A EllaLink anuncia a ancoragem em Fortaleza do Cabo que vai conectar o Brasil diretamente à Europa. Este é o primeiro Cabo de alta capacidade ligando os dois pontos, sem necessidade de dados passarem pelos Estados Unidos.
O Sistema de Cabos será instalado por dois navios distintos da Alcatel Submarine Networks. Um deles atuará em águas brasileiras, enquanto outros instalará o resto do sistema a partir de Sines, Portugal. Durante o trajeto, o cabo será colocado a quase 6 mil metros de profundidade.
As embarcações vão se encontrar no meio do Oceano Atlântico por volta de fevereiro, quando as pontas serão juntadas. A expectativa da empresa é ativar o cabo em maio de 2021.
PRAIA DO FUTURO - A ponta brasileira sai da Paria do Futuro, em Fortaleza. Ali, a EllaLink utiliza a landing station da Telxius, empresa de infraestrutura do grupo espanhol Telefónica (dono da Vivo no Brasil). Ao todo, o cabo terá 6 mil quilômetros de extensão, 72 Tbps de capacidade. A latência – o tempo levado para um dado ir e voltar de uma ponta a outra – será de 60 ms, metade do tempo estimado para as rotas que passam pelos Estados Unidos.
CLIENTES - Do planejamento à construção, o cabo deverá custar os equivalente R$ 1 bilhão. Ele será ativado já com uma carteira de clientes. Os principais são o Bella, projeto de interconexão acadêmica da Europa, parceiro do sistema RedClara, que liga instituições de pesquisa da América Latina. O grupo vai usar o cabo para transportar imagens do espaço sideral e da Terra feitas no âmbito do Projeto Copernicus.
Também são clientes âncora operadoras da Ilha da Madeira e do Cabo Verde. Além de chegar a Portugal, o cabo terá ramificações nestes locais e seguirá por via terrestre ainda para Lisboa (Portugal), Madrid (Espanha) e Marselha (França), onde fará a interconexão com data centers. No Brasil, vai utilizar a rede da Telxius para chegar aos data centers mais movimentados de São Paulo e Rio de Janeiro. Serão conectados data centers da Equinix e da Interxion.
DE DILMA A BOLSONARO - Embora tenha sido “anunciado” pelo governo brasileiro na semana passada, o cabo não tem qualquer participação do governo Bolsonaro nem de empresa estatal em seu lançamento. Trata-se de um projeto 100% privado, apesar de iniciado ainda em 2014 pelo governo Dilma Rousseff.
Naquela época, o plano previa a criação de uma joint venture entre a Telebras e a empresa espanhola Isla Link para construir um cabo que permitisse a troca de dados entre Brasil e Europa sem passagem pelos Estados Unidos. Edward Snowden havia denunciado a espionagem dos norte-americanos sobre autoridades e empresas brasileiras e europeias. E já se sabia que seria complicado para o governo obter recursos para financiar a obra.
No entanto, em 2018, no governo de Michel Temer, essa parceria foi rompida por parte da estatal brasileira, que retirou-se do negócio apontando falta de recursos. Ainda havia expectativa de se manter como cliente do cabo. A decisão que coube ao governo Bolsonaro foi justamente selar a confirmação de que a Telebras abdicava inclusive dos direitos irrevogáveis de uso da estrutura, em 2019, ao não reservar dinheiro para tanto no orçamento da União. Com isso, o cabo passou a ser 100% europeu.
Com informações da Tele.Síntese.
Em 2021 a Capital cearense terá o 15º cabo submarino de fibra óptica em operação. A ancoragem do cabo que liga o Brasil à Europa da empresa EllaLink foi concluída nesta segunda-feira (14), na Praia do Futuro, em Fortaleza. Ao todo, serão cerca de 6 mil quilômetros de cabos de alta capacidade que conectarão a capital cearense a Sines, em Portugal.
As atividades de instalação marítima a partir de Fortaleza vão se estender pelos próximos meses. Concluída essa etapa, a rede EllaLink entrará em operação no segundo trimestre de 2021. O sistema deve reduzir a latência e melhorar o desempenho das plataformas de telecomunicações.
Segundo o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, a chegada de mais um cabo submarino fortalece uma infraestrutura que está sendo montada no Ceará há alguns anos, altamente propícia para o desenvolvimento do Hub Tecnológico. Maia júnior lembrou ainda que o Ceará permanece como o 2º ponto de maior entrocamento de cabos e conexões no mundo.
“É uma nova economia que se fortalece com a chegada de mais esse cabo. Toda uma indústria, atrelada ao setor de telecomunicações, surge muito forte aqui. São mais de dez mil provedores oferecendo rede de dados no Ceará. E essa infraestrutura atrai os datacenters, que atraem as empresas desenvolvedores de software e ampliam a presença empresarial no Ceará numa área que a gente tem tudo pra se tornar o mais forte no Norte e Nordeste do Brasil”, afirmou o secretário da Sedet.
O presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa, confirma o fortalecimento do Ceará como hub de comunicação do Brasil com mundo. “Mais um importante investimento que aumentará a capacidade de comunicação de dados entre os continentes e torna o Ceará ainda mais relevante para as telecomunicações mundiais e como polo de atração de datacenters e grandes players de serviços de computação em nuvem”, destacou.
Hub Tecnológico - Com 14 cabos submarinos de fibra ótica em operação, Fortaleza se destaca como o segundo ponto de maior entrocamento de cabos de fibra óptica no mundo. Capazes de interligar o Brasil com a África, Europa, América do Norte, América Central e América do Sul, estima-se que até o fim de 2021, 18 cabos operantes estejam localizados na Capital cearense. As informações são do database especialista em mercado de telecomunicações, o Telegeography.
A localização geográfica contribui para Fortaleza ser considerada um importante polo de concentração de cabos. Alguns dos 14 cabos atuantes hoje já operam desde 2000. Eles ligam Fortaleza a Colômbia, Venezuela, Ilhas das Bermudas, Estados Unidos, Camarões, Portugal, Espanha, Senegal, Cabo Verde, Argentina, Guiana Francesa, entre outros.
No Brasil, a EllaLink conectou seus cabos de fibra óptica por Fortaleza pelo fato de a capital cearense ser um dos locais mais densos do mundo de ancoragem de cabos submarinos. Além disso, Fortaleza fica mais perto de Portugal do que da Flórida. “O sistema de cabos submarinos EllaLink consiste em uma rota direta entre Portugal e o Brasil que resulta em um Round Trip Delay (RTD) inferior a 60ms, menos que a metade do RTD dos sistemas que viajam entre os dois continentes via América do Norte”, diz Diego Matas, Diretor de Operações (COO) da EllaLink. “A capacidade total do cabo é de 72 Tbit/s e foi projetado para funcionar por 25 anos”, acrescenta.
A operação iniciada com ancoragem dos cabos envolve logística e engenharia complexas. O sistema de cabos será instalado por dois navios distintos da Alcatel Submarine Networks, sendo que o Ile de Brehat atuará em águas brasileiras, enquanto o Ile de Sein instalará o resto do sistema a partir de Sines. Durante o trajeto, o cabo será colocado a quase 6.000 m de profundidade.
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