Adriana Ferraz e Fernanda Bassette - O Estado de S. Paulo
Apenas um médico estrangeiro foi reprovado na avaliação aplicada na semana passada pelo Ministério da Saúde aos profissionais selecionados pelo Mais Médicos. Zoehir Maadarini, nascido no Líbano e formado na Ucrânia, não atingiu 30% de desempenho. Ele trabalharia em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, mas foi desligado do programa. Outros 11 obtiveram conceitos insatisfatórios e ficaram de recuperação.
Foto: Tomaz Silva/ABR
Estrangeiros visitam centro de exames no Rio; avaliação foi feita durante curso
Ao todo, 682 médicos intercambistas - nascidos ou formados no exterior - foram avaliados em três semanas de treinamento. De acordo com o governo, o conjunto de exercícios e atividades desenvolvidas teve 40% de participação no exame. A nota restante veio da prova, formada por três questões com foco em conhecimentos no português. Os médicos em recuperação tiveram rendimento entre 30% e 50%. Somados ao libanês reprovado, representam apenas 1,7% do total.
Os profissionais em recuperação serão submetidos a mais duas semanas de treinamento com aulas de reforço em Brasília. São três cubanos, dois bolivianos, dois dominicanos, um russo, um hondurenho, um mauritano e um argentino.
Em seguida, devem ser novamente avaliados para então receber ou não aval para trabalhar no País. Da lista, quatro estão selecionados para atuar em cidades paulistas: dois no Guarujá, no litoral, um em Guarulhos e o outro em Arujá, ambas na Grande São Paulo. O restante tem compromissos assumidos em Roraima, Pará, Amazonas, Bahia e Mato Grosso.
Trabalho. A previsão é de que os aprovados no Mais Médicos comecem a atender nesta segunda-feira. Mas o prazo pode ser alterado, caso os registros de trabalho não sejam concedidos ou problemas na documentação sejam identificados.
No Guarujá, por exemplo, eram esperados sete estrangeiros, mas somente três chegarão às unidades de saúde na próxima semana. Além dos dois profissionais em recuperação, um desistiu e a participação do outro está ameaçada por problemas relativos à documentação. Para piorar, os quatro brasileiros selecionados declinaram das vagas. De 11 médicos confirmados no início, somente três permanecem.
A prefeitura de Arujá informou que não sabia que o médico destinado à cidade estava em recuperação, pois recebeu um e-mail nesta quinta-feira, 19, do profissional dizendo apenas que o curso teria duração de mais duas semanas. Ao ser informado pelo Estado, o município lamentou, pois já estava com consultório e alojamento preparados para receber Budeidi Mohamed, que nasceu na Mauritânia.
Em Franco da Rocha, a prefeitura solicitou 19 profissionais, teve três vagas contempladas, mas só terá o trabalho de uma estrangeira. Com a reprovação de Maadarini, uma médica de Honduras será a única representante do Mais Médicos na cidade, uma vez que um brasileiro inscrito não foi liberado pelo Exército para assumir.
O secretário municipal de Saúde, Luiz Fernando Tofani, ameniza os problemas. "A reprovação demonstra a seriedade do programa, pois, apesar da necessidade do provimento das vagas, o Ministério da Saúde não está preocupado apenas com números, mas com a qualidade da assistência", disse. A cidade é governada pelo PT.
Também administrada pelo PT, Guarulhos não demonstrou frustração pelo fato de a estrangeira indicada para trabalhar na cidade ter ficado de recuperação. Pelo contrário, o município considera o tempo extra de ensinamento bom, pois a profissional russa precisa adquirir conhecimentos de português para conseguir atender pacientes da rede pública. Angelika Ivanona vai atender famílias que moram na região de Cumbica, nas proximidades do Aeroporto Internacional.
Os médicos vão atuar na atenção básica, com foco no Programa Saúde da Família (PSF). O salário pago pelo governo será de R$ 10 mil, mas o rendimento poderá passar de R$ 12 mil, somados benefícios como auxílio-moradia e vale-alimentação. / COLABOROU BRUNO DEIROS
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