Qual pai ou mãe não fica agoniado ao ver o filho ranger os dentes enquanto dorme? Estudos apontam que - três em cada dez crianças até 12 anos - apresentam distúrbios do sono. E entre os problemas mais comuns está o bruxismo – também conhecido como briquismo.
O hábito de apertar ou ranger os dentes inconscientemente tem aumentado entre as crianças, afirmam os médicos. Crianças de 3 a 6 anos costumam apresentar o bruxismo, o que por vezes assusta e preocupa os pais. “Antes eram os profissionais que, numa consulta por outro motivo, notavam que a criança estava rangendo os dentes. Agora é a família que percebe o problema e procura ajuda”, conta a psicóloga especialista em medicina do sono, Kárdia Lacerda.
O problema que acontece tanto de dia quanto de noite traz um forte desgaste dentário e em alguns casos, causa muita dor como consequência da contração muscular anormal. Além disso, o ranger de dentes pode criar problemas em nível da ATM (Articulação Temporo Mandibular) e provocar situações como enxaquecas, problemas de ouvidos, stress, ansiedade, depressão, etc.
As causas do bruxismo são multifatoriais e ainda pouco conhecidas. Fatores sistêmicos também ocasionam o bruxismo, como asma, rinites, alergias respiratórias e dormir de boca aberta. Em relação às crianças, segundo a psicóloga, o bruxismo ainda é pouco explorado. Ela explica que alguns estudiosos acreditam que o problema seja apenas um fator mecânico. Ou seja, como a criança tem a fase de troca dos dentes, e alguns ficam em tamanhos diferentes, a mandíbula do queixo, que é móvel, procura um ponto de equilíbrio durante essa instabilidade, daí o surgimento do hábito. Mas a experiência e pesquisas recentes mostram outro lado importante: o fator emocional.
Pesquisas revelam que crianças bruxômanas tem alguma das seguintes características: ansiedade; hiperatividade; alergias respiratórias. Em grande parte dos casos, o bruxismo infantil está relacionado com alguma alteração de rotina da criança. Isso pode aparecer em épocas de provas, competições escolares ou em períodos de dificuldade de aprendizagem, situações comumente associados a uma cobrança, seja dos pais, da escola ou mesmo uma auto-cobrança.
“Hoje em dia, com as crianças realizando cada vez mais atividades extra-escolares, não é difícil desenvolver uma cobrança interna ou externa, mesmo que quase inconscientemente. Crianças hiperativas também são vítimas frequentes do bruxismo. Por isso, é de extrema importância o olhar atento por parte dos pais e/ou cuidadores a qualquer tipo de alteração comportamental”, afirma a psicóloga.
Alguns fatores externos também podem agravar o problema, como dormir de luz acesa, com a TV ligada ou ficar muitas horas no computador antes de deitar. “Esses estímulos sonoros e luminosos interferem no ciclo do sono, mesmo que a criança não acorde, e podem ser um gatilho para o bruxismo”, diz a especialista. Por isso, um ambiente tranquilo para o descanso ajuda no bem-estar da criança.
Em relação ao tratamento não há uma única fórmula. Por ter causas multifatoriais – o tratamento deve ser individualizado para cada paciente. O Centro de Estudos do Sono (CESF) conta com uma equipe multidisciplinar qualificada e com os equipamentos necessários para os exames. Dentre eles: a polissonografia – exame capaz de emitir um diagnóstico preciso.
Serviço:
CESF – Centro de Estudos do Sono de Fortaleza
End.: Rua Carolina Sucupira, 1151. 2º andar - Aldeota.
Tel.: 3261.1887
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