Experiente e polêmico, Renato Modernell, de 60 anos, é audacioso ao falar da relação entre o texto jornalístico, a ficção e o entretenimento. Com um currículo invejável, o jornalista, professor e escritor teve passagem por alguns dos principais veículos do país. Aos 18 anos, esse gaúcho nascido na cidade de Rio Grande, no extremo sul do Brasil, radicou-se em São Paulo, onde se formou em jornalismo. Modernell foi colaborador da Folha de S. Paulo na Itália, trabalhou em diversos jornais e revistas, como Quatro Rodas, Globo Ciência, Época e Caminhos da Terra, dedicando-se, sobretudo, às reportagens de viagem.
Seu fascínio e inspiração em escrever sobre o tema estão relacionados à sua origem. “Fui criado dentro de um hotel de veraneio, vendo pessoas chegarem e partirem. Desde criança minha vontade era essa, mover-me pelo mundo, como os hóspedes do hotel da nossa família”.
Não é à toa que o escritor mistura em seus trabalhos o jornalismo e a ficção, sentindo-se à vontade dentro do jornalismo literário, algo que domina plenamente. Ganhador de duas edições (1989 e 2013) do Prêmio Jabuti, o mais conceituado no Brasil, é professor da Academia Brasileira de Jornalismo Literário (ABJL) e do curso de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Além disso, Modernell ministra oficinas de escrita criativa desde 1990. Ele é enfático ao se referir à importância de recursos criativos e envolventes na construção de um bom texto. “Vamos fazer um paralelo com a culinária: por que um prato saboroso não pode ser também nutritivo? Se separarmos essas duas coisas, os melhores restaurantes seriam os dos hospitais, onde há nutricionistas de avental branco. Não queremos jornalistas de avental branco. O mundo ficaria insuportável”.
Com um texto leve, inteligente, coerente e ao mesmo tempo informativo, o escritor, nascido em 1953, acredita que não deve haver, na essência, uma fronteira fixa entre o jornalismo e o entretenimento. Segundo ele, a época áurea do jornalismo, no Brasil, a década de 1960, caracterizou-se por matérias que sabiam conciliar as funções informativa e lúdica. “Acho que a palavra entretenimento não implica ou não devia implicar futilidade. As grandes reportagens da época informavam e envolviam o leitor ao mesmo tempo”, afirma.
Com um estilo inconfundível, o criador do conceito de “fatores de fabulação”, que estreita as fronteiras entre a realidade e a fantasia, analisa uma série de recursos de escrita que juntos, tornam-se, capazes de “ficcionalizar” o texto jornalístico.
Modernell conquistou seu primeiro Jabuti em 1989 com o romance “Sonata da Última Cidade”, ambientado em São Paulo. Ao se referir à ficção atrelada ao contexto jornalístico, o autor de “A notícia como fábula: Realidade e ficção se confundem na mídia”, livro ganhador do terceiro lugar na categoria Comunicação do Prêmio Jabuti 2013, acredita que um texto eficaz, assim com um voo de um pássaro, desafia os limites territoriais entre a realidade e imaginação.
O outro livro ganhador do Jabuti foi lançado em 2012 pela Editora Mackenzie e pela Summus Editorial. Nele o autor examina os textos jornalísticos que provocam a fusão entre a fantasia e a realidade, um fenômeno misterioso que faz pensar nas múltiplas versões, não necessariamente falsas, mas díspares, de um acontecimento. Dividida em 15 capítulos, a obra faz reflexões sobre a profissão e o trabalho dos jornalistas, passeando pelos domínios da filosofia, da mitologia e da arte. “Posso dizer que a obra surgiu de uma inquietação pessoal que nunca me abandonou ao longo da minha carreira como jornalista, dentro de um universo impreciso e fascinante no qual tive grande contato”, ressalta o autor.
O tema dessa obra deriva do trabalho de mestrado concluído em 2004, na ECA-USP. No livro, o escritor fala sobre algo que sempre o atraiu: o limite entre o que se inventa e que se reproduz na mídia, uma grande fusão entre a fantasia e a realidade.
Na área da ficção, o autor acaba de publicar o último livro de sua Trilogia Transversal, que propõe um novo olhar sobre a vida de grandes personagens da cultura universal, como Marco Polo, Cristóvão Colombo, Jesus Cristo e os Magos. Essas três obras são “Mare Magnum”, “Gird” e “Viagem ao Pavio da Vela. Na obra do autor também se destacam os títulos “Sonata da Última Cidade” (Jabuti em 1989), “Meninos de Netuno” e “Che Bandoneón”.
Sobre o Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie pelo segundo ano consecutivo (2012/13) foi avaliada como a melhor instituição de ensino privado do Estado de São Paulo, de acordo com o Ranking Universitário Folha de São Paulo\RUF. O Mackenzie ainda está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.
Informações para a imprensa:
Assessoria de imprensa: Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação
Comentários
Postar um comentário