Crônica de Nirez - Discoteca Dragão do Mar
- Quando cheguei na Rádio Dragão do Mar em 1968 com meu programa Arquivo de Cera, ela estava sob intervenção dos agentes do Golpe de 1964 e quem estava na direção era o general reformado Almir de Mesquita que a dirigia com mão forte.
Fui levado por Cid Carvalho (já foi crônica) que deixou a Uirapuru porque fizera um contrato com a Dragão do Mar e como levou consigo seu primo Carvalho Nogueira (já foi crônica), eu também fui na onda para suprir o Programa de Carvalho.
A emissora havia estado fora do ar desde o golpe de 1964 quando seus transmissores foram lacrados e funcionava em prédio na esquina da Avenida Antônio Sales com Avenida Estados Unidos, esta, depois, Senador Virgílio Távora e voltou ao ar após a intervenção e a chegada do interventor.
A direção a mim nunca afetou diretamente mas vi certa vez o general arrancar da cadeira o operador de som, um rapaz, pegando pela gola e pelo fundo das calças e jogá-lo no corredor porque ele havia mandado trocar uma tomada de corrente e ainda não havia sido trocada e a Rádio saíra do ar.
Felizmente eu não militava na emissora, produzia e gravava meu Programa em casa, como até hoje faço e levada as fitas de rolo trocando pelos anteriores a cada Programa. Não demorava na emissora nem uma hora.
A Discoteca da Dragão era fraca. Tinha cerca de 800 exemplares com discos da última fase dos 78 Rotação Por Minuto (RPM), quase todos da Década de 1960, mas tinha muitas Gravadoras novas que são interessantes por serem um pouco mais raras que as normais.
Tentei ter acesso aos discos, não para consegui-los para mim, mas apenas para anotar na minha Discografia que à época estava em elaboração, mas o general Mesquita não permitiu.
Tentei sensibilizá-lo através de uma locutora que tinha grande amizade a ele e ela era a favor até da sessão dos discos para mim, mas foi em vão.
Nunca consegui ter acesso aos discos da Rádio Dragão do Mar nem sei que fim teve".
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