O Encontro dos Profetas da Chuva, que começa amanhã em Quixadá, chega à 19ª edição como integrante do calendário climático-ambiental brasileiro. Todos os anos, os profetas e profetisas da chuva usam como instrumentos para as suas previsões a sintonia com a natureza, rituais, a observação dos ventos, formigueiros, cupinzeiros, casas joão-de-barro, o juazeiro, a flor do mandacaru, a barra da lua, a pedra de sal, dentre outras “experiências” (estudos, feitos a partir de observações ao longo do ano, que prenunciam como será a próxima quadra chuvosa do Ceará).
O XIX Encontro dos Profetas da Chuva, que acontece de quinta-feira (9) a domingo (11), é promovido pelo Instituto de Viola e Poesia do Sertão Central, produzido pela Mungango Produções e conta com a apoio da Prefeitura Municipal de Quixadá, Cagece, Instituto Agropolos, SEBRAE, SDA, Convention Bureau Fortaleza e ACVQ. Este ano, será homenageado André Macêdo Facó, atual secretário de Infraestrutura do Ceará, ex-presidente e diretor da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
O público terá a oportunidade de assistir, logo na abertura, ao talento de violeiros e trovadores de várias regiões do Estado, no VIII Encanta Quixadá (Praça da Fundação Cultural Rachel de Queiroz). No sábado (10), às oito da manhã, haverá a exposição das previsões de 30 profetas: cada profeta ou profetisa faz a sua previsão para a próxima quadra chuvosa e diz qual o método usado para sua análise. Às 16h, tem início o Seminário Convivência com o Semiárido, que reunirá nomes de especialistas como Helder Cortez, gerente de Saneamento Rural da Cagece, que abordará o tema Modelo de Gestão para o Saneamento Rural, Nicolas Fabre, engenheiro agrônomo representante da Aprece e graduado na França, que abordará o tema Agroecologia - estratégias para agriculturas sustentáveis no contexto do Semiárido Brasileiro, e Rodrigo Castro, da Associação Caatinga, que discorrerá sobre a experiência da ONG na convivência com o semiárido.
A preservação da cultura e da sabedoria popular seculares, herdadas de pai para filho, é o que incentiva a organização anual do encontro, que em 2016 chega aos seus 20 anos como um dos eventos mais esperados pelos agricultores cearenses: “Existe uma disputa saudável entre os participantes, cada um em busca de conhecer melhor os sinais da natureza e de sua terra. Portanto, a ideia maior é a de fortalecer a tradição e cultura popular, não só em Quixadá como em outros municípios do Ceará e do país, tendo como elemento a água e as condições climáticas que tanto afligem os sertanejos”, diz João Soares, idealizador do encontro.
Os profetas da chuva - Em 1996, o gerente regional da Cagece em Quixadá, Helder Cortez, juntamente com o comerciante João Soares, observou o grande número de pessoas que o procurava alertando quanto às chuvas e recargas dos mananciais da região e resolveu reuni-los no I Encontro dos Profetas da Chuva, que hoje é uma tradição no Ceará.
Os sinais - Se o ninho do joão-de-barro está com a porta voltada para o poente, é sinal de chuva; se o joão-de-barro não está no ninho, para alguns profetas esse é um sinal de bom inverno, pois elas saem em busca de alimentos antes, para evitar sair no período invernoso; para outros, é sinal de seca, pois os passarinhos estariam armazenando alimentos para a difícil época que se aproxima.
Comentários
Postar um comentário