Além de padre e advogado, Thomaz Pompeu de Sousa Brasil, foi jornalista e político liberal, sendo deputado-geral e senador do Império.
No Ceará, o Partido Liberal foi dirigido pelo Senador Alencar (pai do escritor José de Alencar) até 1860. Ao morrer de febre tifóide, nesse ano, no Rio de Janeiro, seu lugar foi ocupado pelo padre Thomaz Pompeu, que conseguiu imenso prestígio como político e cientista, sendo o primeiro diretor do Liceu do Ceará e jornalista fundador do periódico liberal "O Cearense", em 1846.
Nessa postagem, destacamos o trecho do discurso de Parsifal Barroso, proferido no Instituto do Ceará, em 1977, que fala um pouco dessas duas outras atividades exercidas pelo Senador Pompeu.
Bicentenário do Senador Pompeu
Parte 6 - Jornalista e Político
No Ceará, o Partido Liberal foi dirigido pelo Senador Alencar (pai do escritor José de Alencar) até 1860. Ao morrer de febre tifóide, nesse ano, no Rio de Janeiro, seu lugar foi ocupado pelo padre Thomaz Pompeu, que conseguiu imenso prestígio como político e cientista, sendo o primeiro diretor do Liceu do Ceará e jornalista fundador do periódico liberal "O Cearense", em 1846.
Nessa postagem, destacamos o trecho do discurso de Parsifal Barroso, proferido no Instituto do Ceará, em 1977, que fala um pouco dessas duas outras atividades exercidas pelo Senador Pompeu.
Bicentenário do Senador Pompeu
Parte 6 - Jornalista e Político
'Há uns 20 anos, que não por especulação como dizem meus inimigos, a quem perdoo, mas por política ou espírito de partido, tomei a redação de um jornal em que infelizmente, por vezes, entraram as paixões da época e ofendi em represália, do que peço perdão e me arrependo. Tendo entrado na política em 1845 com o chamado Partido Liberal, ou chimango, até hoje o tenho acompanhado, em todas as fases da minha existência, quase sempre na adversidade, mas sempre com a mesma lealdade e constância que na prosperidade. Nesta qualidade de partidário político, como jornalista, centro e órgão do partido, muitas vezes ofendi a meus adversários; porque nesse jogo de doestos, a que as paixões políticas infelizmente arrastam os homens que em nosso País se colocam em minha posição, levei-me a excesso de linguagem; mas, à exepção dessa guerra de palavras, nunca fiz, nem mandei fazer ou aconselhei a alguém fazer mal a meu adversário. Peço perdão a Deus e a meus inimigos o mal que porventura lhes fiz na imprensa; de minha parte perdoo-lhes de todo o meu coração'.
Das múltiplas atividades de Pompeu é a de partidário político aquela mais distanciada de seus hábitos intelectuais, de sua formação moral, mas que paradoxalmente lhe ocuparia não pequena parcela de sua vida, roubando-lhe tempo que melhor seria dedicado às tarefas ingentes a que intimamente se propusera, em benefício da terra cearense.
Para servir a essa senhora exigente chamada Política, Pompeu - um eremita do saber - separa-se de seus livros, abandona o silêncio do gabinete de estudos e sai à praça, envolve-se na multidão de interesses de toda a ordem, contrafazendo hábitos e inclinações.
Recém-formado em Direito, filia-se ao Partido Liberal e, por sua austeridade, competência e trabalho, logo se impôs no meio político, pelo que em pouco tempo se viu com assento na assembleia provincial.
O jornal seria a alavanca de sua carreira, e no (jornal) 'Cearense', de que foi um dos fundadores e depois principal responsável com a deserção dos companheiros de 1846, desenvolveu um trabalho exaustivo, agravado com a hostilidade dos conservadores e da ala progressista de seu próprio partido.
Não foi das mais fáceis a carreira política de Pompeu, combatido pelos adversários conservadores e pelos correligionários de ontem que aderiram à política de conciliação preconizada pelo marquês de Olinda e outros conservadores com tendências liberais.
É que nem todas as correntes da opinião nacional encontravam no bipartidarismo o leito natural de suas aspirações, que viriam a desaguar num terceiro partido, se porventura criado.
Pompeu, porém não acompanhou os 'progressistas', preferindo ficar no ostracismo ao lado de Teófilo Otoni, Otaviano e outros. O cisma dividiria os liberais da Província em liberais puros, com Pompeu à frente, e liberais progressistas, sob o comando do Barão do Crato.
A Pompeu e seus liberais históricos negar-se-ia pão e água.
Restava a estes ficarem de olho nas nomeações dos presidentes da Província (nesses recuados e omissos tempos do sistema unitário, os chefes de executivos provinciais eram nomeados pelo Governo Central), sempre na esperança de sobrevir um administrador bem intencionado, capaz de superintender com imparcialidade as eleições que periodicamente ocorriam - orgias cívicas sincronizadas a faca e cacete, sem embargo da santidade dos locais onde se exercia o direito de voto.
Era em vão que os liberais históricos, os chimangos duros de roer, colocavam suas esperanças nos moços bacharéis, que o Governo Central nos mandava. A presidência que aceitavam era, as mais das vezes, uma ponte na sua carreira, e o seu destino como políticos dependeria da maneira como servissem aos interesses da situação.
E nesta armadilha, vemos metido o nosso Pompeu, o eremita do saber, um dos cérebros mais privilegiados do País.
Não vai nessa expansão nenhuma condenação à atividade política que consideramos digna e nobre daqueles que a ela se entregam por vocação, com as energias de seu temperamento.
No caso particular de Pompeu, organização mental privilegiada, é de considerar-se um desperdício o tempo precioso dissipado nas confabulações; nos enredos; na diuturna correspondência epistolar, do próprio punho, com correligionários, muitos deles semi-analfabetos; em viagens desconfortáveis às bases sertanejas; em tentativas de conciliação de camaradas desavindos e em todo esse mundo de inanidade que era a vida política na Província.
Homem de sentimentos nobres e elevados, não querendo levar para a Eternidade os senões de sua vida política, Pompeu viria mais tarde - em seu testamento nunca suficientemente louvado - penitenciar-se dos excessos de linguagem, a que se deixara arrastar contra os seus adversários."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
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(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
Era em vão que os liberais históricos, os chimangos duros de roer, colocavam suas esperanças nos moços bacharéis, que o Governo Central nos mandava. A presidência que aceitavam era, as mais das vezes, uma ponte na sua carreira, e o seu destino como políticos dependeria da maneira como servissem aos interesses da situação.
E nesta armadilha, vemos metido o nosso Pompeu, o eremita do saber, um dos cérebros mais privilegiados do País.
Não vai nessa expansão nenhuma condenação à atividade política que consideramos digna e nobre daqueles que a ela se entregam por vocação, com as energias de seu temperamento.
No caso particular de Pompeu, organização mental privilegiada, é de considerar-se um desperdício o tempo precioso dissipado nas confabulações; nos enredos; na diuturna correspondência epistolar, do próprio punho, com correligionários, muitos deles semi-analfabetos; em viagens desconfortáveis às bases sertanejas; em tentativas de conciliação de camaradas desavindos e em todo esse mundo de inanidade que era a vida política na Província.
Homem de sentimentos nobres e elevados, não querendo levar para a Eternidade os senões de sua vida política, Pompeu viria mais tarde - em seu testamento nunca suficientemente louvado - penitenciar-se dos excessos de linguagem, a que se deixara arrastar contra os seus adversários."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
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(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
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