Nove pessoas já foram presas suspeitas de participar do assassinato da travesti Dandara dos Santos. O crime em 15 de fevereiro, no Bom Jardim, periferia de Fortaleza, ganhou repercussão internacional após compartilhamento do vídeo feito pelos criminosos que mostrou Dandara Santos sendo agredida até a morte. A Polícia ainda está atrás do décimo acusado de envolvimento na morte da travesti. A última prisão aconteceu na noite de ontem (23), em Itapipoca, a 160 quilômetros de Fortaleza. A Polícia investigou que o grupo espancou Dandara até a morte e ainda disparou tiros de revolver na travesti.
O secretário-chefe do Gabinete do Governador do Ceará, Camilo Santana, Elcio Batista lançou uma nota sobre o caso: "O Governo do Ceará vem a público manifestar o seu mais profundo repúdio a atos de violência e intolerância como o que foi praticado contra Dandara dos Santos, morta por brutal espancamento. Cumpre informar que toda a estrutura da Segurança Pública do Estado está mobilizada para a apuração do crime e punição dos responsáveis. Este Governo acredita e defende, por meio de uma estrutura de direitos humanos vinculada ao Gabinete do Governador e por políticas públicas vigentes, que o pluralismo, a diversidade e a tolerância são valores fundamentais para a democracia. Estes são pilares inalienáveis de uma sociedade inclusiva e justa. A Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT do Estado do Ceará tem entre suas atribuições a execução de políticas de atendimento e de afirmação das minorias de gênero, assim como a contribuição efetiva para o debate sobre todas as questões relativas à população LGBT. Em consonância com os preceitos das liberdades individuais e dos direitos humanos, reafirmamos nossa opção pela vida humana, renegando toda e qualquer manifestação de preconceito".
O promotor de Justiça, Marcus Renan Palácio de Morais, na manhã de hoje prestou esclarecimentos sobre o caso. Marcus Renan apresentou detalhes sobre a denúncia junto à 1ª Vara do Júri e descreveu a conduta praticada por cada um dos dez acusados do crime.
Sete dos dez acusados de terem participado da morte dei Dandara dos Santos tiveram a prisão temporária convertida em preventiva (sem prazo pré-definido), pelo Tribunal de Justiça do Ceará. São eles: Francisco José de Oliveira Júnior, Jean Victor Silva Oliveira, Rafael Alves da Silva Paiva, Francisco Wellington Teles, Júlio César Braga da Costa, Isaías da Silva Camurça e Jonatha Willyan Sousa.
Segundo a denúncia do Ministério Público, em 15 de fevereiro deste ano, por volta das 17 horas, no Bom Jardim, os acusados, juntamente com pelo menos outros cinco adolescentes já identificados, espancaram Antonio Cleilson Ferreira de Vasconcelos (Dandara dos Santos), com socos, chutes e pauladas, agressões que lhe causaram extremo sofrimento físico e psicológico. Posteriormente, a vítima foi atingida com dois tiros e uma forte pedrada na cabeça, o que resultou em sua morte por traumatismo craniano. As imagens do crime foram registradas por meio de aparelho de telefone celular e divulgadas em diversas redes sociais.
Todos foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado, por motivo torpe (por ser alimentado por preconceito e homofobia), motivo fútil (pois os acusados acreditavam que Dandara estava cometendo pequenos furtos na região, onde eles praticam tráfico de drogas), meio cruel e com uso de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Além disso, a denúncia incluiu também o crime de corrupção de menores.
Ao receber a denúncia, a juíza titular da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, determinou a citação dos envolvidos para, no prazo de dez dias, responderem à acusação. Caso não apresentem defesa e não constituam advogado dentro prazo legal, o caso será encaminhado à Defensoria Pública.
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