O baiano João Gilberto (foto), ícone da bossa nova, morreu neste sábado (6) à tarde, no Rio de Janeiro, aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada. João Gilberto deixa três filhos (João Marcelo, Bebel e Luisa).
Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música brasileira e na música mundial.
Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto foi o artista que levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos maiores influentes do jazz americano no Século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.
Filho de Joviniano Domingos de Oliveira, um próspero comerciante, e Martinha do Prado Pereira de Oliveira, João, conhecido na época como Joãozinho da Patu, nasceu em Juazeiro, sertão da Bahia, nas margens do Rio São Francisco. Lá, viveu até 1942, quando passou a estudar em Aracaju (SE), sempre tocando na banda escolar.
"Em 1958 ouvi João Gilberto cantando num disco de cera...CHEGA DE SAUDADE...agora há pouco o João subiu...e a saudade transbordou nas lágrimas", lamenta o médico Mariano de Freitas.
BAIANO - João Gilberto Pereira de Oliveira nasceu em dez de junho de 1931, em Juazeiro (BA). Foi cantor, violonista e compositor. Tido como o pioneiro criador da Bossa Nova. Foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos, atrás somente de Tom Jobim.
Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música brasileira e na música mundial.
Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto foi o artista que levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos maiores influentes do jazz americano no Século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.
Filho de Joviniano Domingos de Oliveira, um próspero comerciante, e Martinha do Prado Pereira de Oliveira, João, conhecido na época como Joãozinho da Patu, nasceu em Juazeiro, sertão da Bahia, nas margens do Rio São Francisco. Lá, viveu até 1942, quando passou a estudar em Aracaju (SE), sempre tocando na banda escolar.
Em 1946, voltou a Juazeiro, onde teve a oportunidade de escutar de Orlando Silva, Dorival Caymmi e Carmen Miranda a até Duke Ellington, Tommy Dorsey e Charles Trenet nos alto-falantes da cidade. Teve também contato com música em casa, já que seu Joviniano tocava cavaquinho e saxofone como amador, além de incentivar financeiramente a Banda de Música 22 de Março. Nessa época, João costumava formar conjuntos vocais com os colegas de escola.
Aos sete anos, percebeu um erro na execução da organista da igreja em meio às dezenas de vozes do coro, mostrando, desde a infância, o ouvido privilegiado que possuía. Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão do pai. Ainda em Juazeiro, formou um conjunto vocal chamado Enamorados do Ritmo. Seu maior ídolo na época era Orlando Silva, em quem se espelhava para cantar.
Convidado para integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, em 1950, João Gilberto parte para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o destaque na rádio, os Garotos da Lua gravaram dois discos de 78 rpm. Entretanto, com um início de carreira turbulento, marcado por atrasos, João acabou despedido do grupo.
Aos sete anos, percebeu um erro na execução da organista da igreja em meio às dezenas de vozes do coro, mostrando, desde a infância, o ouvido privilegiado que possuía. Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão do pai. Ainda em Juazeiro, formou um conjunto vocal chamado Enamorados do Ritmo. Seu maior ídolo na época era Orlando Silva, em quem se espelhava para cantar.
Mudou-se para Salvador em 1947. Durante os três anos vividos na capital baiana, abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente à música e iniciou, aos 18 anos, sua carreira artística no cast da Rádio Sociedade da Bahia.
Convidado para integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, em 1950, João Gilberto parte para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o destaque na rádio, os Garotos da Lua gravaram dois discos de 78 rpm. Entretanto, com um início de carreira turbulento, marcado por atrasos, João acabou despedido do grupo.
Pouco depois, em 1952, teve oportunidade de gravar um disco solo para a gravadora Copacabana, marcado pela semelhança do canto de João com o de Orlando Silva em seu auge, com vozeirão e uso de artifícios técnicos como vibratos, a mesma divisão de palavras e o mesmo “sentimento”. Curiosamente, João canta sem violão, que viria a se tornar tão ligado a imagem de João no futuro. O disco, no entanto, não alcançou nenhum sucesso, Orlando era antiquado e moderno era Dick Farney e Lúcio Alves.
Na época, João namorava a futura cantora Sylvia Telles. Nesta época dividia o quarto da pensão com Luiz Carlos Paraná.
Oportunidades surgiram e Lúcio Alves sugeriu a Rádio Nacional que João gravasse um acetato contendo "Just one more chance", de Sam Coslow e Arthur Johnson em versão de Haroldo Barbosa chamada "Um minuto só".
