Morreu nesta sexta-feira (3), aos 76 anos, em São Paulo, a professora do Departamento de Comunicação e Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Baccega (foto ECA-USP).
Em nota pelo email dos pesquisadores de Comunicação, os professores da ECA lamentaram a morte de Maria Beccega:
Em nota pelo email dos pesquisadores de Comunicação, os professores da ECA lamentaram a morte de Maria Beccega:
"A professora Maria Aparecida Beccega realizou em nosso departamento tantas atividades de docência, pesquisa e extensão que seria muito difícil indicá-las no espaço deste email. Mas gostaríamos de enfatizar sua atuação como chefe do departamento que soube enfrentar adversidades com coragem e determinação.
Na pesquisa, destacamos sua importante contribuição para os estudos do discurso e seu pioneiro e seminal trabalho sobre a telenovela brasileira no Centro de Estudos da Telenovela (CETVN) onde, coordenando projetos e trabalhando com colegas do Departamento e da Eca, contribuiu enormemente para os estudos em torno da produção de sentidos e da recepção de ficção televisiva.
Impossível não mencionar ainda sua incansável atuação, ao lado de colegas do Departamento, em todas as instâncias da Universidade para o reconhecimento da necessidade de se criar um curso dedicado ao estudo da interface Comunicação e Educação. Fato que ocorreu com a inauguração da Licenciatura em Educomunicação em 2011.
Gostaríamos ainda de lembrar, como fez Roseli em sua mensagem, a ampla atuação da professora Baccega na docência em todos os níveis (Ensino Básico, Formação de Alfabetizadores, Ensino Superior e Pós-Graduação).
Como dissemos anteriormente, não será possível enumerar todos as atividades da professora Baccega nesta mensagem, mas gostaríamos de externar toda nossa gratidão pelos aprendizados e pela indicação de caminhos para Pesquisa, Docência e Extensão e, sobretudo, para o campo de lutas em prol da Educação e da Comunicação em nosso País.
Muito obrigada, querida professora Baccega".
Impossível não mencionar ainda sua incansável atuação, ao lado de colegas do Departamento, em todas as instâncias da Universidade para o reconhecimento da necessidade de se criar um curso dedicado ao estudo da interface Comunicação e Educação. Fato que ocorreu com a inauguração da Licenciatura em Educomunicação em 2011.
Gostaríamos ainda de lembrar, como fez Roseli em sua mensagem, a ampla atuação da professora Baccega na docência em todos os níveis (Ensino Básico, Formação de Alfabetizadores, Ensino Superior e Pós-Graduação).
Como dissemos anteriormente, não será possível enumerar todos as atividades da professora Baccega nesta mensagem, mas gostaríamos de externar toda nossa gratidão pelos aprendizados e pela indicação de caminhos para Pesquisa, Docência e Extensão e, sobretudo, para o campo de lutas em prol da Educação e da Comunicação em nosso País.
Muito obrigada, querida professora Baccega".
FIGARO - Em nota de pesar a professora Roseli Figaro destaca a obra da professora doutora Baccega:
"E com muito pesar que informo a morte da professora doutora Maria Aparecida Baccega, hoje (ontem) em São Paulo. Ela foi uma personalidade inconfundível que dedicou sua vida à formação de novas gerações, desde a Alfabetização em escolas rurais à Universidade de São Paulo (USP), na Escola de Comunicações e Artes, onde se aposentou. Os últimos quinze anos foram dedicados a Pós-Graduação em Comunicação, Mídia e Consumo na Escola Superior de Propaganda e Marketing-ESPM-SP. Na ECA-USP, foi fundadora da revista Comunicação & Educação e lançou as bases para que o Departamento de Comunicações e Artes desenvolvesse seu projeto de ensino na interconexão Comunicação e Educação.
Deixa-nos um legado de lutas pela democratização da sociedade brasileira, pela Emancipação Social, Alegria e Felicidade.
Vá minha amiga e Mestra, vá em Paz se juntar ao movimento da matéria, suas ideias ficam para ajudar a forjar nosso caminho. Roseli Figaro - ECA-USP/CPCT".
