A ex-presidente de Fortaleza, Luizianne Lins (PT) disse que não precisa de crachá de presidente estadual do PT para se candidatar a governadora do Ceará em 2014. Ela defende palanque triplo para a presidente Dilma Rousseff (PT) no Ceará em 2014 com os candidatos a governador no primeiro turno do Pros, a ser indicado pelos irmãos Ferreira Gomes (governador Cid Gomes, secretário estadual de Saúde, Ciro Gomes; e secretário municipal de Educação, Ivo Gomes); do PMDB (provavelmente o senador Eunício Oliveira) e do PT. Luizianne aposta na força que ganhou nos oito anos (2005 a 2012) que administrou Fortaleza e cita uma pesquisa interna do PT que aponta o Ceará como o Estado que tem o PT como adesão política (38%). Este entrevista foi dada a este repórter (Lauribeto Braga) após a missa de ação de graças pelo aniversário de Luizianne Lins, na Igreja do Pequeno Grande, na noite de 16 de dezembro:
- A senhora vai se candidatar a governadora do Ceará em 2014?
- Luizianne Lins - Eu vou ressaltar é o que tenho dito. Essa é minha posição perante a direção nacional do partido, onde fui reeleita agora e tenho, inclusive conversado com o presidente Lula. Qual é a nossa posição? Nós estamos num cenário aqui no Ceará, onde nós temos supostamente duas candidaturas de partidos aliados grandes da presidente Dilma. É um candidato que deve sair apoiado pelos Ferreira Gomes e também um candidato do PMDB, que eu acredito que tenha toda legitimidade para pleitear a candidatura, que é o senador Eunício Oliveira, que também é da base da presidente Dilma que faz o pleito de ser candidato a governador, que acho legítimo. Diante dessa situação, onde a gente tem dois aliados nacionais que podem sair separados, eu estou defendo a tese que o Partido dos Trabalhadores lance um candidato aqui no Ceará, pegando todo capital político, da experiência que tivemos de oito anos na Prefeitura de Fortaleza. Temos autoridade. Temos projeto. Basta dizer que não tem uma pedra nessa cidade que tenho sido movida que não tenha sido feita por mim. Foi quase um bilhão de reais em operação de crédito contratado. Do Transfor Dois. Transfor Três. A Praia de Iracema. A nova Beira Mar. Todo dinheiro feito. Projeto licitado com a participação do povo. A Praia do Futuro. Morro de Santa Teresinha. A Praça do Futuro que onde em obras. O Drenurb, que quando terminar vaio dobrar o saneamento básico dessa cidade. Foi tudo iniciado durante o nosso Governo. O Transfor que vai passar pela cidade toda. Nós já deixamos em fase de contratação no Transfor Três. Os Cucas (Centros Urbanos de Ciência, Artes e Esportes) onde nós praticamente deixamos três concluídos. Deixamos recursos para serem concluídos mais três. Então quando eu assumi a Prefeitura não tinha nenhuma operação de crédito contratada e tinha uma dívida de restos a pagar muito grande. Nós deixamos quase um bilhão de reais de créditos. Pela lógica nenhum prefeito consegue em dez meses de governo colocar tanta obra na rua; se ele está sozinho. De forma alguma. Se ele tiver a parceria que ajuda. porque qualquer licitação demora seis meses até um ano. Então o nosso projeto não era um projeto de oito anos. É um projeto de no mínimo doze anos pela frente ai, onde estávamos estruturando Fortaleza. E a gente espere que não pare. Essas obras da Copa todas foram feitas por nós. Os projetos foram feitos por nós, o que é mais difícil. O projeto é difícil para arrumar o dinheiro e fazer a licitação. O resto tocar a obra é a coisa mais simples. Eu espero que ele faça a altura do que nós deixamos. Porque eu acho um absurdo hoje a gente está falando em fechamento de creche. Hoje a gente fala em creche que era tempo integral que está que fica no meio período só para depois dizer que botou mais gente na creche. Mas na verdade reduzindo o tempo da estadia dessas crianças no processo educativo e também das mães quando vão trabalhar. isso eu acho um absurdo contra a população pobre. Falar aqui também do fechamento do terceiro turno dos postos de saúde. Do sucateamento dos postos. Falta de remédios nos postos de saúde. Se falava tanto na campanha. O prefeito dizia que ia resolver tudo, que era tudo muito simples, porque ele era médico. Sabia muito bem como ia resolver. Eu estou sabendo que estão fechando postos. Tem cada vez mais perda de conquistas. Por exemplo a Academia da Comunidade fechada. As academias fechadas. Eram programas que nem eram tão badalados, mas que faziam parte da realidade concreta do nosso povo. Então eu faço um apelo para que esse prefeito olhe para essa cidade. E não só fique nessa ganância de tocar as obras com o dinheiro que eu deixei, mas que também ele pense que a população pobre, que ele não conhece nada disso. Ele realmente não conhece a pobreza dessa cidade. Para essa cidade possa ser olhada por ele com carinho. É isso que eu espero.
- Então o PT deveria no Ceará lançar candidato próprio a governador?