Em 1953, teve sua primeira composição gravada, "Você esteve com meu bem", parceria com Russo do Pandeiro, na voz de Marisa Gata Mansa, sua namorada à época. A gravação contou com acompanhamento de João ao violão, ainda sem a famosa batida da bossa nova.
Durante esses anos, João Gilberto chegou a gravar alguns jingles no estúdio de Russo do Pandeiro, como um para a Toddy, de letra "Eu era um garoto magricelo/ Muito feio e amarelo.// Toddy todo dia ele tomou/ Engordou e melhorou/ Forte ficou.// As garotas agora me chamam bonitão/ No esporte eu sou campeão". Tocava também em festas da sociedade, com cachês irrisórios.
Em 1954, João conheceu Carlos Machado, o Rei da Noite, e com ele consegue participar do show "Esta vida é um carnaval", na boate Casablanca, com participação de Grande Otelo, Ataulfo Alves, a bateria da Império Serrano, entre outros artistas. João cantava em coro em uma cena e em outra cantava como solista um samba de Sinhô, "Recordar é viver", além de fazer pequenas aparições teatrais. O espetáculo foi um sucesso de crítica e público. Nesse mesmo ano, se juntara ao conjunto Quitandinha Serenaders. No grupo, conheceu Luiz Bonfá, Alberto Ruschel e Luís Telles, que se tornou um grande amigo de João. Chegou a integrar o conjunto Anjos do Inferno, em uma curta temporada paulista.
A consagração, no entanto, não viria a João ainda nestes anos.
Em 1955, João dirige-se a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com seu amigo Luís Telles. Lá, conheceu Armando Albuquerque, compositor, pianista, violinista, professor, musicólogo e amigo de Radamés Gnatalli, com quem passou horas estudando música, principalmente harmonia. Depois de oito meses, João decide se dirigir a Diamantina, Minas Gerais, para viver com a irmã Dadainha, recém casada e com uma filha recém nascida. Durante os estudos, João percebeu que, se cantasse mais baixo, sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo.
Na época, João namorava a futura cantora Sylvia Telles. Nesta época dividia o quarto da pensão com Luiz Carlos Paraná.
Oportunidades surgiram e Lúcio Alves sugeriu a Rádio Nacional que João gravasse um acetato contendo "Just one more chance", de Sam Coslow e Arthur Johnson em versão de Haroldo Barbosa chamada "Um minuto só".
Em 1953, teve sua primeira composição gravada, "Você esteve com meu bem", parceria com Russo do Pandeiro, na voz de Marisa Gata Mansa, sua namorada à época. A gravação contou com acompanhamento de João ao violão, ainda sem a famosa batida da bossa nova.
Durante esses anos, João Gilberto chegou a gravar alguns jingles no estúdio de Russo do Pandeiro, como um para a Toddy, de letra "Eu era um garoto magricelo/ Muito feio e amarelo.// Toddy todo dia ele tomou/ Engordou e melhorou/ Forte ficou.// As garotas agora me chamam bonitão/ No esporte eu sou campeão". Tocava também em festas da sociedade, com cachês irrisórios.
Em 1954, João conheceu Carlos Machado, o Rei da Noite, e com ele consegue participar do show "Esta vida é um carnaval", na boate Casablanca, com participação de Grande Otelo, Ataulfo Alves, a bateria da Império Serrano, entre outros artistas. João cantava em coro em uma cena e em outra cantava como solista um samba de Sinhô, "Recordar é viver", além de fazer pequenas aparições teatrais. O espetáculo foi um sucesso de crítica e público. Nesse mesmo ano, se juntara ao conjunto Quitandinha Serenaders. No grupo, conheceu Luiz Bonfá, Alberto Ruschel e Luís Telles, que se tornou um grande amigo de João. Chegou a integrar o conjunto Anjos do Inferno, em uma curta temporada paulista.
A consagração, no entanto, não viria a João ainda nestes anos.
Em 1955, João dirige-se a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com seu amigo Luís Telles. Lá, conheceu Armando Albuquerque, compositor, pianista, violinista, professor, musicólogo e amigo de Radamés Gnatalli, com quem passou horas estudando música, principalmente harmonia. Depois de oito meses, João decide se dirigir a Diamantina, Minas Gerais, para viver com a irmã Dadainha, recém casada e com uma filha recém nascida. Durante os estudos, João percebeu que, se cantasse mais baixo, sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo.
