DAIENE CARDOSO - Agência Estado
O PSB, que há algumas semanas começou a negociar a mudança do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (hoje no DEM) para suas fileiras, aguarda apenas a formalização da criação de um novo partido para discutir uma futura fusão. "É um partido novo que eventualmente se fundiria com o PSB", explicou o presidente do PSB em São Paulo, Márcio França. Nos bastidores da negociação, especula-se que o prefeito levaria não apenas o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, mas outros democratas de peso, entre eles o da senadora Kátia Abreu (TO) e Indio da Costa, ex-deputado federal e vice na chapa presidencial de José Serra.
As tratativas do PSB começaram com a investida sobre Colombo, que viabilizou o contato com Kassab. Como o prefeito poderá manter seu mandato mesmo se desfiliando do DEM, a preocupação de Kassab é estender a mesma garantia jurídica para seus aliados e evitar a perda de mandato por infidelidade partidária. "É uma possibilidade real sim", admitiu o deputado federal Rodrigo Garcia (SP) ao se referir à fusão com o PSB. Kassab já contratou dois escritórios de advocacia para cuidar da estrutura jurídica do novo partido, o PDB (Partido da Democracia Brasileira). "Essa é a primeira fase, que vai levar alguns meses", contou França.
As negociações estão sendo conduzidas diretamente pelo presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos. Segundo França, a saída de Kassab do DEM e a criação do novo partido seriam a brecha que muitos esperam para mudar de legenda. "Neste período podemos ter surpresas. Ele (Kassab) pode arrastar com ele mais do que se imagina", sugeriu França.
Debandada - Além dos aliados em São Paulo, Kassab poderia provocar uma debandada de democratas ilustres. Nos bastidores, os nomes citados são da senadora Kátia Abreu, que não esconde seu vínculo com o grupo de Kassab, Colombo e do presidente de honra do DEM, o ex-senador Jorge Bornhausen. "É claro que as pessoas com quem temos convergência devem refletir sobre isso", revelou o deputado Rodrigo Garcia, aliado próximo de Kassab. No entanto, Garcia ressalta que a prioridade do grupo no momento é buscar a conciliação interna na legenda. O partido corre atrás dos dissidentes para convencê-los a ficar, uma vez que é dada como certa a desfiliação de Kassab.
Kátia Abreu rebateu as especulações, que apontam seu nome como "articuladora financeira" da nova legenda. "Eu já fui Democrata, estou Democrata e vou dar voto de confiança ao meu líder Agripino (Maia, do Rio Grande do Norte, líder do DEM no Senado), porque ele é merecedor". A senadora tem evitado manifestações públicas sobre a crise interna no DEM. No entanto, assessores próximos dizem que a senadora ainda não tomou uma decisão. Procurado, Indio da Costa - apontado como negociador político do novo partido de Kassab - não retornou às ligações.
Cauteloso, França aguarda as negociações ganharem consistência para comemorar a incorporação de Kassab e seus aliados. Ele lembra que inúmeros boatos sobre o destino de Kassab ganharam grande repercussão sem que nenhum deles se confirmasse. "Ele já teve várias ideias, então é preciso ter um certo resguardo em relação a isso", justificou. Caso as negociações avancem nos próximos meses, o PSB terá de aprovar a proposta em congresso com os filiados.
Negociações paralisadas - Enquanto a aproximação com o PSB avança, as conversas com o PMDB estão paralisadas. O presidente da Comissão Provisória do PMDB de São Paulo, deputado estadual Baleia Rossi, afirmou que as negociações do partido com Kassab seguem sem novidades e que o partido esperaria uma posição do prefeito paulista até 15 de março, quando o DEM realiza sua convenção nacional.
Quanto às negociações de Kassab para fundar outro partido, Baleia desconversou: "Ele tem muito tempo até o dia 15 de março para avaliar as alternativas, só posso dizer que com o PMDB não mudou nada". Há cerca de 15 dias, o pai de Baleia, ministro da Agricultura Wagner Rossi, declarou que Kassab seria um bom quadro para o PMDB, mas que ele não seria um "cacique" caso fosse para a sigla. A declaração teria afastado o prefeito paulistano do PMDB e feito com que ele optasse pela ideia de fundar o PDB e estreitasse relações com o PSB.(Colaboraram Gustavo Porto e Célia Froufe)
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