- LL - Sobre a discussão do projeto 2014, eu acho que o PT deveria se posicionar. A minha defesa. É essa defesa que estou fazendo é que a gente precisa ter essa direção. Nós temos um projeto diferenciado dessa oligarquia que está ai. É fato. é concreto. Isso o tempo foi mostrando. Num primeiro momento eu fui uma das que apostei, acreditei no governador Cid Gomes em 2006. Ele foi apoiado por nós também em 2010. a história e a vida demonstraram claramente que nós pensamos diferente. Temos projetos diferentes. Que a gente tem muito mais compromisso com o que há de mais sofrido, que há mais vulnerável na nossa cidade. Isso não é o que tem demonstrado o governo do Estado. Acho que o PT deveria ter a altivez de fazer esse debate com seus filiados. De fazer essa debate com a sociedade. Debater um projeto para esse Estado que ele está precisando, pois o sofrimento do nosso povo com a seca esse ano é uma coisa de dar dó no coração, do sofrimento das pessoas dependendo da água água. Mas água contaminada. Problemas um que se arrasta atrás do outro. E muitas vezes a gente vendo a discussão de besteiras, de futilidades, de extravagâncias que o Ceará não merece. Que o povo do Ceará também não merece.
- Dilma teria então palanque triplo no Ceará no primeiro turno em 2014?
- LL - Eu defendo uma proposta de palanque triplo para Dilma no Ceará não é uma proposta só daqui. Vários locais já estão saindo com esse tipo de procedimento, de saída política. No Rio de Janeiro, por exemplo, está se discutindo até quatro palanques. Seria o Crivella. O Garotinho. O Lindberg Farias. E o Pezão, candidato do atual governador Sérgio Cabral. Já se fala até de quatro palanques no Rio. E no Rio Grande do Sul deverá ter mais de um palanque. A Bahia também deverá ter mais de um palanque. Eu acho que o Ceará tem todo direito de ter mais de um palanque. Se não tiver é porque não se tive a coragem de se apresentar o projeto para o Estado do Ceará. Defendo que no pensamento coletivo esquecendo qualquer projeto individual. Pode ser qualquer pessoa do Partido dos Trabalhadores que seja. Quero é que o PT pleiteie a eleição. Nós precisamos construir a história. Nós precisamos mudar definitivamente a história desse nosso Ceará. Essa é a minha discussão. Estou fazendo essa debate.
- Como a senhora está pessoalmente após a saída da Prefeitura de Fortaleza e a derrota do seu candidato em 2012?
- LL - Estou passando por um momento pessoal de redefinição de muitas coisas na minha vida, do ponto de vista que fiquei muito tempo cuidando do mundo e pouco tempo cuidando de mim. Estou agora olhando mais para dentro de mim para poder entender toda essa experiência política. Comecei tudo muito jovem. O que tudo isso me trouxe? O que tudo isso me agregou? O que tudo isso me fez? Então as pessoas me chamam e perguntam. Você para ser candidata? Eu respondo que eu posso desde ser candidata a absolutamente nada, porque não tenho apego ao poder. Eu sinto essa liberdade. Cada vez mais sou uma pessoa física. Sai da Prefeitura. Sai de presidência estadual do PT. Enfim. Estou pessoa física cada vez mais e gostando desse momento também que estou vivendo. mas como também posso ser candidata a tudo, desde governadora a deputada federal. Isso é um processo de discussão interna no partido e de decisão pessoal minha. Eu acho que o momento da gente parar para fazer uma reflexão e vê qual a colaboração que a gente pode dar ainda, afinal de contas foram anos muito intensos. Foram 24 anos que eu poso dizer que foram a luta. Movimentos sociais e estudantis. Depois vereadora de Fortaleza. Depois deputada estadual pelo Ceará. Depois como prefeita de Fortaleza. Foram 24 anos interruptos. Comecei muito jovem. Enfim, acho que dei uma contribuição importante e espero que não pare. Espero que as conquistas que o povo teve não pare.
- É possível esta candidatura PT, mesmo a senhora sendo minoria no PT Estadual que defende apoio a aliança do Cid Gomes e Eunício Oliveira?
