Mais do que trazer respostas: apresentar perguntas. Por meio de suas possibilidades e ramificações artísticas, Cadeh Juaçaba ressalta em sua trajetória a vontade de questionar e provocar reflexões em assuntos que ou o interessam por sentidos positivos ou por negativos. "Eu não fujo muito de polêmica, não", aponta. Neste sábado, 10, mais pensamentos seus - imergindo no aspecto da "polarização" - ecoarão tanto em sua nova exposição "Panóplia Paradoxo" quanto no projeto "Nosso Papel É Arte". O artista visual cearense é mais um integrante da iniciativa que transforma quinzenalmente, aos sábados, capas do O POVO em obras de arte.
O artista visual ressalta que a proposta do projeto "Nosso Papel É Arte" é bastante positiva e traz um espaço importante para a arte: "Eu acho muito positivo esse espaço do jornal para a arte. Neste momento em que as pessoas estão distantes da subjetividade, do fazer artístico e da produção contemporânea, é um gesto muito importante e nobre um veículo da potência do Jornal O POVO estampar sua capa com uma obra de arte".
Exposição "Panóplia Paradoxo", de Cadeh Juaçaba
Quando: a partir deste sábado, 10, até 11 de agosto, das 10 às 16 horas
Onde: Galeria Leonardo Leal (Rua Visconde de Mauá, 1515 - Aldeota)
Conheça a mostra “Nosso Papel É Arte”, disponibilizada no O POVO+. As obras de Cadeh Juaçaba, Raisa Christina, Renata Felinto, Alan Uchôa e Hélio Rôla estão presentes no espaço virtual.
Foto: Igor Barbosa/DivulgaçãoArtista visual cearense Cadeh Juaçaba participa da iniciativa "Nosso Papel É Arte"
Natural de Fortaleza e também formado em Publicidade e Propaganda, Cadeh é artista "desde que se entende por gente" e avalia que sempre recebeu estímulos de sua família para seguir nessa trajetória. O ambiente em que cresceu, aliás, foi bem favorável para essa situação, pois nasceu de famílias diretamente ligadas à arte.
Ele chegou a frequentar, por exemplo, o ateliê de sua tia-avó paterna, a pintora e escultora Heloysa Juaçaba. Com o tempo, aprimorou ainda mais sua arte, com trabalhos com esculturas e também pinturas. Desenhos também fazem parte de sua vida - ele até já ganhou, quando tinha 8 anos, um concurso de desenho do O POVO.
A sua trajetória também é marcada pela realização de exposições, entre elas a mostra internacional "Eles não sabem as armas que têm", feita em Lisboa em 2019. Ele passou a explorar símbolos nacionais com o objetivo de debater sobre as relações de identificação e pertencimento, suprimindo evidências gráficas de brasões e bandeiras para estimular a abstração do público. Uma prévia, assim, de sua nova exposição.
Os "sintomas da polarização" são vistos na ilha de "Panóplia #1", que estampa a capa do O POVO e que se constitui em um "recorte" de um cenário recorrente nos dias atuais no Brasil. As bandeiras feitas de latão e que aparentam ser de pano flamulam para lados opostos; assim, a escultura carrega - "e explica" - os "sentimentos de polaridade" e de "ideias opostas".
As ramificações dos trabalhos desenvolvidos por Cadeh Juaçaba atingem atualmente também uma pesquisa sobre memória e identidade a partir de diferentes linguagens, como escultura, fotografia e pintura. O interesse pelo tema da memória remete novamente à influência de sua família, mas agora com seu pai: o artista comenta que seu progenitor tem "uma atração por um passado que nem viveu", colecionando objetos antigos e imergindo no sentimento da nostalgia.
Esses gostos por memórias de tempos não vividos acabaram sendo compartilhados com Cadeh, que passou a abordar principalmente a "construção imagética". Como referências, ele lembra do aspecto religioso e de seu interesse por "/imagens sacras", mesmo que isso não apareça de forma tão clara em seus trabalhos.
Quanto a artistas que servem de inspiração para Cadeh, existem muitos que se apresentam como referências, mas ele destaca o dinamarquês de ascendência vietnamita Danh Vo - "que trabalha a matéria de uma maneira sublime" - e o gosto pelos trabalhos do artista multimídia brasileiro Cildo Meireles e do artista estadunidense Robert Rauschenberg, que se destacou no pop art e no movimento expressionista abstrato. Além disso, ressalta a grande influência do cantor Caetano Veloso para sua composição como artista.
Para Cadeh, trabalhar com esculturas remete também a uma possibilidade também vista na fotografia: a de "congelar um momento". Na "respiração presa de um momento" em "Panóplia #1", o ar que não se solta é o dos sentimentos de paixão atrelados a bandeiras em diferentes segmentos.
"A bandeira é muito próxima da paixão do brasileiro. Ela está em times de futebol, em escolas de samba… A bandeira faz parte desse gesto veemente e apaixonado do brasileiro, mas eu acho que temos que colocar nossas paixões pessoais de lado e, em um processo de autocrítica, observar o que queremos para o nosso país", avalia o artista visual.
Nesse sentido surge a exposição "Panóplia Paradoxo". "Ela fala sobre esse sintoma atual e fala sobre um sequestro do símbolo da pátria", relata Cadeh. Em referência a construções arquitetônicas que apresentam bandeiras enfileiradas, a mostra aborda questões ligadas à "composição de bandeiras, mastros e lanças", reunindo características paradoxais e ambíguas associadas a esses elementos.
O destaque da obra de arte de Cadeh Juaçaba na capa do O POVO deste sábado coincide com a abertura de sua exposição. Acostumado a trabalhar com as nuances das memórias de "tempos que não viveu", o artista levará consigo os marcos deste fim de semana em suas lembranças, em recordações, desta vez, vindas de suas próprias experiências.