BIOGRAFIA - Maria Aparecida Baccega nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 14 de abril de 1943. Formada pela Universidade de São Paulo (USP), doutora em Letras e livre-docente em Ciências da Comunicação, fundadora da Revista Educação e Comunicação e do núcleo de pesquisas de telenovelas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Apaixonada pela Língua Portuguesa e uma grande estudiosa do tema, principalmente voltado para a área de Comunicação. Ultimamente era professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas do Consumo pela ESPM.
Maria Aparecida Baccega fez sua primeira Graduação entre 1961 e 1965 com o curso de Ciências Jurídicas e Sociais, na Faculdade de Direito Laudo Camargo. Entre 1972 e 1975 se graduou em Letras pela Universidade São Paulo, onde também fez sua Especialização, Mestrado e Doutorado.
Sua Especialização foi em Licenciatura em Letras em Português e o título do seu trabalho final foi 'O Ensino de Português na Educação Formal'; ela cursou a Especialização entre 1974 e 1976. Seu Mestrado foi em Linguística, o trabalho final levou o título de 'Redações de Vestibulandos: Valores Inculcados e Desempenho Lingüístico'; ela cursou o Mestrado entre os anos de 1977 e 1981 e sua orientadora foi Maria Aparecida Barbosa. Seu doutorado foi em Letras, mais especificamente em Estudo complementar de Literatura da Língua Portuguesa e o título da sua obra de doutorado foi 'Mayombe: Ficção e História (Uma Leitura em Movimento)”; ela cursou o Doutorado entre os anos de 1982 e 1986 e seu orientador foi Benjamin Abdala Júnior.
Sua livre docência foi em 1991, também pela Universidade de São Paulo, e o tema foi 'Comunicação, Ficção e História: a Literatura Angolana'.
Maria Aparecida Baccega foi, desde 2003, pesquisadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); ultimamente era coordenadora honorária e pesquisadora do Centro de Pesquisa de Telenovela, do qual ajudou a fundar e estruturar, e do Centro de Pesquisa Comunicação e Trabalho, na USP, e do Núcleo de Pesquisa Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM, além do Observatório Iberoamericano de ficção televisiva (OBITEL), do qual participam países da América Latina, Europa Ibérica e Itália. Em 2003, aposentou-se, por motivos de saúde orientação médica, como docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde era professora, pesquisadora e ministrava graduação e pós-graduação stricto e lato sensu. Em 1993, fundou a Revista Comunicação e Educação da ECA-USP pela editora Moderna, a revista que teve sua versão impressa até 2014. Atualmente, a revista pode ser encontrada apenas na versão online no site da Universidade. Trabalhou de 1962 a 1976 no SESI (Serviço Social da Indústria) em Osasco, onde ocupou os cargos de professora de português, coordenadora efetiva e diretora, respectivamente. Trabalhou como professora de Graduação e Pós-Graduação em Linguagem Verbal nos Meios de Comunicação na Universidade de Guarulhos em 1988. Ministrou aulas de Língua Portuguesa e foi chefe de departamento na Faculdade Íbero Americana de 1976 a 1982.
VIDA E TRAJETÓRIA - Maria Aparecida Baccega nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo em 14 de abril de 1943, e sempre apresentou gostou de ler e escrever e sempre apresentou uma paixão pela língua portuguesa, tanto que quando ainda estava na quarta série do ginásio foi convidada pela sua professora de português a ministrar uma aula que estava vaga na primeira série do ginásio, começando assim a sua carreira de professora de português aos 13 para 14 anos. Em outubro de 1963 a março de 1964, trabalhou com Paulo Freire em Brasília em uma grande equipe onde ajudava a organizar os ciclos de cultura. A autora disse em entrevista para a revista Entremeios “Eu era uma das pessoas que trabalhavam com Paulo Freire e aprendi muito, foi uma experiência maravilhosa, e ele mostrava nas palestras para formar os coordenadores dos círculos de cultura, esta relação do homem com o mundo, da temporalidade, da criticidade, a possibilidade de dar muitas respostas, como ele colocava em seus livros.” (BACCEGA, 2014)
A professora,que foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrou na USP pela primeira vez pelo vestibular de 1968, em Letras, mas foi obrigada a interromper a Graduação por causa da Ditadura Militar.
