Para grevistas, paralisação prejudicará divulgações do IBGE; Instituto nega
Servidores do instituto, que faz as pesquisas de emprego, estão em greve e pedem reajuste salarial de 22%; IBGE afirma que trabalhadores temporários darão conta dos prazos
26 de julho de 2012 | 12h 34
Agência Estado e Reuters
RIO - Os servidores em greve do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dizem que não contestam a qualidade dos dados divulgados da Pesquisa Mensal de Emprego de junho, mas alertam que as próximas divulgações serão prejudicadas caso a paralisação permaneça. Já o diretor-executivo do instituto, Nuno Bittencourt, garantiu que os próximos levantamentos não serão prejudicados, nem divulgados com atraso.
Segundo Susana Drumond, diretora do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE), o processo de coleta vem sendo realizado por trabalhadores temporários, que não possuem a mesma capacitação dos técnicos concursados. A supervisão do trabalho de coleta e codificação das informações nas regiões pesquisadas também está comprometida, porque vem sendo feita à distância, pelo Rio de Janeiro, defende Susana. O diretor-executivo do IBGE, contudo, ressaltou que o IPCA-15, que é calculado em 11 regiões do País, foi divulgado na semana passada, sem comprometimento de qualidade, em meio à greve dos servidores.
"Se os trabalhadores estão em greve, alguém está produzindo os dados. E são os trabalhadores temporários. O quadro técnico do IBGE tem formação e capacitação, que a cada dia melhora. O temporário não tem a mesma qualificação", declarou Susana.
No dia 1º de agosto, o Instituto deverá divulgar os dados sobre a produção industrial em junho, e, no dia 8, os do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo Bittencourt, não há chances de que os números não sejam divulgados. "A pesquisa industrial está sendo finalizada e não há problemas na transmissão dos dados até o momento", afirmou.
A realização de um concurso público para preencher as vagas de nível técnico e reduzir a dependência do IBGE de trabalhadores temporários estão entre as reivindicações dos grevistas, que exigem ainda reajuste salarial de 22%, retroativo a 1º de maio. Outra preocupação dos grevistas é que, em três anos, 75% do quadro de servidores do IBGE estarão aptos a entrar com o pedido de aposentadoria.
O IBGE tem hoje 6.600 funcionários em todo o Brasil, sendo que 4.100 são trabalhadores temporários. "Somos contrários aos trabalhadores temporários na instituição, justamente porque ele afeta a qualidade dos dados", afirmou a diretora do sindicato.
A paralisação começou em 18 de junho nas unidades do Rio Grande do Sul, Piauí e Amapá, estendendo-se no dia 25 do mesmo mês para o restante do País, segundo o comando de greve. Apenas Ceará e Rondônia não teriam aderido ao movimento. "A greve vai afetar os índices. Somos nós que estamos na produção. Alguns estados têm os dados, outros não terão", disse Susana.
Segundo a Coordenação de Comunicação Social do IBGE, as próximas divulgações de indicadores estão mantidas, sem prejuízo de informações coletadas por enquanto.
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