Natural de Fortaleza e também formado em Publicidade e Propaganda, Cadeh é artista "desde que se entende por gente" e avalia que sempre recebeu estímulos de sua família para seguir nessa trajetória. O ambiente em que cresceu, aliás, foi bem favorável para essa situação, pois nasceu de famílias diretamente ligadas à arte.
Ele chegou a frequentar, por exemplo, o ateliê de sua tia-avó paterna, a pintora e escultora Heloysa Juaçaba. Com o tempo, aprimorou ainda mais sua arte, com trabalhos com esculturas e também pinturas. Desenhos também fazem parte de sua vida - ele até já ganhou, quando tinha 8 anos, um concurso de desenho do O POVO.
A sua trajetória também é marcada pela realização de exposições, entre elas a mostra internacional "Eles não sabem as armas que têm", feita em Lisboa em 2019. Ele passou a explorar símbolos nacionais com o objetivo de debater sobre as relações de identificação e pertencimento, suprimindo evidências gráficas de brasões e bandeiras para estimular a abstração do público. Uma prévia, assim, de sua nova exposição.
Os "sintomas da polarização" são vistos na ilha de "Panóplia #1", que estampa a capa do O POVO e que se constitui em um "recorte" de um cenário recorrente nos dias atuais no Brasil. As bandeiras feitas de latão e que aparentam ser de pano flamulam para lados opostos; assim, a escultura carrega - "e explica" - os "sentimentos de polaridade" e de "ideias opostas".
As ramificações dos trabalhos desenvolvidos por Cadeh Juaçaba atingem atualmente também uma pesquisa sobre memória e identidade a partir de diferentes linguagens, como escultura, fotografia e pintura. O interesse pelo tema da memória remete novamente à influência de sua família, mas agora com seu pai: o artista comenta que seu progenitor tem "uma atração por um passado que nem viveu", colecionando objetos antigos e imergindo no sentimento da nostalgia.
Esses gostos por memórias de tempos não vividos acabaram sendo compartilhados com Cadeh, que passou a abordar principalmente a "construção imagética". Como referências, ele lembra do aspecto religioso e de seu interesse por "/imagens sacras", mesmo que isso não apareça de forma tão clara em seus trabalhos.
Quanto a artistas que servem de inspiração para Cadeh, existem muitos que se apresentam como referências, mas ele destaca o dinamarquês de ascendência vietnamita Danh Vo - "que trabalha a matéria de uma maneira sublime" - e o gosto pelos trabalhos do artista multimídia brasileiro Cildo Meireles e do artista estadunidense Robert Rauschenberg, que se destacou no pop art e no movimento expressionista abstrato. Além disso, ressalta a grande influência do cantor Caetano Veloso para sua composição como artista.
Para Cadeh, trabalhar com esculturas remete também a uma possibilidade também vista na fotografia: a de "congelar um momento". Na "respiração presa de um momento" em "Panóplia #1", o ar que não se solta é o dos sentimentos de paixão atrelados a bandeiras em diferentes segmentos.
"A bandeira é muito próxima da paixão do brasileiro. Ela está em times de futebol, em escolas de samba… A bandeira faz parte desse gesto veemente e apaixonado do brasileiro, mas eu acho que temos que colocar nossas paixões pessoais de lado e, em um processo de autocrítica, observar o que queremos para o nosso país", avalia o artista visual.
Nesse sentido surge a exposição "Panóplia Paradoxo". "Ela fala sobre esse sintoma atual e fala sobre um sequestro do símbolo da pátria", relata Cadeh. Em referência a construções arquitetônicas que apresentam bandeiras enfileiradas, a mostra aborda questões ligadas à "composição de bandeiras, mastros e lanças", reunindo características paradoxais e ambíguas associadas a esses elementos.
O destaque da obra de arte de Cadeh Juaçaba na capa do O POVO deste sábado coincide com a abertura de sua exposição. Acostumado a trabalhar com as nuances das memórias de "tempos que não viveu", o artista levará consigo os marcos deste fim de semana em suas lembranças, em recordações, desta vez, vindas de suas próprias experiências.
(Foto: Acervo Pessoal)Obra "Pane", de Cadeh Juaçaba
(Foto: Acervo Pessoal)A escultura "Panóplia #1" estampa a sobrecapa do O POVO no projeto "Nosso Papel É Arte"; obra carrega "sentimentos de polaridade" e de "ideias opostas".
(Foto: Acervo Pessoal)Trabalho "Veemente", do artista visual Cadeh Juaçaba
(Foto: Acervo Pessoal)Intitulada "Auto-retrato com pendão", escultura abre exposição "Panóplia Paradoxo"
(Foto: Acervo Pessoal)"Séquito", do artista Cadeh Juaçaba
O artista visual ressalta que a proposta do projeto "Nosso Papel É Arte" é bastante positiva e traz um espaço importante para a arte: "Eu acho muito positivo esse espaço do jornal para a arte. Neste momento em que as pessoas estão distantes da subjetividade, do fazer artístico e da produção contemporânea, é um gesto muito importante e nobre um veículo da potência do Jornal O POVO estampar sua capa com uma obra de arte".
Exposição "Panóplia Paradoxo", de Cadeh Juaçaba
Quando: a partir deste sábado, 10, até 11 de agosto, das 10 às 16 horas
Onde: Galeria Leonardo Leal (Rua Visconde de Mauá, 1515 - Aldeota)
Conheça a mostra “Nosso Papel É Arte”, disponibilizada no O POVO+. As obras de Cadeh Juaçaba, Raisa Christina, Renata Felinto, Alan Uchôa e Hélio Rôla estão presentes no espaço virtual.
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