Escreve a jornalista Marlyana Lima:
- Entrei no Diário em abril de 1991. Repórter de Cidades, a grande escola.
Lá se foram quase 29 anos. Cada um deles preenchidos de histórias, de fatos, de emoção, tristezas e alegrias.
Jornalista não é apenas profissão, é missão.
Jornalista entra na casa das pessoas, vai para as ruas, anda nos barracos debaixo das pontes e no mesmo dia frequenta o Palácio do governo. Vê o que a sociedade tenta esconder.
Muitas realidades que só as letras e a força das palavras são capazes de unir em relatos, denúncias, em registros de fatos que serão, depois, páginas da História.
E o destino é mesmo surpreendente.
Em 1995 recebi da minha chefe de reportagem, Izabel Pinheiro, a tarefa de escrever a matéria sobre o Jornalismo do Diário do Nordeste sendo publicado na Internet.
Foi o primeiro do Norte e Nordeste
Foram-se 26 anos.
2021... Entro na Redação atual para editar o último Diário do Nordeste na versão impressa.
Não foi fácil, por mais que a gente entenda que o mundo está mudando mais rápido do que conseguimos assimilar com clareza.
Theyse Viana, uma das melhores jornalistas da nova geração, pede para me entrevistar e mostra a página amarelada pelo tempo com minha assinatura.
Eu confesso, nessa hora, chorei como uma criança perdida.
Eu que anunciei o futuro, estava ali para encerrar o passado feito pelo trabalho de tantos gigantes do jornalismo cearense.
Chico Bilas é quem cito em nome de todos.
É tanta gratidão que não cabe em mim.
Por isso, eu choro sim.
Mas sei que há muitos novos jornalistas que vão abraçar a missão.
Informar, seguir na luta por quem não tem voz e por quem precisa saber o que acontece, de verdade, nessa sociedade tão desigual.
Eu torço por eles. Eu acredito neles.
Acredito no jornalismo.
Tanto que continuarei na Redação. Vou entregar minhas letras e aplicar as lições que aprendi com o mestre Ronaldo Salgado aos novos canais de comunicação.
Minha essência profissional não se vai nas últimas páginas impressas. Mas parte do meu coração, feito de papel e de tinta, parou de bater com o velho jornal.
E a frase que vou repetir e me define a partir de agora é essa:
A MEMÓRIA QUE FICA É A IMPRESSÃO DO DEVER CUMPRIDO.
E.
Coincidência, dizem alguns
Ciclo fechado, dizem outros.
Eu digo que isso é o jornalismo. Ele se confunde com minha vida, minha história.
E a redação sempre foi minha segunda família, sempre.
Fiz tantos amigos e irmãos de profissão que jamais poderia prever.
As amizades ficaram e vão ser para sempre.
As lições boas e ruins, também.
As memórias não se apagarão.
Digo sempre que...
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