"Apreciar o som da água que cai da torneira, o toc-toc na porta, a buzina do carro na rua, a voz do personagem daquele desenho preferido que passa na TV. O que para muitos é algo comum, sem importância, para quem nunca ouviu são grandes descobertas. E dia após dia, pacientes beneficiados com o implante coclear vão descobrindo o prazer da audição.
É o caso de Nicole, de 7 anos. Ela recebeu o implante coclear no dia 31 de julho de 2010, quando o serviço foi iniciado no Hospital Geral de Fortaleza, HGF. Em outubro, após a cicatrização, o aparelho foi ativado e Nicole começou a ouvir os primeiros sons. A partir da ativação, Nicole aprende novos sons a cada dia. Diferencia, identifica e reproduz o que ouve. A descoberta mais recente é a música, que desperta a curiosidade e a admiração da pequena ouvinte.
Nicole nasceu com deficiência auditiva. Durante 4 anos, usou o aparelho amplificador, mas sem um bom resultado. A mãe dela, Francineide, conta que as duas se entendiam por gestos, mas agora, tudo é diferente. O mundo cresceu diante do novo sentido. A comunicação abriu novos caminhos. É o começo de uma nova vida para mãe e filha.
Seu João Praciano Serra, de 62 anos, deficiente visual e auditivo, teve a felicidade de voltar a ouvir após dois anos de um angustiante silêncio. Ele recebeu o implante no dia 3 de setembro e ativou o aparelho em outubro de 2010. O sorriso da companheira Ana Maria Távora, foi o primeiro som que ele identificou. “Ouvi o sorriso mais bonito do mundo”, disse ele. Seu Praciano perdeu a visão por conta de um glaucoma. A perda auditiva gradativa começou aos 30 anos até que os sons sumiram de vez. Para se comunicar, ele desenvolveu com a companheira uma linguagem própria, que mistura o braile com a LIBRAS. Os sinais da LIBRAS são sentidos através do tato. Perguntado sobre como é ouvir de novo através de um aparelho, ele responde: “o som é diferente, mas eu tenho que me acostumar”. Hoje, o caso de seu João é considerado um dos casos mais bem sucedidos.
Nos dias 17, 18 e 19 de janeiro de 2010, todos os pacientes que receberam o implante devem retornar ao Serviço de Otorrinolaringologia do HGF. Quem ainda não ativou o aparelho, vai ativar. Quem já ativou, vai fazer um mapeamento, ou seja, verificar o quanto já evoluiu e qual será o próximo passo na reabilitação.
O HGF foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgias para implante coclear em dezembro de 2009. Em 2010, o hospital realizou 24 implantes cocleares, meta estabelecida pelo Governo Federal. Segundo o chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do HGF, Deodato Diógenes, para 2011, a previsão é ampliar o número de implantes realizados. O novo número deve ser definido pelo Governo Federal.
O implante coclear é realizado pelo SUS desde 2000 e o Ministério da Saúde investe R$ 45,8 mil para o atendimento de cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece o ouvido biônico, uma prótese que é implantada por meio de cirurgia no ouvido de pacientes com deficiência auditiva. O equipamento auxilia o cérebro a interpretar os estímulos sonoros, devolvendo o sentido ao paciente. Já há 17 unidades de saúde com capacidade para realizar o procedimento. Além do Ceará, elas estão no Distrito Federal e nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, e Rio de Janeiro.
Um ouvido artificial
O implante coclear é um equipamento computadorizado colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além do dispositivo, o aparelho é composto por um processador de fala que fica fora do ouvido. É como se fosse um microfone captando o som do ambiente. O funcionamento do implante coclear é diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), uma vez que ele cria a possibilidade de o usuário perceber o som em vez de só aumentá-lo.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação HGF – (85)3101-7086
Gilda Barroso, jornalista - (85)9925-5762
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