O relator geral das obras da Copa 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Valmir Campelo, encerrou pessimista a inspeção, que fez nos canteiros do Ceará hoje (24), em relação a ampliação do aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza para o Mundial. "Claro que fico triste com o que está acontecendo em minha terra natal em relação as obras do nosso aeroporto", disse Campelo, que é cearense de Crateús.
O relator constatou que apenas um quarto (25%) das obras previstas para a Copa 2014 no Pinto Martins estão prontas. O novo terminal de passageiros só deve ser concluído um ano após a Copa, estimam os construtores. Mesmo dizendo que a visita ao canteiro foi de uma inspeção de rotina, Campelo lamentou o fato do novo Pinto Martins não se entregue a tempo para a Copa.
Afirmou que só vai se manifestar oficialmente sobre punições e aplicações de multas para os gestores federais e consórcio construtor, quando os técnicos do TCU analisarem o processo da obra. Adiantou apenas que o consórcio Nova Fortaleza formado pelas construtoras Consbem, Paulo Octávio e MPE "não tem cumprido as cláusulas contratuais". Prometeu que o TCU vai adotar providência para que a obra ande o mais rápido.
As obras no Pinto Martins para a Copa eram para ter sido finalizadas em dezembro de 2013. O aeroporto já deveria estar com o terminal de passageiros e pátio de aviões ampliados, além da construção de pátio remoto e um novo sistema viário de acesso ao aeroporto. Nada disso foi finalizado. O investimento é de R$ 337 milhões e quando terminado o novo Pinto Martins terá sua capacidade ampliada dos atuais 6,2 milhões de passageiros-ano para 8,7 milhões.
A ideia dada pelo ministro especial da Aviação Civil, Moreira Franco, em visita na última segunda-feira (20), às obras do Pinto Martins, foi que o consórcio montasse uma estrutura provisória ao custo de R$ 3,5 milhões para atender a demanda da Copa em junho e julho deste ano.
Para o arquiteto especializado em Aeronáutica, Ernani Maia, essa estrutura pode sim ser montada desde que seja somente um ''puxadinho''. "Mesmo com o pouco tempo que resta até a Copa do Mundo, uma solução para o Terminal do Aeroporto de Fortaleza, que não vai ficar pronto no prazo, pode ser duradoura, de bom gosto e funcional.", disse repudiando a ideia de “puxadinho” ou outros gastos com estrutura para ser usada apenas como suporte na Copa do Mundo.
“Tenho ouvido falar em terminal provisório, mas existem alternativas arquitetônicas que permitem soluções rápidas e mais duradouras. Não se pode gastar uma fortuna só para um curto período, é preciso pensar no legado”, informou.
Segundo Maia, um terminal é sempre uma grande cobertura e um dos recursos técnicos possíveis são as estruturas de membranas tensionadas que permitem grandes projetos de arquitetura temporária muito interessantes.
Ele cita que um bom exemplo é o Aeroporto Internacional King Adbulaziz, ao norte de Jeddah, na Arábia Saudita. Lá está o Terminal Hajj, que graças à proximidade de Mecca, tem capacidade para acomodar 80 mil peregrinos ao mesmo tempo e conta com uma estrutura semelhante a de uma tenda.
“Um terminal aeroportuário é de grande visibilidade, ainda mais em um campeonato mundial de futebol, não se pode pensar em estender uma lona, ainda mais se é possível desenvolver algo que seja mais bonito e até sustentável”, disse Maia. Segundo ele para os banheiros, a solução pode ser o uso de contêineres que ganha cada vez mais adeptos especialmente pela reutilização de material e readequação de um passivo ecológico. “O desafio está em criar algo que seja mais duradouro e com valor estético, bem como estabelecer uma relação com as características culturais e climáticas", defende.
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