Ciro Gomes não poupou críticas ao Governo Dilma Rousseff. "Ela não tem uma coordenação estratégica. E o que nós vemos hoje é uma aliança PT, PMDB e PSB, meu partido junto, assentada na fisiologia. No curto prazo. Na conversa fiada. Quando não na p...!"
Eis a integra da entrevista que Ciro :
- O que está faltando para o Governo Dilma decolar?
- Falta projeto ao Brasil. Nós estamos melhorando se nós estivermos em atenção o retrovisor. Sabe como é! Você precisa olhar para o retrovisor, porque você vai num caminho aqui e de vez em quando precisa dar uma olhadinha. A bila do olho pra atrás. Se não perdeu o caminho acolá. Se não vem um trem para cima de você. Se for assim está tudo certo. Está melhorando. Agora se você olhar para frente e colocar na prática, saindo da metáfora para prática, se você comparar o Brasil primeiro com um standart como um padrão civilatório de êxito, o Brasil
- peca estrategicamente nas grandes questões.
- Quais estão questões?
- Eu destaco três. Um é o nível de poupança e de investimento. Você tem na Europa, que é uma economia razoavelmente cansada, onde se ganhar produtividade quase impossível. Você tem na Europa a média chega a 30, 35% do PIB de cada País em média como taxa de investimento para o ano que vem. Mal comparando é como se você comesse 65% do que você produz e guardasse 35% para melhorar de vida no futuro. No Oriente,
- capitaneado pela Chia, está acima de 50. 54% é a taxa da China. O Brasil tem 16%. No auge no Governo Lula, no melhor momento nós chegamos a 17,5%, 18% e com essa crise já retrocedemos para 16%. Isso não é suficiente. Porque se o Brasil crescer mediocrimente como vem crescendo, embora melhor. Nós estamos crescendo no último meio século, veja como é grave, 2,5% em média por ano.. Agora passamos a crescer quase 4%. Então melhorou muito. Só que se você crescer 4% você não cobre o ganho de produtividade que troca gente por máquina todo dia na Agricultura, na Pecuária, no Serviço e não a chegada de um milhão e setecentos mil garotos, rapazes e moças que chegam a mercado de trabalho por ano. E ai você tem essa coisa. Primeiro fundamento:
- poupança e investimento. Isso não é obra do acaso. Ao contrário do fatalismo neoliberal afirma, a taxa de investimento de um Páis nunca foi obra do acaso. É consequência de arranjos institucionais que a
- Política e somente a Polícia faz ou deixa de fazer. Faz bem feito ou faz mal feito. E tem a ver com Previdência, com Sistema Tributário, com modelo de crédito, modelo de mercado de capitais. No Brasil está tudo errado. Diria para você rigorosamente sem medo de exagerando. Tudo errado. O Sistema Tributário está errado. O Sistema Previdenciário está errado.
- O senhor tem dito isso para a presidenta Dilma?
- Eu não digo mais nada. Já cansei de dizer. Agora vou dizer publicamente. Volto a dizer está melhorando o Brasil, por isso eu apoio. Eu apoio o Lula. Eu apoio a Dilma e tal. Mas eu não apoio achando que o Brasil está indo para o paraíso, não. Porque não está.
- E o segundo fundamento?
- O segundo fundamento é coordenação estratégica entre Governo e Empresariado. Isso também é uma tarefa política. E institucional. Por exemplo, compras governamentais, substituição de importações e uma série de ferramentas que o Brasil puro e simplesmente não organiza. Sabe qual a encomenda estrangeira que o Brasil faz com dinheiro público federal, estadual e municipal na Saúde? De fármacos, camas de hospital, próteses, muleta, e essas coisas todas, chega perto de dez bilhões de dólares por ano. Coisa que poderia com engenharia reversa
- ser produzido com 80% disso a propriedade intelectual está vencida. O Brasil poderia está produzindo isso aqui lá em Irauçuba (Ceará). Poderia está produzindo no Interior do Pará, nesses lugares de grande pobreza, porque é compra govermamental. Você tem padrão tecnológico para isso muito simples. Então não tem essa coordenação estratégica. Pelo contrário. O empresariado prefere a linguagem do suborno na sua relação com a política. E os políticos gostam disso. Por média. É claro que há muitas exceções felizmente. Mas a relação é promíscua, é
- subalternada e não considera estrategicamente os interesses do Brasil.
- E terceiro?
- Terceiro o investimento em gente. No investimento em gente, o Brasil está três gerações tecnológicas defasadas em relação à ponta mundial. Três. Nós estamos na média do produto industrial brasileiro, produzindo com a geração avó da atual geração. E isso eu estou falando da segunda revolução industrial que já está se dissipando. Começa a terceira Revolução Industrial, nanotecnologia, biotecnologia, engenharia genética, novos materiais, super condutores. Isso a negada aqui não sabe nem o que nós estamos falando. Parece que eu estou
- falando grego ou aramaico. E os Estados Unidos já estão neste caminho, protagonizando, provavelmente, o domínio do Século XXI também. E nós ainda estamos aqui. O Brasil não tem uma montadora nacional. O Brasil
- não tem uma marca de eletroeletrônico nacional. A China já tem três marcas globais. A Córeia do Sul tem cinco marcas globais. O Brasil não tem nenhuma marca global. Sabe qual é a capacidade instalada de produção de automóvel do Brasil? É a sexta do mundo. Quatro milhões de automóvel. O Brasil tem três milhões seiscentos mil automóveis vendidos no ano passado. E nós não temos uma marca nacional. E nem consideramos. E essas marcas todas são montadas cada vez mais com o que eles chamam de global sorf, ou seja com componente nacional caindo. Você te dá um número: há meros dez anos atrás o Brasil já estava exportando 29% da sua pauta de exportação valor agregado, inteligência. Hoje, caiu para 14. Neste mesmo período há dez anos, a
- China exportava 11%. Hoje está exportando 20%. Então não vai bem. Tá melhor do que tava. Porque antes nós estávamos ruim e piorando e agora nós estamos ruim e melhorando. Mas essa velocidade de melhora e a
- inconsistência estratégica do País, que de novo, a política faz ou deixa de fazer. E o que nós vemos hoje é uma aliança PT, PMDB e PSB, meu partido junto, assentada na fisiologia. No curto prazo. Na conversa fiada. Quando não na putalaria.
- Para 2012?
- Vou ajudar o PSB no Ceará. E já estou fazendo isso por delegação do governador Cid. Vou ajudar a organizar os entendimentos no Interior, a partir do eixo do PSB, meu partido, com ênfase absoluta na preocupação que eu tenho com Fortaleza.
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