“Vem o AI-5. Famigerado 13 de dezembro [de 1968]. Começam as prisões. Fomos os primeiros. Eu, saio logo. Meu companheiro fica. Vai amargar dois anos e meio de cadeia, entremeado a torturas. Os irmãos desaparecem. A repressão encurrala a todos. Qualquer resistência está proibida. Deixou frutos? Muitos morreram. A maioria é barbaramente torturada […]. É a hora do desespero. O preço por querer que o mundo seja de todos é muito alto. Mas a minha geração não foi covarde. Perdeu a batalha” (BACCEGA, 1996, p. 20).
Baccega retornou a USP em 1973 para dar continuação à sua graduação. Quando tentou ser professora na universidade se viu impedida pela Secretaria de Segurança da Usp porque era considerada presa política, depois de um tempo fez concurso interno para entrar como docente na Escola de Comunicações e Artes da Usp, e foi a partir daí que começou a seguir os caminhos da comunicação em sua vida acadêmica. Em 1993 ajudou a fundar a revista Comunicação e Educação, que começou como uma revista impressa pela editora moderna, mas que hoje conta apenas com exemplares publicados online, na época em que idealizou a Revista, Baccega tinha em mente duas revistas, uma voltada para a graduação e outra voltada para a pós-graduação, mas quando foi apresentá-las à editora moderna a segunda revista foi negada, mas a primeira foi bem aceita pois a Baccega se comprometeu a escrever uma revista que pudesse ser compreendida pela rede sem que deixasse a seriedade acadêmica de lado, todos os termos técnicos presentes na revistas são explicados no rodapé das páginas.
Ela participou de um projeto chamado Rádio na Escola, que era coordenado pelo Ismar de Oliveira Soares, onde os professores de seu departamento iam até as escolas das periferias e conversavam com os pais e professores das escolas públicas sobre comunicação sobre esse projeto Baccega disse: “eu aprendi muito, e encontrei professores maravilhosos esperando ajuda, com vontade de aprender. Aliás, esperando não, eles não ficam lá esperando. Eles estão se mexendo.” em uma entrevista que concedeu à Aline de Azevedo da Universidade Estadual de Campinas.
VISÃO DE COMUNICAÇÃO - “A Comunicação é um dos pilares, não, é o mais importante pilar da sociedade. Os homens só avançaram porque se comunicaram, levando-se em consideração que a comunicação supõe dois sujeitos sempre” (BACCEGA, 2017)
Segundo Baccega, a Comunicação é o mais importante pilar da sociedade, ela atribui também à comunicação o avanço que o homem obteve através do tempo, levando em consideração que a comunicação compõe sempre dois sujeitos. A autora sustenta que a comunicação é fundamental, sempre ressaltando a influência do contexto social com a linguagem aplicada nas situações.
VINCULAÇÕES TEÓRICAS
Maria Aparecida Baccega fez sua primeira Graduação entre 1961 e 1965 com o curso de Ciências Jurídicas e Sociais, na Faculdade de Direito Laudo Camargo. Entre 1972 e 1975 se graduou em Letras pela Universidade São Paulo, onde também fez sua Especialização, Mestrado e Doutorado.
Sua Especialização foi em Licenciatura em Letras em Português e o título do seu trabalho final foi 'O Ensino de Português na Educação Formal'; ela cursou a Especialização entre 1974 e 1976. Seu Mestrado foi em Linguística, o trabalho final levou o título de 'Redações de Vestibulandos: Valores Inculcados e Desempenho Lingüístico'; ela cursou o Mestrado entre os anos de 1977 e 1981 e sua orientadora foi Maria Aparecida Barbosa. Seu doutorado foi em Letras, mais especificamente em Estudo complementar de Literatura da Língua Portuguesa e o título da sua obra de doutorado foi 'Mayombe: Ficção e História (Uma Leitura em Movimento)”; ela cursou o Doutorado entre os anos de 1982 e 1986 e seu orientador foi Benjamin Abdala Júnior.
