 2021, com a introdução da nova variante Ômicron, tem início a terceira onda epidêmica em Fortaleza. Sobretudo nas duas primeiras semanas de 2022, há incremento substancial de casos novos diários que não foi gradual. Ao contrário das ondas anteriores, o aumento foi “explosivo” como tem sido relatado em diversas regiões onde a variante se estabelece.
Mesmo com problemas no fluxo de informações e instabilidade dos sistemas nacionais, associados à subnotificação e limitação do diagnóstico laboratorial de casos leves e assintomáticos, a curva epidêmica, que vinha se expressando graficamente como um platô, passou a apresentar inclinação ascendente.
O objetivo deste Informe é divulgar o cenário epidemiológico e a distribuição espacial e temporal da Covid-19 em Fortaleza. Os dados, no que se referem aos casos, foram atualizados pelo IntegraSUS às 11h20 de 20 de janeiro de 2022. A análise de mortalidade foi realizada com base na confirmação laboratorial de novos óbitos atualizada às 11h35 do dia 21 de janeiro de 2022 pela SMS-Fortaleza.
Entre os dias 14 a 20 de janeiro de 2022, a proporção de positividade das amostras (RT-PCR) de residentes de Fortaleza, analisadas pelos laboratórios da rede pública, foi de 56,1%.
O “pico” de casos confirmados da primeira onda epidêmica ocorreu na transição entre os meses de abril e maio quando a média móvel sempre esteve acima de 600 casos. Seguiu-se período de redução que se estendeu até julho, quando a transmissão tendeu a níveis residuais.
Em outubro, a segunda onda epidêmica se inicia. No início com propagação mais lenta, ganhou força de transmissão a partir de janeiro de 2021, com a dominância da nova variante gama. Em março, após período de propagação exponencial, atinge o pico da segunda fase do ciclo epidêmico. A redução da média móvel na segunda onda exibiu um padrão “anômalo”, com a queda entremeada por oscilações ascendentes e platôs.
3ª Onda - A terceira onda se inicia com a dominância da variante Ômicron, que fica mais evidente nos últimos dez dias de dezembro de 2021. A partir do início de 2022, o aumento é exponencial, embora uma estimativa da magnitude da transmissão, refletida nos casos novos diários, esteja prejudicada, principalmente, pela subnotificação e subdiagnóstico mencionados.
A média móvel hoje (460,3 casos) reflete ainda o retardo da notificação dos casos mais recentes. Até se considerando a média de duas semanas atrás (823,0 casos) é possível que os dados estejam muito subestimados, dada a proporção da positividade de quase 60% nos laboratórios de referência.
Houve introdução e dominância da nova variante de preocupação internacional Ômicron (B.1.1.529) em Fortaleza. A Ômicron tem um número incomum de mutações e alta transmissibilidade. Por essa razão, a incidência da doença deve continuar a ser rigorosamente monitorada.
Óbitos - Em Fortaleza já foram confirmados 10.081 óbitos por Covid-19. Após uma inflexão em abril de 2020, o crescimento de mortes a cada 24 horas ganhou velocidade e se estendeu até o início de junho de 2020. A partir daí, é possível observar uma tendência de estabilização da curva (fim da primeira onda). No início de dezembro, no entanto, há mudança no padrão, reflexo do aumento do número de eventos fatais registrados diariamente, com a segunda onda alterando o padrão de mortalidade. Esta se expressou com um aumento exponencial das mortes, mais evidente em março e abril de 2021. Em maio, inicia-se uma diminuição das fatalidades diárias (amplificada nos meses posteriores) que perdurou até o início de 2022, quando há um discreto aumento, associado à terceira onda, associada à dominância da variante Ômicron.
A média de mortes diárias de todo ciclo epidêmico, até a presente data, foi de 15,1.
O aumento das mortes da segunda onda consolidou-se em janeiro de 2021. O crescimento ganhou velocidade em março e se manteve até meados de abril. Em seguida, há uma tendência de declínio dos óbitos diários que se estabelece nos meses seguintes.
No dia 18 de março de 2021 foram registradas 69 mortes. Este foi o maior número de óbitos em 24 horas, desde maio de 2020.