Depois de sete meses em Diamantina, João partiu para Juazeiro, onde passa dois meses com a família. Lá, compõe "Bim Bom", confiante de que havia encontrado a batida que queria. Vai a Salvador, capital do estado, e por lá permanece por alguns dias. No início de 1957, João Gilberto parte para o Rio de Janeiro, para sua consagração.
Chegando ao Rio de Janeiro, em 1957, João, com 26 anos, procurou mostrar sua nova técnica aos músicos e, quem sabe, conseguir gravar. Apresentou-se para vários músicos, intrigando alguns, entre eles Tito Madi e Edinho, do Trio Irakitan, mas encontrou seu caminho ao se apresentar para Roberto Menescal, em história já conhecida e consagrada. Em meio a uma grande festa, Menescal abre a porta para um sujeito que pede um violão. Surpreso com o pedido e diante de insistência, Roberto Menescal acaba por levar aquele que era João Gilberto para o quarto. Lá, João apresenta "Bim Bom" e encanta o jovem Menescal, que foge da festa dos pais e parte para uma pequena turnê pelo Rio de Janeiro, apresentando a nova batida para gente como Ronaldo Bôscoli e em lugares como o apartamento de Nara Leão.
Chegando ao Rio de Janeiro, em 1957, João, com 26 anos, procurou mostrar sua nova técnica aos músicos e, quem sabe, conseguir gravar. Apresentou-se para vários músicos, intrigando alguns, entre eles Tito Madi e Edinho, do Trio Irakitan, mas encontrou seu caminho ao se apresentar para Roberto Menescal, em história já conhecida e consagrada. Em meio a uma grande festa, Menescal abre a porta para um sujeito que pede um violão. Surpreso com o pedido e diante de insistência, Roberto Menescal acaba por levar aquele que era João Gilberto para o quarto. Lá, João apresenta "Bim Bom" e encanta o jovem Menescal, que foge da festa dos pais e parte para uma pequena turnê pelo Rio de Janeiro, apresentando a nova batida para gente como Ronaldo Bôscoli e em lugares como o apartamento de Nara Leão.
João explicou algumas de suas novas técnicas a Menescal e Bôscoli: a mão direita tocava acordes, e não notas, produzindo harmonia e ritmo ao mesmo tempo. Além disso, utilizava-se de técnicas de respiração de ioga, o que lhe permitiu alongar frases melódicas sem perder o fôlego.
Nessa época, João se apresentou na casa de Chico Pereira, que gravou a apresentação em um gravador Grundig. Essa gravação, adquirida de japoneses por um fã sueco e remasterizada por um engenheiro de som francês caiu na internet em 2009, causando grande reboliço em blogs dedicados à música e em fãs de bossa nova.
Nessa época, João se apresentou na casa de Chico Pereira, que gravou a apresentação em um gravador Grundig. Essa gravação, adquirida de japoneses por um fã sueco e remasterizada por um engenheiro de som francês caiu na internet em 2009, causando grande reboliço em blogs dedicados à música e em fãs de bossa nova.
Chico ainda ajudou João a se aproximar de Tom Jobim, que trabalhava na gravadora Odeon, para gravar um disco. Ele se encantou principalmente com o violão de João, vendo ali uma oportunidade de modernização do samba, através da simplificação do ritmo e da inclusão de novas harmonias, principalmente algo mais funcional, modalismo, criando liberdade para os arranjos. Entusiasmado, Tom apresenta a João uma nova composição que fizera há um ano com o poeta Vinicius de Moraes, mas que estava encostada, chamada 'Chega de Saudade'.
João passou a ficar conhecido no meio musical carioca. Chegou a tocar junto de Severino Filho e Badeco, dos Cariocas, Chaim e João Donato, com quem compôs Minha Saudade, que logo se tornou um standard do período. João tocava regularmente na boate do hotel Plaza, que começou a ser ponto de encontro de músicos. Lá, João tocava junto de Milton Banana, que adequou sua bateria ao estilo de João, tocando baixo, com uma escova e a baqueta no aro da caixa. Tom Jobim era assíduo frequentador da boate, aonde ia para escutar João Gilberto.
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João passou a ficar conhecido no meio musical carioca. Chegou a tocar junto de Severino Filho e Badeco, dos Cariocas, Chaim e João Donato, com quem compôs Minha Saudade, que logo se tornou um standard do período. João tocava regularmente na boate do hotel Plaza, que começou a ser ponto de encontro de músicos. Lá, João tocava junto de Milton Banana, que adequou sua bateria ao estilo de João, tocando baixo, com uma escova e a baqueta no aro da caixa. Tom Jobim era assíduo frequentador da boate, aonde ia para escutar João Gilberto.
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