Sua livre docência foi em 1991, também pela Universidade de São Paulo, e o tema foi 'Comunicação, Ficção e História: a Literatura Angolana'.
Maria Aparecida Baccega foi, desde 2003, pesquisadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); ultimamente era coordenadora honorária e pesquisadora do Centro de Pesquisa de Telenovela, do qual ajudou a fundar e estruturar, e do Centro de Pesquisa Comunicação e Trabalho, na USP, e do Núcleo de Pesquisa Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM, além do Observatório Iberoamericano de ficção televisiva (OBITEL), do qual participam países da América Latina, Europa Ibérica e Itália. Em 2003, aposentou-se, por motivos de saúde orientação médica, como docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde era professora, pesquisadora e ministrava graduação e pós-graduação stricto e lato sensu. Em 1993, fundou a Revista Comunicação e Educação da ECA-USP pela editora Moderna, a revista que teve sua versão impressa até 2014. Atualmente, a revista pode ser encontrada apenas na versão online no site da Universidade. Trabalhou de 1962 a 1976 no SESI (Serviço Social da Indústria) em Osasco, onde ocupou os cargos de professora de português, coordenadora efetiva e diretora, respectivamente. Trabalhou como professora de Graduação e Pós-Graduação em Linguagem Verbal nos Meios de Comunicação na Universidade de Guarulhos em 1988. Ministrou aulas de Língua Portuguesa e foi chefe de departamento na Faculdade Íbero Americana de 1976 a 1982.
VIDA E TRAJETÓRIA - Maria Aparecida Baccega nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo em 14 de abril de 1943, e sempre apresentou gostou de ler e escrever e sempre apresentou uma paixão pela língua portuguesa, tanto que quando ainda estava na quarta série do ginásio foi convidada pela sua professora de português a ministrar uma aula que estava vaga na primeira série do ginásio, começando assim a sua carreira de professora de português aos 13 para 14 anos. Em outubro de 1963 a março de 1964, trabalhou com Paulo Freire em Brasília em uma grande equipe onde ajudava a organizar os ciclos de cultura. A autora disse em entrevista para a revista Entremeios “Eu era uma das pessoas que trabalhavam com Paulo Freire e aprendi muito, foi uma experiência maravilhosa, e ele mostrava nas palestras para formar os coordenadores dos círculos de cultura, esta relação do homem com o mundo, da temporalidade, da criticidade, a possibilidade de dar muitas respostas, como ele colocava em seus livros.” (BACCEGA, 2014)
A professora,que foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrou na USP pela primeira vez pelo vestibular de 1968, em Letras, mas foi obrigada a interromper a Graduação por causa da Ditadura Militar.
“Vem o AI-5. Famigerado 13 de dezembro [de 1968]. Começam as prisões. Fomos os primeiros. Eu, saio logo. Meu companheiro fica. Vai amargar dois anos e meio de cadeia, entremeado a torturas. Os irmãos desaparecem. A repressão encurrala a todos. Qualquer resistência está proibida. Deixou frutos? Muitos morreram. A maioria é barbaramente torturada […]. É a hora do desespero. O preço por querer que o mundo seja de todos é muito alto. Mas a minha geração não foi covarde. Perdeu a batalha” (BACCEGA, 1996, p. 20).
Baccega retornou a USP em 1973 para dar continuação à sua graduação. Quando tentou ser professora na universidade se viu impedida pela Secretaria de Segurança da Usp porque era considerada presa política, depois de um tempo fez concurso interno para entrar como docente na Escola de Comunicações e Artes da Usp, e foi a partir daí que começou a seguir os caminhos da comunicação em sua vida acadêmica. Em 1993 ajudou a fundar a revista Comunicação e Educação, que começou como uma revista impressa pela editora moderna, mas que hoje conta apenas com exemplares publicados online, na época em que idealizou a Revista, Baccega tinha em mente duas revistas, uma voltada para a graduação e outra voltada para a pós-graduação, mas quando foi apresentá-las à editora moderna a segunda revista foi negada, mas a primeira foi bem aceita pois a Baccega se comprometeu a escrever uma revista que pudesse ser compreendida pela rede sem que deixasse a seriedade acadêmica de lado, todos os termos técnicos presentes na revistas são explicados no rodapé das páginas.
