A nova fronteira de crescimento econômico na China e no sudeste asiático na ordem de 6% ao ano vai implicar no aumento da demanda por energia. De acordo com a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV Energia), Fernanda Delgado, a região não é rica em recursos energéticos, sendo extremamente dependentes da importação para atender à demanda crescente.
A especialista ressalta que esses países em desenvolvimento ditarão o futuro crescimento da demanda de energia, bem como sua composição. "O gás natural terá uma proporção significativa do mix energético global nas próximas décadas. O aprofundamento do mercado global de gás diminuirá a percepção dos riscos de oferta e apoiará a expansão da demanda de gás natural", diz Fernanda Delgado.
Nesse contexto, para a pesquisadora da FGV Energia, o Brasil, como terceiro maior produtor de petróleo do hemisfério sul, as implicações são significativas, tendo em vista que orientação regulatória e estrutura de mercado são pontos críticos para que se atraiam investimentos. Entretanto, Fernanda Delgado lembra que além das preocupações de independência de energia, estão em jogo as preocupações centradas na necessidade de um quadro regulatório estável, onde seja possível que o mercado permita o funcionamento das forças competitivas.
"O Brasil está diante de um ativo de longo prazo. Nesse ponto, existe a necessidade de se criar uma demanda âncora que permita o financiamento desses investimentos. Na verdade, tudo se reduz a questão de conceder corretamente os incentivos necessários para que a infraestrutura se desenvolva e, então, deixar o mercado evoluir com suas próprias pernas, em um ambiente competitivo", ressalta a pesquisadora da FGV Energia.
Fernanda Delgado lembra que o gás natural é mais limpo que outros combustíveis fósseis e pode aproveitar a infraestrutura e a tecnologia existentes. Segundo ela, a estrutura do mercado é o seu maior obstáculo. "O Brasil, dado seu tamanho na América do Sul, poderia definir o caminho a seguir para toda a região. Os recursos da "fronteira" terão uma influência significativa nos mercados por mais de 20 anos", afirma a especialista em planejamento energético.
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