O atual padrão de mortalidade não mais reflete a estabilidade alcançada com o fim da segunda onda.
O cenário foi discretamente alterado pela dominância da nova variante Ômicron que tem relevante escape vacinal, embora pareça ser menos “agressiva” do ponto de vista do curso clínico.
O pico de óbitos (estendido) da primeira onda epidêmica poderia ser definido como o período de aproximadamente duas semanas (09-22/05) quando a média sempre esteve acima de 80 mortes diárias.
A média móvel passa a cair quase tão rápido quanto subiu na metade ascendente da curva até o fim de julho, quando entra em estabilidade. No entanto, o aumento gradual iniciado na segunda quinzena de novembro indicou uma tendência de incremento das fatalidades diárias, característico da segunda onda epidêmica.
Na transição entre janeiro e fevereiro de 2021 observa-se um crescimento acelerado das mortes, levando a média para um patamar mais elevado. Em março, a média móvel sobe vertiginosamente caracterizando um aumento exponencial que é interrompido no fim do mês de abril. A redução gradual da média móvel é consolidada em maio e acentuada nos meses seguintes de 2021.O pico da média móvel na segunda onda ocorreu no dia 24 de março de 2021 (64,7).
O aumento de casos característico da terceira onda já se reflete, embora com menor magnitude, no padrão de mortalidade. Entre os dias 14 e 20 de janeiro de 2022 ocorreram 36 óbitos, com média móvel estimada de 5,1. No cenário atual, as mortes por covid-19 voltaram a ser um evento frequente. Considerando o mês de janeiro, houve registro de 82 óbitos causados pela doença.
O cenário atual guardava similaridades com o que foi observado em agosto de 2020, reflexo do fim de um ciclo epidêmico. A diminuição das fatalidades vinha sendo sustentável, potencializada pela vacinação de um grande contingente populacional. No entanto, a introdução de uma nova variante altamente transmissível e que, mesmo menos agressiva, tem potencial de causar casos graves, sobretudo em pacientes não vacinados ou com imunização incompleta, provocou novo aumento das mortes diárias.
Analisando apenas a segunda onda, que se iniciou em outubro de 2020, observa-se que depois de desacelerar entre novembro e dezembro, a média de casos cresce nos três primeiros meses de 2021. Em abril a situação começa a se inverter, e os casos diários diminuem gradualmente até outubro de 2021, enquanto a cobertura vacinal aumenta. Em novembro e dezembro já se percebe uma nova tendência de aumento dos casos novos, que se consolida em janeiro de 2022, com a terceira onda.
Em 2021, a média diária alcança 51 mortes em março e fica praticamente estável em abril. Nos cinco meses seguintes ocorre uma queda acelerada dos óbitos até a estabilidade. As mortes diárias voltam a aumentar e a média salta de menos de um óbito por dia em dezembro de 2021, para mais de quatro em janeiro de 2022.
A distribuição dos casos e óbitos por Covid-19 segundo o grupo etário e sexo:
73% dos casos e 27% das mortes foram confirmados na população de 20-59 anos;
19% dos casos e 73% das mortes foram confirmadas no grupo com 60 anos e mais;
A maioria dos pacientes que morreu era do sexo masculino (55%).
Como atualmente há uma nova tendência de aumento da transmissão, depois do período de baixa mortalidade (agosto a dezembro de 2021), faz-se necessária uma análise da distribuição espacial de casos e óbitos ocorridos apenas em janeiro de 2022.
Esta breve e preliminar análise se concentra na terceira onda, onde a dominância da variante Ômiocron é absoluta.
O mapa de calor dos casos de 2022 caracteriza-se, principalmente, pela formação de aglomerados de alta intensidade em praticamente toda zona litorânea, expandindo-se para alguns bairros situados mais ao centro e oeste do município. Mais ao sul, um cluster importante é observado continuamente nos bairros Jangurussu e Conjunto Palmeiras, uma região que foi relativamente poupada nas duas primeiras ondas epidêmicas.
O mapa de calor dos óbitos ocorridos em 2022 foi elaborado com 82 mortes georreferenciadas. Ainda há elevada dispersão espacial das fatalidades. Por enquanto ainda não é possível apontar aglomerados de alta mortalidade.
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