Ela participou de um projeto chamado Rádio na Escola, que era coordenado pelo Ismar de Oliveira Soares, onde os professores de seu departamento iam até as escolas das periferias e conversavam com os pais e professores das escolas públicas sobre comunicação sobre esse projeto Baccega disse: “eu aprendi muito, e encontrei professores maravilhosos esperando ajuda, com vontade de aprender. Aliás, esperando não, eles não ficam lá esperando. Eles estão se mexendo.” em uma entrevista que concedeu à Aline de Azevedo da Universidade Estadual de Campinas.
VISÃO DE COMUNICAÇÃO - “A Comunicação é um dos pilares, não, é o mais importante pilar da sociedade. Os homens só avançaram porque se comunicaram, levando-se em consideração que a comunicação supõe dois sujeitos sempre” (BACCEGA, 2017)
Segundo Baccega, a Comunicação é o mais importante pilar da sociedade, ela atribui também à comunicação o avanço que o homem obteve através do tempo, levando em consideração que a comunicação compõe sempre dois sujeitos. A autora sustenta que a comunicação é fundamental, sempre ressaltando a influência do contexto social com a linguagem aplicada nas situações.
VINCULAÇÕES TEÓRICAS
- Bakhtin - Em entrevista dada à revista “Entremeios: revista de estudos do discurso”, a professora Baccega afirmou: Olha, eu vou dizer uma coisa para você, ninguém conhecia o Bakhtin na Comunicação. Ninguém. Eu cheguei com o Bakhtin em Comunicação, com o “Marxismo e filosofia da linguagem”, os outros não” (BACCEGA, 2014). Com essa constatação da autora, é notável o embasamento que ela possuía em Bakhtin, uma vez que foi uma das primeiras a trabalhar o autor no campo de comunicação na USP. Para Bakhtin (1999), as relações entre linguagem e sociedade são inseparáveis; As diversas esferas sociais do comportamento humano dialogam entre si e produzem os denominados gêneros discursivos (BAKHTIN apud SALETE, 2004) e essa relação entre o meio e a linguagem aparece fortemente nas obras da autora.
- Paulo Freire - O autor Paulo Freire é muito conhecido por seus conceitos de Palavramundo, de como a realidade que vivemos modifica e molda a nossa linguagem e consequentemente nossa leitura do mundo (FREIRE, 2003). A professora Baccega possui vínculos teóricos com Paulo Freire nessa área da linguística, implementando a questão da inter relação do meio com a linguagem. Na mesma entrevista que foi citada anteriormente, a Professora afirmou “nossa relação com o mundo só se concretiza efetivamente na linguagem […], isso eu vi com o Paulo Freire, tive a oportunidade de ver concretamente” (BACCEGA, 2014), o que confirma também o forte vínculo com o autor Paulo Freire em seus artigos teóricos.
- Dino Preti - De acordo com Dino Preti (1974) a língua é um elemento de interação entre a sociedade e os membros dela. É por meio da linguagem que a realidade se transforma em signos, pela associação do que se é conhecido visualmente, com os significantes etc, com os quais se processa a Comunicação. Baccega possui vinculação teórica com Dino Preti nessa questão da “intertextualidade”entre meio e linguagem. Vale ressaltar que ele foi professor da autora.
- Eni Orlandi - Foi professora de Baccega na Universidade de São Paulo e sua maior vinculação com Baccega é na parte de análise do discurso. Em entrevista ela afirma: Aquele livro da Eni que chegou muito tarde para mim, o “Princípios e procedimentos”, esse livrinho é uma joia […] (BACCEGA, 2014), se referindo à Eni Orlandi.
