Estadão: Cartunista Glauco é enterrado em cemitério de Osasco
Cerca de 300 participantes participaram da cerimônia, que contou com homenagem de outros desenhistas
Edison Veiga, de O Estado de S. Paulo
Cerimônia que precedeu o enterro no cemitério Parque Gethsêmani Anhanguera. Foto: Werther Santana/AE
SÃO PAULO - O cartunista Glauco Vilas Boas, de 53 anos, e seu filho Raoni, de 25, assassinados na madrugada de sexta-feira, foram enterrados às 10h30 deste sábado no Cemitério Parque Gethsêmani Anhanguera, em Osasco, Grande São Paulo. Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia, sendo a maioria familiares, amigos e seguidores da Igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime, fundada pelo artista.
Em cobertos com a bandeira da igreja, os corpos de Glauco e Raoni chegaram ao cemitério às 9h30, quando já eram aguardados por dezenas de pessoas. Durante uma hora, a cerimônia foi conduzida por religiosos da Céu de Maria, trajados roupas brancas e detalhes em verde.
Comovidos, os seguidores da igreja entoaram dúzias de cânticos rimados, com melodias parecidas uma com as outras. "Não quero nem falar. Perdi dois grandes amigos", disse um dos religiosos, em lágrimas, batendo no peito em sinal de respeito.
Cartunistas - Muitos cartunistas compareceram à cerimônia. "Existem algumas pessoas que são muito especiais. E Glauco era uma delas. Um iluminado, principalmente pelo trabalho que desenvolveu e fez com que o público passasse a ter outra visão do cartum. Foi responsável por uma reviravolta do humor brasileiro", disse o cartunista Orlando. "É um cara que ia ser um velhinho muito divertido, sem dúvida."
"É como John Lennon. Glauco era um gênio que cruzou com um doido e aconteceu isso", declarou o cartunista Spacca, comparando Glauco com o ex-beatle que foi assassinado em 8 de dezembro de 1980 quando retornava de um estúdio de gravação em Nova York (EUA). "Mas o importante é que ele era uma pessoa sempre disposta a ajudar os outros", disse. Caco Galhardo, outro cartunista que estava presente, visivelmente emocionado não quis falar sobre o amigo.
Entre as dezenas de coroas de flores estavam homenagens de outros cartunistas, como Maurício de Sousa, e dos profissionais do jornal Folha de S. Paulo, que publicava as tirinhas de Glauco. O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, compareceu à cerimônia representando o jornal e se lembrou de quando era editor do caderno Ilustrada e tinha uma "convivência bem-humorada" com Glauco. "Ele era um notório atrasador do jornal", comentou. "Mas como o resultado sempre acabava sendo uma surpresa agradável, brincávamos que Glauco era o único que podia atrasar", afirmou.
Às 10h, um procissão saiu da sala de velório do Gethsêmani Anhanguera, seguindo os caixões até a sepultura. Sempre em coro, os religiosos prosseguiram com as canções. Após um minuto de silencio, orações e salvas de palmas, o sepultamento foi concluído.
O universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos, amigo da família e considerado pela polícia o principal suspeito do crime, continua foragido. A Polícia de Osasco busca o suspeito na casa de familiares.
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