O Ministério Público Federal (MPF) em Juazeiro do Norte, na região
do Cariri, entrou com ação de improbidade administrativa contra os
ex-secretários da Saúde do estado do Ceará, Ciro Gomes e Carlile Lavor, e
outros cinco réus. De acordo com o procurador da República Celso Leal,
autor da ação, atos de improbidade foram identificados durante a
instalação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu) na
região.
Foi constatado que, durante a gestão de Ciro Gomes na pasta, a
Secretaria da Saúde do Estado não realizou o processo seletivo
necessário para a contratação de servidores, e os profissionais foram
terceirizados indevidamente, por meio de dispensa de licitação
irregular.
Consta na ação que serviços especializados realizados pelo Samu
Polo III foram contratados diretamente com a Cooperativa de Trabalho de
Atendimento Pré-Hospitalar (COAPH), uma entidade privada com sede em
Fortaleza. A legislação permite, em casos de urgência ou alta demanda, a
participação de instituições privadas no sistema único de saúde, desde
que somente a título complementar, mediante contrato de direito público
ou convênio.
Conforme apurado pelo MPF, se constatou também que no momento da
contratação da COAPH, a cooperativa sequer dispunha de médicos
capacitados para o serviço do Samu. Além disso, não houve preocupação se
os médicos detinham especialidade na área, tendo sido orientados, após a
seleção, a realizarem um curso de pré-atendimento hospitalar.
As investigações apontaram, ainda, que a empresa foi contratada com
dispensa de licitação de forma irregular. "A fundamentação e a
comprovação de exclusividade admitidas pela Secretaria de Saúde do
Estado do Ceará são notoriamente precárias e absurdas", afirma o
procurador Celso Leal.
Devido às irregularidades, o MPF pede que o contrato com a COAPH
seja anulado, que seja realizado o credenciamento dos profissionais
necessários para o desempenho das funções no Samu e que seja feito o
bloqueio de R$ 1,9 milhão, montante que seria internalizado como taxa
administrativa pela cooperativa. Além dos ex-secretários Ciro Gomes e
Carlile Lavor, também são réus na ação três ex-gestores do Samu Polo
III, o Estado do Ceará e a Coaph.
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