- Peso ideológico das palavras - Conceito da autora que traduz que cada palavra carrega consigo um significado, uma ideologia por trás. De acordo com Baccega (1996) a linguagem, ou seja, as palavras são uma arma da classe dominante, portanto, carregam o peso e a ideologia da classe em questão.
- Comunicação/Educação - A autora utiliza em seus livros e artigos sempre o conceito de Comunicação/educação, sempre colocando o termo de comunicação a frente da educação pois segundo ela mesma: Em Educomunicação você tem a Educação antes da Comunicação, quando na verdade a proposta é exatamente ao contrário, é Comunicação/Educação, ou seja, você lê a Educação a partir da Comunicação. Não o contrário. Não é ler a Comunicação a partir da Educação, não é isso que interessa. Isso é o que já vem sendo feito (BACCEGA, 2014). Para Baccega a linguagem é um meio de adentrar em todos os lugares do conhecimento. É importante considerar o permanente diálogo entre as partes para tentar dar conta da totalidade. Não pense que fazendo isso eu chego ao todo, porque não há como apreender uma totalidade acabada, mas é uma forma de não ser reducionista. É preciso compreender a realidade que está aí e, desta realidade, procurar construir uma nova realidade, de acordo com os nossos objetivos (BACCEGA, 2014). O campo da comunicação é constituído de vários saberes, ele se nutre de vários saberes, mas isso acontece “antropofagicamente”. Quer dizer, ele devora esses saberes e os transforma de acordo com suas próprias especificidades e necessidades. A mídia, para a professora, nos vende a realidade metonímica, ou seja, ela vende a parte como um todo, fazendo com que as pessoas se sintam absolutamente conhecedores da realidade. E as tecnologias servem para ampliar a comunicação se valendo fundamentalmente da linguagem, em códigos verbais e não verbais, ajudando as pessoas a amplificar conhecimentos.
- Estudos de Comunicação e análise do discurso: teoria e prática. São Paulo: Intermeios, 2015
- Por uma teoria de fãs da ficção televisiva brasileira. Porto Alegre: Sulina, 2015. Livro elaborado em parceria com RIBEIRO, A. P. G. (Org.) ; MASSAROLO, J. C. (Org.); BACCEGA, M. A. (Org.); SOUZA, M. C. J. (Org.); FARIA, M. C. B. (Org.); MUNGIOLI, M. C. P. (Org.); JACKS, Nilda (Org.); PUCCI JR., R. L. (Org.); RONSINI, Veneza V. Mayora (Org.); FECHINE, Y. (Org.)
- Dicionário de comunicação: escolas, teorias e autores (verbete Comunicação e Consumo) p.53-65. São Paulo: Editora Contexto, 2014. v. 1. 8p.
- Telenovela nas relações comunicação e consumo: diálogos Brasil e Portugal. São Paulo: Paco Editorial, 2013. Elaborado em parceria com TONDATO, Márcia; BACCEGA, M. A.
- Consumindo e vivendo a vida: telenovela e consumo e seus discursos. São Paulo: Intermeios, 2012. Parceria com OROFINO, M.I.
- Comunicación y culturas del consumo. Espanha: Comunicación Sociales, Saracozza, 2012.
- Gestão da Comunicação: Epistemologia e pesquisa teórica. São Paulo: Paulinas, 2009. Parceria com COSTA, M.C.
- Comunicação e consumo nas culturas locais e global. São Paulo: ESPM, 2009. Parceria com CASTRO, G.S.
- Comunicação e Culturas do Consumo. São Paulo: Atlas, 2008
- Palavra e discurso: história e literatura. 2. ed. São Paulo: Ática, 2007.
- Televisão e Escola: uma mediação possível?. 1. ed. São Paulo – SP: SENAC São Paulo, 2003
- Palavra e Discurso História e Literatura.. 2ª. ed. São Paulo: Princípios, 2003.
- Gestão de Processos Comunicacionais. São Paulo: Editora Atlas, 2002.
- Comunicação e Cultura: novo profissional. São Paulo: CCA-ECA/USP, 2000.
