As ações para mitigação dos efeitos da estiagem prolongada na bacia do rio São Francisco foram ressaltadas pela presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Kênia Marcelino, no seminário “Água Innovation – soluções e inovações para a segurança hídrica” na tarde de ontem, em Fortaleza.
No painel “São Francisco – gestão e impactos econômicos e sociais”, Kênia Marcelino também apresentou a vasta experiência da Codevasf na recuperação hidroambiental de bacias hidrográficas, com destaque para as ações e os desafios do Programa de Revitalização das Bacias Hidrográficas, os dados sociais e econômicos dos projetos públicos de irrigação da Companhia e o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Pisf).
“A bacia do São Francisco vem enfrentando condições hidrológicas adversas desde 2013, com vazões e precipitações abaixo da média, que interferem nos níveis de armazenamento dos reservatórios. Para atenuar os efeitos da estiagem, a Codevasf identificou e tem executado uma série de ações emergenciais na área de atuação da empresa”, apontou Kênia Marcelino.
Segundo a presidente da Codevasf, entre as ações executadas estão o desassoreamento de canais de chamada e de vários pontos críticos no rio, visando resolver problemas de abastecimento e em travessias, e a perfuração e instalação de poços, em áreas atingidas pela estiagem.
Também são realizadas intervenções para atender às demandas de produtores em projetos públicos de irrigação e em outras localidades, como implantação de flutuantes para captação de água e demais obras de infraestrutura.
Revitalização
Desde 2007, por meio do o Programa de Revitalização das Bacias Hidrográficas, a Companhia tem desenvolvido de forma permanente e integrada ações de revitalização com foco na preservação, conservação e uso sustentável do rio. As ações contribuem para o aumento da quantidade e da qualidade da água nas bacias, além de promover o uso sustentável dos recursos naturais e a melhoria das condições socioambientais.
Entre as ações executadas pelo governo federal destacam-se esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos, controle de processos erosivos e sistemas de abastecimento de água em comunidades rurais.
“As ações são realizadas diretamente pela Codevasf e em parcerias com governos estaduais e municipais, comitês de bacias, concessionárias e sociedade civil. A preservação e a revitalização de bacias hidrográficas é responsabilidade de todos”, afirmou Kênia Marcelino.
Geração de emprego e renda
Os projetos públicos de irrigação administrados pela Codevasf geraram mais de 270 mil empregos diretos e indiretos em 2016. O valor bruto de produção alcançou cerca de R$ 3,2 bilhões, numa área cultivada de 108 mil hectares.
Com aproximadamente 14 mil agricultores familiares beneficiados, os projetos de irrigação produziram cerca de 3,7 milhões de toneladas de itens agrícolas, sobretudo frutas, como banana, manga e uva.
“Ao longo de sua história a Codevasf é reconhecida, principalmente, por sua capacidade em impulsionar a agricultura irrigada no vale do São Francisco, contribuindo com o desenvolvimento econômico do Nordeste”, disse a presidente da Companhia.
Segurança hídrica
O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Pisf) vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de gerar emprego e promover a inclusão social.
O empreendimento do governo federal tem extensão de 477 quilômetros, organizados em dois eixos: Norte e Leste. A obra engloba a construção de nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, quatro túneis, 13 aquedutos, nove subestações de 230 quilowatts e 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão.
A Codevasf, empresa pública vinculada ao Ministério da Integração Nacional, será responsável pela operação e manutenção do projeto, após a conclusão das obras. “A Companhia já concluiu e está executando uma série de atividades visando à pré-operação do projeto”, explicou Kênia Marcelino.
O seminário “Água Innovation” foi organizado pelo Sindicato das Construtoras do Estado do Ceará e Instituto Future de Juventude, Promoção, Turismo, Cultura e Desenvolvimento Sustentável, com o debate entre especialistas representantes dos setores público e privado, a fim de conscientizar a sociedade sobre o uso racional da água e a importância desse recurso natural para a vida e para o desenvolvimento sustentável.
O painel “São Francisco – gestão e impactos econômicos e sociais” foi presidido pelo secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Marlon Carvalho Cambraia, e contou ainda com o palestrante Joaquim Gondim, superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA).
Visita
Durante a agenda no Ceará, a presidente da Codevasf visitou a unidade da Reijers no estado, a maior produtora de rosas de estufa do Brasil e a primeira a produzi-las em escala comercial. Fundado em 1972, o Grupo Reijers iniciou sua produção de flores na cidade de Holambra, interior de São Paulo. Kênia Marcelino foi ao campo para conhecer a produção e as instalações da empresa, acompanhada do secretário adjunto da agricultura, pesca e aquicultura do estado, Euvaldo Bringel Olinda; do diretor de agronegócios da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (Adese), Sílvio Carlos Ribeiro Vieira Lima; do presidente da Associação Brasileira de Irrigação (ABID), Helvécio Saturnino; do secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Marlon Carvalho Cambraia e outros assessores. O grupo também visitou a empresa CeaRosa, uma das maiores empresas de produção de flores da região, situada no município de São Benedito, na bacia do rio Parnaíba.
Mais informações: www.codevasf.gov.br
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