"Estou muito pesaroso com o falecimento da amiga e companheira de lutas do Movimento Estudantil Maria do Carmo (Cacau) Serra Azul (foto)", assim o jornalista Paulo Verlaine comunicou a morte da ativista Cacau Serra Azul, aos 68 anos.
"Grande perda. Eu a conheci nas lutas do movimento estudantil de 1968/1969. Integrava o valoroso grupo de meninas do Colégio Justiniano de Serpa (antiga Escola Normal), ao lado de Mirtes Semeraro Alcântara Nogueira, Ana Fonseca (falecida no ano passado), Iracema Serra Azul (irmã de Cacau) e Amélia (Amelinha) Gadelha (também falecida), além de outras jovens. Helena Serra Azul, hoje médica, outra irmã de Cacau, já era universitária nesse período", lembra Paulo Verlaine.
"Grande perda. Eu a conheci nas lutas do movimento estudantil de 1968/1969. Integrava o valoroso grupo de meninas do Colégio Justiniano de Serpa (antiga Escola Normal), ao lado de Mirtes Semeraro Alcântara Nogueira, Ana Fonseca (falecida no ano passado), Iracema Serra Azul (irmã de Cacau) e Amélia (Amelinha) Gadelha (também falecida), além de outras jovens. Helena Serra Azul, hoje médica, outra irmã de Cacau, já era universitária nesse período", lembra Paulo Verlaine.
A TV Ceará apresentou em 2016 uma entrevista no especial 'Memória e Verdade' com Cacau Serra Azul, que foi presa e torturada nos anos 1970:
"Detenção ilegal, tortura, execução, desaparecimento e ocultação de cadáver. A lista de crimes de Sérgio Paranhos Fleury, delegado da Polícia Civil de São Paulo que atuava no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), é das mais robustas da ditadura militar, como mostram os documentos da Comissão Nacional da Verdade. Conhecido pela violência e pela crueldade, era um dos homens mais temidos do período. Maria do Carmo Serra Azul, a Cacau, foi uma das vítimas do delegado. Nascida em Fortaleza, era tratada pela repressão como um dos “terroristas foragidos da maior importância”. Ela fazia parte da relação confidencial do Ministério do Exército que trazia nomes, apelidos, organizações políticas e informações do paradeiro do procurado", destaca o documentário 'Memória e Verdade'.
Confira biografia de Cacau Serra Azul publicada pelo portal 'As Mina na História':
Cacau Serra Azul formou-se em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ingressou na Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz), onde se aposentou".
"Em 1968, foi da diretoria dos estudantes secundaristas do Estado do Ceará (CESC). Ainda em 1968 participou da 'Revolta das Saias', movimento de repúdio a diretora jornalista e professora Adísia Sá que apresentava posturas fascistas e de perseguição dentro da escola. O movimento tomou as ruas da cidade, sendo considerado a maior revolta feminina da América Latina da Época.
Em 1970, foi detida e interrogada, passando por forte tortura psicológica, dentro da Escola Normal pela Polícia Federal devido a suspeita de ligação com o PCBR;
Em 1972, foi presa e brutalmente torturada pela equipe da OBAN: DOI-CODI comandada pelo Fleury por encontrar-se relacionada em uma “lista” do II Exército de São Paulo entre os procurados pelo Brasil na regional Nordeste.
Em 1972, foi presa e brutalmente torturada pela equipe da OBAN: DOI-CODI comandada pelo Fleury por encontrar-se relacionada em uma “lista” do II Exército de São Paulo entre os procurados pelo Brasil na regional Nordeste.
Pessoalmente torturada por Fleury, passou 15 dias sob torturas brutais: nas sucessivas sessões tiravam-lhe a roupa por completa e nua, era levada a uma sala lotada de homens, alguns que a torturavam fisicamente e outros que assistiam em gozo o massacre, dentre eles um médico que tinha a função de dizer até onde ela aguentava para que as sessões continuassem ou fossem adiadas para o dia seguinte, tendo tido três paradas cardíacas devido aos choques e afogamentos. Cacau teve que ser 'ressuscitada' por três vezes pelo médico presente.
Teve seus seios desfigurados com alicates. Murros, enforcamentos e chutes eram os momentos mais brandos da tortura; ameaças de estupro eram constantes, um dos torturadores masturbava-se durante as sessões e ejaculava em seu corpo, enquanto os outros excitavam-se com a cena e a 'pediam em namoro'. Colocavam cachorros ferozes sobre o seu corpo no chão, a levavam para outras salas para assistir outras cenas de torturas de seus amigos também presos.
Seu companheiro José Machado Bezerra, foi torturado várias vezes em sua presença: 'a sala fedia a urina e sangue'; suas irmãs e cunhados também foram presos e torturados, como também os sobrinhos (Manuel Carlos – nasceu na prisão sob tortura e lá permaneceu por oito meses, Ernesto e Andréia foram sequestrados com menos de cinco anos de idade).
Depois de solta passou anos sendo perseguida, ameaçada de morte e impedida de terminar os estudos e de assumir concursos públicos.
Depois de solta passou anos sendo perseguida, ameaçada de morte e impedida de terminar os estudos e de assumir concursos públicos.
Cacau Serra Azul formou-se em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ingressou na Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz), onde se aposentou".
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