- Comunicação e Linguagem: discursos e ciência. São Paulo: Editora Moderna, 1998.
- Palavra e Discurso: História e Literatura. São Paulo: Editora Ática, 1995.
- Palavra e Discurso História e Literatura. 1ª. ed. São Paulo: Editora Ática, 1995.
- Cadernos de Gestão. São Paulo: CCA-ECA/USP, 1994.
- Comunicação e Cultura: um novo profissional. São Paulo: CCA-ECA/USP.
- Artigo & Crase. São Paulo: Editora Ática, 1989.
- Historia Y Ficción: Lenguaje Verbal y Medios de Comunicacion. HAVANA: EICTV, 1988.
- Concordância Verbal. São Paulo: Editora Ática, 1986. 64p.
- José Cândido de Carvalho – Textos selecionados, estudo histórico-literário, biografia e atividades de compreensão e criação.. São Paulo: Abril-Educação, Série Literatura Comentada, 1983.
- Maria Aparecida Baccega: um percurso teórico e político. Entremeios – Revista Eletrônica de Comunicação Social, v. 08, p. 1-14, 2014. AZEVEDO, Aline Fernandes de ; BACCEGA, M. A. .
- Comunicação/educação: apontamentos para discussão Vol. Comunicação, Mídia e Consumo (São Paulo. Impresso), v. 1, 2004.
- Comunicação e cultura: a construção de significados. Comunicacao e Educacao (USP), 2005.
- Comunicação, interação e tecnologia: interação. Comunicacao e Educacao (USP), 2005.
- Discurso da comunicação: encontro de ficção e realidade. Comunicacao e Educacao (USP), v. 12, p. 23-34, 2007.
- Prêmio Luiz Beltrão em Ciências da Comunicação (1999) – Categoria Grupo Inovador
- O Prêmio Luiz Beltrão de Ciências de Comunicação é uma forma de reconhecimento a quem produz trabalhos relevantes na área de comunicação. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorre anualmente, durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
- Prêmio Mariazinha Fusari de Educomunicação, NACE-NCE Núcleo de Comunicação Educação (2010). O Prêmio Mariazinha Fusari é um prêmio criado para reconhecer iniciativas no campo da educomunicação, é o primeiro nessa área. Seu nome é em homenagem à Prof. Dra. Maria Felismina de Rezende Fusari, da Faculdade de Educação da USP e co-fundadora do Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicação e Artes da USP.
- Prêmio Luiz Beltrão em Ciências da Comunicação (2013) – Categoria Maturidade Acadêmica
- O Prêmio Luiz Beltrão de Ciências de Comunicação é uma forma de reconhecimento a quem produz trabalhos relevantes na área de comunicação. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorre anualmente, durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
- Prêmio Comunicon de Pesquisa em Comunicação e Consumo, PPGCOM ESPM (2013) (Congresso Internacional em Comunicação e Consumo)
- Jubileu de Prata, Intercom: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (2015)
- AZEVEDO, ALINE FERNANDES DE ; BACCEGA, M. A. . Maria Aparecida Baccega: um percurso teórico e político. Entremeios – Revista Eletrônica de Comunicação Social, v. 08, p. 1-14, 2014.
- BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação e Linguagem: discursos e ciência. São Paulo: Moderna, 1998
- BAKHTIN, M. M. O problema dos gêneros discursivos. In: Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra . São Paulo: Martins Fontes, 2003.
- EDUCAÇÃO, Comunicação e. Revista do Departamento de Comunicação e Artes da ECA-USP. Disponível em:
- FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2003.
- INTERCOM, Portal. Prêmio Luiz Beltrão. Disponível em:
- LATTES, Maria Aparecida Baccega – Currículo. Disponível em:
- PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis de fala (um estudo sociolingüístico do diálogo na Literatura Brasileira). 8ed. São Paulo: Edusp, 1997. p. 11 a 71.
- SALETE, Maria. Gênero(s) Resumo na Perspectiva Bakhtiniana. Disponível em:
- VIRAÇÃO. Prêmio Mariazinha Fusari. Disponível em:
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