JAMIL CHADE / LONDRES, ENVIADO ESPECIAL - O Estado de S.Paulo
Borussia Dortmund e Bayern de Munique se enfrentam hoje em Londres na final da Copa dos Campeões, no epílogo do maior torneio do mundo e que servirá de coroamento do futebol alemão. Mas a disputa também será entre duas visões e histórias diferentes do futebol. De um lado, a tradição, superpotência e até a arrogância do Bayern, que não pode sobreviver sem títulos. De outro, a juventude e humildade do Borussia, que renasceu das cinzas depois de quase ser dissolvido há dez anos e hoje revoluciona o esporte. "Os alemães darão o espetáculo e o mundo admirará", disse o francês Michel Platini, presidente da Uefa.
O Bayern assume o papel do grande favorito na primeira final da história entre dois times alemães. Está na decisão pela terceira vez em quatro anos, mas perdeu as duas anteriores - para a Inter em 2010 e para o Chelsea ano passado. Agora, está convencido de que chegou o momento da conquista. "Somos mais fortes e melhores que o Borussia", disse Ribéry. "Somos maduros e desenvolvemos bem o time. Não existe motivo para não ganhar", afirmou Phillip Lahm. Thomas Müller foi ainda mais claro: "Não vejo ponto fraco em nosso time."
O sentimento de favoritismo não ocorre por acaso. O time bateu a Juventus duas vezes por 2 a 0 nas quartas de final e fez 7 a 0 nos dois jogos contra o Barcelona nas semifinais. No Campeonato Alemão quebrou 20 recordes, consagrando-se campeão com 25 pontos de vantagem sobre o Borussia, 98 gols a favor e 18 contra.
O técnico Jupp Heynckes lutará por seu segundo título na competição - ganhou com o Real Madrid em 1998. Ao final da temporada, em que ainda poderá ser campeão da Copa da Alemanha (a final será contra o Stuttgart), ele deixará o clube e abrirá espaço para Pep Guardiola, que foi contratado no começo do ano - quando a diretoria não tinha ideia de que o time conseguiria resultados tão impressionantes como vem conseguindo.
Na temporada, Bayern e Borussia se enfrentaram quatro vezes. Foram duas vitórias do time de Munique e dois empates. Do outro lado do campo, o Borussia quer criar a maior surpresa do ano. Há apenas uma década, o clube esteve à beira da falência e foi salvo, ironicamente, por um empréstimo milionário do Bayern. Em 2007, o time se salvou por um ponto do rebaixamento. Agora, está prestes a conquistar a Europa. "Renascemos das cinzas. É uma história incrível", declarou o técnico Jurgen Klopp.
Em uma jogada que mistura humildade e a estratégia de aumentar a pressão sobre o Bayern, Klopp disse que seu time não é o favorito. Os jogadores também adotaram um tom radicalmente diferentes dos rivais da Baviera.
"É a maior oportunidade de nossas carreiras", disse o zagueiro Hummels - que interessa ao Barcelona.
Desfalque. Se o time de Munique é uma multinacional com o francês Ribéry, o holandês Robben, o brasileiro Dante, o croata Mandzukic e o espanhol Javi Martínez, o de Dortmund é praticamente uma fabricação caseira. Para compensar a qualidade dos adversários e usar a juventude dos seus jogadores, Klopp colocou toda sua energia na velocidade do time.
Um de seus principais treinos é fazer a equipe chegar em oito segundos de seu campo ao gol adversário.
A frustração do lado do Dortmund será a ausência do "Messi alemão", Mario Götze, contundido. Ele vai jogar pelo Bayern na próxima temporada, numa operação que custou 37 milhões (R$ 68,8 milhões).
Götze sofreu uma contusão muscular no começo do segundo jogo contra o Real Madrid pela semifinal.
Mas o Borussia, apoiado por uma classe trabalhadora, está acostumado com drama. A região é a que apresenta a maior taxa de desemprego da Alemanha e as indústrias se mudaram. "As pessoas perderam tudo na região. A única coisa que têm é o Borussia", disse o diretor de marketing Carsten Cramer.
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