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Ferroviário chega aos 86 anos de fundação

Fundado por humildes trabalhadores em nove de maio de 1933, no Setor de Locomoção da Rede de Viação Cearense (RVC), o Ferroviário Atlético Clube é a maior expressão esportiva de raízes operárias do Brasil, símbolo da democratização do futebol nacional e precursor do futebol profissional do Ceará e chega nesta quinta-feira aos 86 anos.


São muitas alegrias, conquistas e percalços, naturais a toda gloriosa história. Inúmeros confrontos inesquecíveis contra outros grandes times nacionais e até contra a Seleção Brasileira, em amistoso preparatório para os Jogos Olímpicos de 1968. Por falar em Seleção, pertenceu ao Ferroviário o primeiro cearense a vestir a camisa amarelinha: Zé de Melo, em 1959. Depois dele, vieram mais, como Mirandinha e Jardel, ambos formados nas vitoriosas categorias de base do clube. A mesma fábrica que produziu, dentre tantos Ouros da Casa, o craque Iarley, bicampeão mundial interclubes.


A galeria coral já contabiliza mais de 100 conquistas oficiais, entre campeonatos, copas, torneios e taças. São 9 títulos do Campeonato Cearense, incluindo um invicto em 1968 e o bi de 94/95, e 22 vices. No Nordeste, foi também vice em 1971. Com 28 participações no Campeonato Brasileiro, o Ferroviário já esteve por 6 anos seguidos disputando a Série A. Campeão Brasileiro da Série D em 2018, tornou-se o primeiro clube da capital cearense a conquistar uma competição de nível nacional.

COMO TUDO COMEÇOU - No início da década de 1930, a RVC, antecessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), instalou oficinas de manutenção de locomotivas, carros e vagões na então distante região do Urubu, precisamente onde hoje é a sede da Transnordestina, sucessora da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), na Avenida Francisco Sá – tal logradouro corresponde à antiga Estrada do Urubu, importante via de comunicação com a Barra do Ceará, onde havia um hidroporto. À época, Fortaleza restringia-se praticamente ao seu centro histórico. Naquela área, ao longo dos anos, concentrou-se toda uma população humilde, na maioria fugida da seca, fomes e latifúndios do sertão. Não foi coincidência que, no intuito de servir-se da mão-de-obra barata, representada por essa população carente, instalaram-se na zona oeste da capital várias indústrias.

Com uma grande quantidade de tarefas e serviços para executar, o corpo diretivo da RVC determinou a realização de horas extras noturnas, das 18 às 20 horas, nas citadas oficinas do Urubu, visando assim recuperar mais locomotivas, carros e vagões. Encerrando-se o expediente normal às 16h25, decidiram os operários mais jovens, sobretudo aqueles que moravam longe, aproveitarem o “intervalo forçado” para divertirem-se, passarem o tempo e jogarem o foot-ball, como chamavam. Cotizaram o dinheiro para a compra de uma bola e, armados de pás e enxadas, limparam um terreno vazio dentro das oficinas, tirando matos, arrancando tocos e nivelando-o. Para completar a construção do campo, confeccionaram traves a partir de tubos retirados de caldeiras de velhas locomotivas.

Daí em diante, no finalzinho da tarde, tornou-se sagrado o “racha” entre os operários nas oficinas do Urubu. Para maior deleite, improvisaram até dois times, Matapasto e Jurubeba, nomes de ervas, uma homenagem irônica dos proletários aos matos que havia no terreno e que deram tanto trabalho na preparação do campo. Com o sucesso das “peladas” veio a feliz ideia de organizar “algo maior”. Em reunião na casa do mecânico José Roque (o “Gordo”) os boleiros da RVC decidiram unir Matapasto e Jurubeba para formar um time de fato, capaz de jogar pela periferia nos finais de semana e até participar de campeonatos suburbanos. Dentro do óbvio, a equipe recebeu o nome de Ferroviário – apenas Ferroviário, por pouco não sendo chamado também de “Ferrocarril”, a exemplo de outros clubes sul-americanos oriundos de companhias férreas. Escolheu-se ainda um uniforme com listas verticais nas cores vermelha, preta e branca.

As “movimentações esportivas operárias” não passaram despercebidas a Valdemar Cabral Caracas, então influente chefe do escritório de manutenção da RVC e igualmente apaixonado por futebol. Nascido na cidade de Pacoti, interior serrano do Ceará, em 9 de novembro de 1907, deu vida oficial à ideia e destacou-se, portanto, como o principal fundador do, hoje, Ferroviário Atlético Clube. Foi também o primeiro comentarista de futebol do estado, trabalhando na Ceará Rádio Clube, pioneira da radiofusão cearense, e também se envolveu com a política, sendo eleito vereador de Fortaleza em 1937, pelo extinto Partido Socialista. Posteriormente, no ano de 1947, ajudou a fundar o Partido Socialista Brasileiro (PSB) no Ceará. Valdemar Caracas faleceu no dia 14 de janeiro de 2013, aos 105 anos de idade.

Com informações, foto e ilustração do site do Ferroviário.


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