Diário do Nordeste - A equipe do documentário de longa metragem sobre Padre Antônio Vieira vem ao Ceará nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro. Serão feitas as últimas filmagens em terras cearenses para o documentário de 120 minutos, que deverá estar pronto para ser exibido a partir de setembro próximo. O idealizador do documentário é o navegador, escritor, investigador e professor Antônio Abreu Freire. O documentário é realizado pela Fundação Nagib Haickel do Maranhão e produzido pela Mutante Filmes de São Paulo.
O filme terá duas dezenas de comentadores de vários países, especialistas em Padre Antônio Vieira, assim como cenas filmadas com atores nos espaços por onde andou o religioso. No Brasi,l as filmagens já foram feitas com comentadores em São Paulo e estão agora acontecendo em Salvador. Na próxima semana será em Recife e no início de fevereiro no Ceará, na Serra de Ibiapaba. As filmagens serão finalizadas no Brasil em São Luís do Maranhão em 8 de fevereiro
Em seguida serão gravados depoimentos de especialistas de Vieira no Canadá e Estados Unidos (onde há várias Universidades com cátedras sobre Padre Antônio Vieira). Em março e abril próximos ocorrerão as gravações por onde andou o religioso na Europa (Portugal, Itália, Holanda e França).
Este será o primeiro documentário em cinema feito sobre Padre António Vieira e coincidirá com as comemorações dos 400 anos da fundação de São Luís e também da fundação do Ceará por Martim Soares Moreno (20 de Janeiro de 1612), destaca o professor Antônio Abreu Freire.
O professor realizou uma expedição marítima comemorativa aos 400 anos de Padre Antônio Vieira. Refez em 2007-2008, com mais seis tripulantes os percursos do padre jesuíta português, no veleiro sueco Chic Howick, de 14 metros de comprimento. “Foi uma arriscada aventura”, conta Antônio Abreu Freire. Mas a aventura foi bastante produtiva rendendo até agora cinco livros, uma exposição de painéis fotográficos, conferências e o projeto do documentário que está em fase de finalização.
Conta o professor Antônio Abreu Freire que Padre Antônio Vieira faz parte da história, da lenda e da literatura. Para o professor o cruzeiro realizado há em 2007-2008 pretendeu repetir a epopéia de Padre Antônio Vieira. “Demos uma melhor dimensão do gênio do Padre Antônio Vieira”, relata em seu livro “Diário de Bordo”, escrito ao longo da viagem.
A epopéia que está rendendo o documentário a ser exibido a partir de setembro deste ano, começou em 17 de março de 2007. Fez escala em Cabo Verde e chegou a Salvador em 30 de abril daquele ano. Em seguida partiu para os portos de Recife, Camocim, São Luís e Belém. Nesses portos, o professor percorreu os espaços por onde Padre Antônio Vieira exerceu as atividades de educador, político, pregador e missionário.
Antônio Abreu Freire descreve a vida de Padre Antônio Vieira como uma história de projetos inacabados e de paixões sublimes. Segundo ele, ao longo de sua existência (1608-1697), Padre Antônio Vieira, passou por espaços que foram e continuam emblemáticos. Cita que Padre Antônio Vieira atravessou o Oceano Atlântico por sete vezes, fez 15 grandes viagens marítimas, foi vítima de piratas e ainda naufragou. O professor destaca que nada disso fez Padre Antônio Vieira desistir de enfrentar o seu destino de cidadão do Mundo.
Sobre a expedição de 2007-2008, professor Antônio Abreu Freire lembra que enfrentou muitas dificuldades. Mas apesar de tudo, conforme ele, as alegrias foram tantos que compensaram os percalços. “Vencemos todos os momentos difíceis em que faltou dinheiro, que fomos assaltados e que corremos riscos de perder a vida”, relata. Para ele o importante foi que foi feita a viagem e foi realizado o projeto de prestar a homenagem a Padre Antônio Vieira, que para o professor é o “maior luso-brasileiro de todos os tempos”.
Quanto a passagem por Camocim, o professor descreve que Padre Antônio Vieira ficou embelezado. O religioso, diz o professor, ficou absolutamente assombrado com a beleza de Camocim. Padre Antônio Vieira chegou a retratar Camocim da seguinte maneira: Depois que se chega ao alto delas (Serra da Ibiapaba) pagam muito bem o trabalho da subida, mostrando os olhos um dos mais formosos painéis que porventura pintou a natureza em outra parte do mundo, variando de montes, vales, rochedo e picos, bosques e campinas dilatadíssimas, e de longes do mar no extremo dos horizontes. Sobretudo, olhando do alto para o fundo das serras, estão se vendo as nuvens debaixo dos pés que, como é coisa tão parecida com o céu. Não só causam saudades, mas já parece que estão prometendo o mesmo que se vem buscar por estes desertos”.
Projetos
Uma nova expedição está planejada para 2012-2013. Desta vez para retratar as andanças do cientista Alexander Rodrigues Ferreira. De acordo com o professor Antônio Abreu Freire, Alexandre passou nove anos explorando a Amazônia, entre 1783 e 1792, deixando um espólio científico extraordinário.
Outro projeto é levantamento de dados para produção de livros, exposições e documentário sobre Martim Soares Moreno. A história mostra Martim como um militar com uma carreira de 45 anos de serviço ao Reino de Portugal. Para o professor Martim Soares Moreno foi um herói da restauração do Brasil, mas que ainda é desconhecido em Portugal.
Mais informações
Viagem da expedição do professor Antônio Abreu Freire sobre Padre Antônio Vieira
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