Greve nas obras da CSP

LAURIBERTO BRAGA / FORTALEZA , ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo

Há uma semana em greve, os trabalhadores da construção da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará bloquearam, na manhã de ontem, o quilômetro 40 da CE-085, que dá acesso às obras, em São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral do Ceará, Raimundo Nonato, informa que o protesto foi feito por 250 dos 2,5 mil operários da obra.

A manifestação durou a manhã toda e causou grande engarrafamento. Ao meio-dia os operários voltaram para a porta do canteiro de obras e fizeram novo protesto. Eles reivindicam o cumprimento de acordo coletivo que prevê reajuste salarial superior a 20% e ganhos sociais, ainda não cumpridos pelo consórcio que constrói a siderúrgica.

Com a paralisação, as obras podem atrasar. O início da operação da siderúrgica está marcado para 2015. O consórcio promete para até a próxima semana pagar o acordado com os trabalhadores e acabar com a greve.

A Siderúrgica do Pecém é resultado de uma parceria entre a empresa brasileira Vale a as coreanas Dongkuk e Posco. Ela será a primeira usina siderúrgica integrada do Nordeste e pretende na primeira fase produzir 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano, com investimento estimado inicial de US$ 4,2 bilhões. A produção vai abastecer o mercado internacional.

A construção estará até 2013 em obras civis. Em 2014, serão concluídas as obras de montagem e de instalação de equipamentos para início de operação em 2015. Em toda fase de construção, a siderúrgica estima gerar 23 mil empregos - 15 mil diretos e 8 mil indiretos.

A siderúrgica já recebeu todas as licenças ambientais com o compromisso de investir cerca de 25% (US$ 1,05 bilhão) dos US$ 4,2 bilhões em equipamentos modernos para controle e monitoramento das emissões atmosféricas, descarte de efluentes e gerenciamento de resíduos.

A localização da Siderúrgica no Pecém é estratégica, já que está se beneficiando da infraestrutura instalada na área, que inclui fácil acesso marítimo, malhas ferroviária e rodoviária, além da disponibilidade de energia, abastecimento de água e sistema de descarte de efluentes.

Em nota divulgada ontem, a Companhia Siderúrgica do Pecém informa que na segunda-feira haverá uma rodada de negociação com os grevistas. Até lá, está valendo a liminar concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7.ª Região, que impede "qualquer ato, inclusive manifestação e/ou assembleia que impeçam o acesso dos empregados que desejam trabalhar".