O líder do bloco PT-PSB na Assembleia Legislativa, deputado Welington Landim (PSB), pediu na sessão plenária da Casa d e hoje, que o Poder Executivo e as prefeituras cearenses realizem uma grande campanha educativa sobre a dengue em rádio, televisão, jornais e revistas. O Estado é um dos 16 com risco iminente de epidemia da doença, segundo o Ministério da Saúde (MS). Em 2008, quando a última epidemia aconteceu, foram 12 mortes. Nos dois primeiros meses de 2011, já foram nove. Ou por dengue hemorrágica ou por complicações do vírus. À época, apenas um tipo de dengue circulava. Atualmente, são quatro.
Welington disse ser testemunha do esforço dos prefeitos na realização de forças-tarefa para acabar com focos do mosquito transmissor. O Aedes aegypti reproduz-se até em água suja e com sal, e não apenas em água limpa e parada, como se pensava há pouco tempo. “Qualquer sintoma de virose, tem que se levar em conta que pode ser dengue. Principalmente em crianças e se tiver dor abdominal prolongada”, alertou Landim.
Como médico, o parlamentar sugeriu uma série de ações aos gestores públicos. Citou a necessidade de sensibilizar as donas de casa. De acordo com o MS, cerca de 75% dos focos de reprodução do mosquito estão dentro das residências, em caixas d´água ou recipientes.
Wekington Landim fez um histórica da dengue, tachando-a de uma doença secular. Nos tempos mais recentes a dengue chegou ao Ceará com mais veemência em 1986. Nos últimos 23 anos o dengue se manifestou de forma endêmica com o registro de quatro picos epidêmicos nos anos de 1987, 1994, 2001 e 2008. Destacam-se as epidemias de 1994 pelo maior número de casos confirmados e 2008 com o maior número de casos hemorrágicos da doença. Os primeiros casos hemorrágicos foram confirmados em 1994, com o registro de 12 óbitos.
Este ano a dengue já matou nove pessoas no Ceará. Irmãs cearenses morreram no Icó, Chorozinho, São Gonçalo do Amarante, Itaitinga, Quixadá, Caucaia, Acarape e Itapipoca, onde houve duas vítimas. Treze outras mortes ainda estão sob investigação. Welington Landim lembrou, ainda, que só este ano foram confirmados 3.182 casos de dengue em 144 municípios, sendo que 508 casos só em Itapipoca. Também houve um aumento no número de casos de janeiro para fevereiro deste ano nos municípios de Pacatuba, Guaiúba, Massapê, Santa Quitéria e Icó. Em Fortaleza ninguém morreu de dengue. Graças a Deus.
“Mas na Capital já foram confirmados 1.131 casos e outros 638 são suspeitos. Os bairros de Fortaleza que mais preocupam são Parangaba, Quintino Cunha, Conjunto Ceará, Grande Marechal Rondon, Barra do Ceará e Antônio Bezerra”, disse o parlamentar.
Welignton pediu que “antes que a dengue avance é preciso que haja ações mais eficientes dos poderes constituídos. Algumas providências já foram tomadas”. Em 2009 a Assembleia Legislativa aprovou dois projetos de sua autoria relacionados à campanha contra a dengue: o primeiro criou o Teledengue no âmbito da Secretaria de Saúde do Ceará, que tem o número grátis 0800 275 15 20. E o segundo projeto criou comitês educacionais nas escolas da rede pública de nível médio para colocar em prática campanhas de orientação e combate à dengue.
No último fim de semana o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve reunido em Fortaleza com os prefeitos cearenses e anunciou a liberação de mais 45 milhões de reais para ajudar no combate à dengue. O Ceará já recebeu 15 milhões de reais. Em todo o Brasil são 16 estados na lista das preocupações com a dengue.
Na sede da Secretaria de Saúde do Estado funciona desde ontem uma Sala de Situação Permanente para concentrar todas as informações sobre a dengue no Ceará.
Enquanto isso, a Secretaria de Saúde do Estado deflagrou uma megaoperação fumacê de combate ao mosquito transmissor da dengue na Região Metropolitana de Fortaleza e litoral cearense. São utilizados 20 carros fumacês, sendo cinco em Fortaleza e 15 no litoral cearense. Incluindo-se 10 carros enviados pelo Ministério da Saúde. Serão utilizados 11.850 litros de inseticidas.
