Os efeitos da Pandemia da Covid-19 são amplamente conhecidos por sobrecarregar o sistema de saúde. Seja ele público ou privado, Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tiveram seus leitos completamente ocupados.
A pressão imposta, ao contrário do que se poderia imaginar, mostrou como as unidades do Sistema Único de Saúde (Sus) – composto pelo Ministério da Saúde, estados e municípios - foram e são essenciais para o cuidado à população de forma universal, sem distinção.
A imunização contra a Covid-19 beneficia todos os cearenses também graças ao Sus. Tudo isso apenas para citar como o contexto pandêmico impacta em sua notoriedade.
Seja com um “Viva o Sus” estampado nas camisas, em hashtags nas redes sociais ou ainda nas rodas de conversa, o Sistema Público de Saúde Brasileiro completa 31 anos neste domingo (19 de setembro) mais reconhecido, valorizado e galgando ainda mais protagonismo.
O Sus sempre foi o Plano de Saúde do psicólogo Clayton de Oliveira. Ele, que nunca foi usuário de um seguro privado, acredita que, se não fosse o sistema público, não teria completado, há uma semana, a imunização contra a Covid-19.
- Tudo o que o Sus possibilitou à população ao longo desta pandemia, para mim, não é surpresa. Eu já tinha plena consciência do seu acesso universal, mas boa parte da população não tinha informação suficiente para valorizar o Sus”, avalia Clayton de Oliveira.
Uma pesquisa produzida pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou_Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), evidencia este momento de redescoberta do Sus no Brasil.
Antes da disseminação do Novo Coronavírus, 40% dos brasileiros atribuíam importância altíssima ao Sus. Com a doença, esse número foi elevado para 62%. Já o percentual dos que dão importância baixa ou baixíssima caiu de 14% para 9%. Foram ouvidas 1.268 pessoas com 16 anos ou mais entre dois e cinco de agosto deste ano em todas as Regiões do País.
Especialistas apontam que, mesmo diante de desafios, o Sus é referência em saúde pública no mundo.
- A Pandemia mostrou a força que o Sus tem. Isso ficou claro para a população como um todo que não acreditava no sistema. Se nós não tivéssemos essa potencialidade do Sus, a Pandemia teria sido mais difícil de ser enfrentada”, avalia Gláucia Posso, consultora em Educação Permanente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Para a especialista, além de a pandemia evidenciar a capacidade do Sistema Único de Saúde de lidar com o surgimento de novas doenças, a defesa pela manutenção de um sistema de saúde público e universal se fortaleceu, tornando um cenário mais favorável de luta e cobrança por melhorias junto aos governantes, embora o País enfrente adversidades e visões políticas polarizadas.
Atuação do Sus - Criado efetivamente pela Lei Orgânica de Saúde 8.080, de 19 de setembro de 1990, o Sus atua desde o tratamento de diversas doenças e fornecimento de medicamentos da atenção primária a casos de alta complexidade. Além disso, o sistema público nacional é referência mundial pela atuação no enfrentamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites e Hanseníase. O Brasil também é exemplo por ter o maior sistema público de transplantes de órgãos e tecidos.
Gláucia Posso destaca que o Sus é uma política pública de saúde acertada, pois está em todo o País, apesar de sua extensão territorial.
- O Sus é um grande vitorioso. O Brasil, com essa sua dimensão continental, consegue trabalhar de uma forma satisfatória, mesmo com todas as dificuldades que ainda temos”, diz Gláucia Posso. O País é o único do mundo com mais de 200 milhões de habitantes que tem um Sistema de Saúde Público e Gratuito.
Nova Iorque - Natural de Baturité, o ator Jeovane Fraga (foto), de 36 anos, vive em Nova Iorque-Estados Unidos há dois anos. Os mais de seis mil quilômetros de distância do Ceará só o aproximaram de reconhecer a importância e necessidade do Sus para assistência à saúde da população brasileira.
- Vivendo fora do Brasil, minha percepção sobre o sistema de saúde só melhorou. É só orgulho de ter esse sistema no País, o maior Sistema de Saúde Pública do Mundo. Eu conheci as dificuldades, a realidade, o que ainda tem pra melhorar, mas os avanços são muitos! A Saúde aqui nos Estados Unidos é caríssima, graças a Deus nunca precisei usar. Não tenho Plano de Saúde“.
Há dois anos morando nos Estados Unidos, o cearense Jeovane Fraga tem orgulho do Sus: ‘Vivendo fora do País, minha percepção sobre o Sistema de Saúde só melhorou’
O artista conta que o Sus salvou a saúde da mãe por duas ocasiões: primeiro de um câncer de mama e, depois, de uma cirurgia delicada no intestino.
A experiência pessoal com o Sistema e a atuação também como profissional de Saúde – fisioterapeuta, ele atuou por cinco anos na 4ª Coordenadoria Regional de Saúde de Baturité - fez com que ele montasse o espetáculo A Usuária do Sus, apresentado em vários municípios cearenses e num festival de teatro no Rio Grande do Sul.
- Na peça, a personagem dona Susete é uma defensora do Sus. Ela mostra os nossos direitos, mas principalmente os nossos deveres com esse sistema, que precisamos cuidar, zelar, fiscalizar. Ela também enfatiza que todos os brasileiros utilizam o Sus, diariamente, seja pelo controle da qualidade da água, serviços como o Samu 192 [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], Campanhas de Vacinação e tantos outros”, conta.
Com a personagem que criou, Jeovane mostrou que valorizar o Sus é um papel que todo brasileiro pode exercer.
Com informações, fotos e ilustrações da Coordenadoria de Imprensa do Governo do Ceará.
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