- LL - Na verdade eu sempre fui minoria no PT Estadual. É bom dizer para que as pessoas que foi só agora porque outro grupo ganhou. Eu acho que a gente tem que dialogar, mas mesmo sempre tendo sido minoria no PT Estadual. Eu fui presidente estadual por uma circunstância interna política por era prefeita naquele momento. Foi um pedido das lideranças do PT para que assumisse a presidência estadual, porque o PT ia se dividir em várias candidaturas internas e havia uma divisão muito grande do Partido. Então várias lideranças fizeram um apelo para que eu fosse a candidata a presidência estadual para unificar naquele momento. Então por isso fui presidente. Mas nunca fui maioria no PT do Estado. Isso é fato. Mas eu apelo porque não é só crachá que resolve o processo. Não é só com a dita força interna que se resolve os processos sociais. É preciso muito mais. Até porque que qualquer candidatura vingue é preciso que a gente esteja unido. O Partido unido. É todo mundo firme no mesmo ideal e todo mundo sabe dessa minha posição. Já tratei disso com o presidente Lula, tratei disso com a presidente Dilma. Com o presidente do PT Nacional Rui Falcão tenho conversado frequentemente com ele. Ou seja. É bom deixar claro. Não está no ponto de vista do PT Nacional a questão do Ceará está em aberto. E o PT Nacional na sua resolução da sua Executiva é que vai chancelar todos palanques estaduais para que depois não tenho problema de intervenção ou de ter mal estar dentro do Partido. É o PT Nacional que vai chancelar isso discutindo caso a caso cada Estado. Isso foi uma definição que tiramos pela Executiva Nacional. E lá por cima no PT Nacional isso é voz corrente do presidente nacional do PT, passando pelo Lula, passando pela presidente Dilma, é o seguinte: no Ceará ainda não tem nada definido. O presidente Lula colocou de forma muito clara. A situação do Ceará precisa ser olhada com muito carinho, porque aqui é uma situação delicada. Já que nós temos dois aliados nacionais que devem ser candidaturas próprias aqui. Então é isso. Esperar a força do povo e na lucidez do povo que muitas vezes nos ensina a vê, a perceber, a sentir. E é isso.
- Para o vice-presidente nacional do PT, deputado estadual José Guimarães se candidatar ao Senado não seria inviável uma candidatura própria do PT a governador?
- LL - Eu estou defendo uma tese até para que a gente consiga eleger para esta vaga no Senado é preciso que seja uma chapa petista. Isso é uma tese que eu defendo. Eu acho que ninguém vai carregar nossos problemas. Então nós mesmos do PT é que temos que tratar deles. Eu acho que isso ai poderia ser tranquilamente contemplada. Eu nunca achei a eleição era ajuntamento eleitoral. Presidente Lula na última eleição fez uma ressalva muito importante. Ele disse que nossa candidatura em 2012 ela teve uma força social maior do que a minha reeleição em 2008. E ele usou a seguinte expressão que ficou de forma muito clara, como ele normalmente fala de forma muito franca. Ele disse: em 2008 todos estavam com ela. Ou seja, os partidos aliados do PT todos estavam com ela. E ela ganhou a eleição no primeiro turno. Porém no 2012 o candidato que não era ela. Mas tivemos 47% dos votos e todos estavam contra ela. Então ele coloca isso como momento de força social muito grande que nós conseguimos que de certa forma que a cidade entendesse o processo que ela estava vivendo. Tem muita água que vai rolar ainda. Tem que ter muito humilde para entender a conjuntura. Muita humildade para compreender realmente o que está acontecendo. E eu tenho uma coisa assim: nada disso importa se não souber combinar com o povo. Você tem que combinar essas coisas com o povo. Fortaleza não pode ser desprezada. Porque Fortaleza é o primeiro colégio eleitoral. É onde se concentra um terço dos eleitores e onde se erradia uma politização da eleição sempre. Isso sempre se dá em todas as eleições. Não podemos fazer de conta que Fortaleza não existe. Numa última pesquisa que o PT fez que eu tive acesso e o presidente Rui Falcão me mostrou o Ceará chega a 38% da preferência partidária do eleitorado. Isso é a maior média nacional. Para se ter uma ideia a média é de 20, 28% e tem locais que chega até 8% pela preferência pelo PT. E aqui no Ceará chega a 38%. Eu tenho certeza que nosso governo, na nossa administração, o foco dela para as pessoas que mais precisavam foi fundamental para que o PT despontasse como a maior média nacional do Partido aqui no Estado do Ceará.
- O cargo de conselheira do BNDES para senhora foi uma cala-te-boca?
- Antes de ser convidado para ser conselheira do BNDES eu fui convidada pelo presidente Dilma para ser assessora do Ministério das Mulheres. Houve esse convite inicial. Ela pediu que a ministra entrasse em contato comigo. Logo em seguida me reuni com a ministra. Me reuni com a presidente Dilma. Fiquei muito feliz e honrada com o convite. Mas devido estava com um impedimento de ser presidente estadual do PT aqui. Não podia sair totalmente da cidade. E também pelo fato de eu ter que morar em Brasília. Então eu agradeci muito, de coração e tudo, mas disse para a presidente que noutro momento eu poderia assumir essa missão, mas que naquele momento eu estava determinada a terminar meu mandato na presidência do PT Estadual e também cuidar do meu mestrado, por exemplo. Ai acabou com essa questão do Conselho do BNDES causou várias coisas, inclusive a necessidade de estar presente também no mestrado que passei recentemente na PUC do Rio de Janeiro. Então eu acho que isso. A gente fica a disposição do BNDES. Já participei de reunião do BNDES. A gente fica a disposição. A gente como conselheira fica a disposição a qualquer momento o Banco chama os conselheiros. A gente se reúne. No momento agora mesmo fui chamada para uma reunião extraordinária. Há todo momento que o banco precisa a gente precisa está ligada. Está ligada nos projetos. Fui inclusive agora estudar ciências atuarias para poder compreender e poder dar a minha contribuição como conselheira.
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