O ministro Alexandre Padilha foi claro ao dizer que se foi o tempo que combater a dengue era só matar mosquito. Ele disse que “O importante para evitar óbitos é que os serviços da atenção básica estejam absolutamente capacitados para reconhecer e tratar a doença”. É aí, justamente, onde entra a responsabilidade dos estados, municípios e demais autoridades. Enquanto isso, o povo tem que contribuir. Somente em Fortaleza – só para se ter uma ideia – existem 200 mil depósito d`água sem tampa.
Para que haja um cerco à dengue são imprescindíveis três ações fundamentais para evitar a epidemia: a mobilização da comunidade, a vigilância epidemiológica para orientar as ações e a organização da rede de assistência, com capacitação dos profissionais de saúde. Importante que todos estão se engajando, como a Federação das Indústrias do Ceará, através do seu presidente, Roberto Macedo. A FIEC lançou a campanha “Indústria sem dengue”, que mobiliza 11 mil empresas no Ceará, ou cerca de 300 mil pessoas.
Os trabalhadores das indústrias são mobilizados a evitar a proliferação do Aedes aegypti tanto no trabalho como dentro de casa. Além de palestras e vídeos que vão orientar sobre os cuidados com a caixa d’água, tonéis, baldes, pneus, lixo, eles estão trabalhando esta semana com adesivos nos uniformes e equipamentos de trabalho.
Os trabalhadores das fábricas de alimentos vão exibir nos aventais e nas toucas adesivos com o tema da campanha “Indústria sem dengue”. Já os operários da construção civil carregarão nos capacetes os adesivos. Estão sendo utilizados um milhão de adesivos, 150 mil folders e panfletos, 200 mil cartilhas e dois mil DVDs educativos. A campanha inclui ainda o telamento de quatro mil caixas depósitos de água, onde são encontrados a maioria, 76,45%, dos focos do mosquito.
Hoje, o secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, já participou do lançamento da mobilização contra a dengue no Sindicato dos Bancários. A Defensoria Pública do Estado também se engajou no movimento. Ao todo são 22 instituições. “São ações criativas e a colaborativas como estas que o Ceará precisa. Que a sociedade civil continue se mobilizando”.
Em seguida, o deputado Welington Landim reivindicou motivação aos agentes de saúde. “Eles podem dar uma ajuda enorme, porque têm um conhecimento muito grande”, avaliou. Por fim, reclamou o cumprimento de uma lei de sua autoria aprovada no ano passado que cria comitês nas escolas públicas estaduais para tratar da temática da dengue.
Em aparte, o deputado Ferreira Aragão (PDT) afirmou que o número de subnotificações dos casos de dengue é alto. Por isso, os dados divulgados pelo MS não retratariam a realidade. “Muita gente se trata em casa mesmo. Temos que decretar uma guerra contra o mosquito. E urgentemente”, pontuou.
O deputado Moésio Loiola (PSDB) denunciou negligência do poder público em anos passados e sugeriu aos demais municípios cearenses a adoção do modelo de Viçosa do Ceará no combate ao Aedes aegypti. “O agente chega com uma lambreta, credenciamento e farda patenteada pela Prefeitura. Isto dá certa tranquilidade para quem abre a porta de casa”, comentou.
O deputado Carlomano Marques (PMDB) observou que o ovo do mosquito resiste quase um ano sem água para, na primeira chuva, eclodir. “Um dos maiores problema é a baixa remuneração dos agentes de saúde e o não pagamento de adicional de insalubridade. Isto desmotiva”, acrescentou o deputado Leonardo Pinheiro (PR).
A deputada Patrícia Saboya (PDT) lembrou do trabalho dos agentes de saúde na redução das taxas de mortalidade infantil no Ceará. Destacou a tramitação de projeto na Câmara Federal que trata do adicional por insalubridade da categoria. A matéria já foi aprovada no Senado. “Temos uma dívida com essas pessoas. Elas trabalham quase que voluntariamente, porque o salário é baixo e, muitas vezes, elas viram conselheiras das famílias”, encerrou.
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