"Os bancos de desenvolvimento saíram fortalecidos da última crise financeira internacional. Esta é a opinião do presidente da Associação Latinoamericana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (Alide) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Roberto Smith.
Ele iniciou ontem as atividades da 40ª Reunião Ordinária da Assembleia Geral da Alide, que reúne até hoje, na sede do BNB, representantes de instituições financeiras internacionais e autoridades locais para discutir o tema “O Financiamento do desenvolvimento latinoamericano além da crise: Novas áreas de atuação dos bancos de desenvolvimento”.
Na oportunidade, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que proferiu a palestra de abertura, disse que os bancos de desenvolvimento desempenharam uma importante função anti-cíclica, contrabalanceando a contração do crédito privado, fato relevante para a superação da crise.
Ele prevê um crescimento da economia brasileira em 5,5% a.a, no período de 2010 a 2014, puxado principalmente pelos setores de petróleo e gás, energia elétrica, logística, construção de casas e agronegócio. Coutinho destaca como grandes desafios para o País a necessidade recuperar e qualificar o planejamento de longo prazo, o desenvolvimento da capacidade de inovar e competir da indústria manufatureira e de sua presença internacional, bem como o incentivo à inovação voltada para a sustentabilidade social e ambiental, entre outros.
Para a chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Ana Teresa Holanda de Albuquerque, também presente no encontro, o novo papel dos bancos de desenvolvimento passa pela atuação em atividades complementares às dos bancos comerciais privados, como capitais de curto prazo para agricultura e às exportações, e desenvolvimento de infra-estrutura para integração entre países vizinhos, entre outros.
Segundo ela, a redução da oferta de crédito privado permitiu aos bancos públicos suprirem o volume necessário para evitar a paralisação da economia. Assim, a participação do setor público, que era de 34,2% do total do Sistema Financeiro Nacional em 2008, passou para 41,6% em março deste ano.
Ana Tereza destacou a forte atuação do Banco do Nordeste e do Banco da Amazônia (Basa), que juntos foram responsáveis por um acréscimo de 28% ao ano, nos recursos voltados para os setores industriais, habitação e de investimentos, entre 2004 e 2009. No ano passado, as duas instituições aplicaram R$ 16,3 bilhões nestes setores. Neste ano, a cifra já atinge o montante de R$ 14,5 bilhões.
“O Programa Crediamigo, por exemplo, tem se mostrado uma experiência de sucesso no Brasil e exemplo para outros países na oferta de crédito para a população de menor renda”, acrescentou Ana Tereza, lambrando que, em 2009, os valores desembolsados pelo programa na economia nordestina atingiram R$ 1,5 bilhão e sua carteira de empréstimos cresceu 39% no ano.
Novos modelos - Os participantes examinaram a ação dos bancos de desenvolvimento no impulso a novos setores produtivos e modelos de negócios compatíveis com o meio ambiente, o apoio ao processo de descentralização produtiva com inclusão social, e a adequação das instituições financeiras aos novos padrões de regulamentação bancária internacional.
Entre outras ideias, Roberto Smith defendeu a transição de um modelo de crescimento econômico sustentado na produção e exportação de produtos baseados na expoloração de recursos naturais, para um modelo em que a verdadeira competitividade e inserção da economia mundial passa pela produção de bens e serviços com maior valor agregado.
“Como era de se esperar, os bancos de desenvolvimento atuarão em sistemas financeiros pós-crise que experimentarão grandes mudanças relacionadas à gestão, desenvolvimento de produtos financeiros, governança corporativa, controle e administração de riscos, incluindo regras de supervisão e regulação bancária diferentes das que prevaleceram nas últimas décadas”, complementou Smith.
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