Estadão: "O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou, ontem, que suspendeu por um ano o Selo Combustível Social da empresa produtora de biodiesel Brasil Ecodiesel. A decisão foi publicada pelo Diário Oficial da União. A decisão diz respeito a problemas verificados na empresa em 2007, quando a Brasil Ecodiesel não utilizou a porcentagem de produtos de origem de agricultura familiar pedido pela lei, que era na ocasião de 50%.
O presidente da Brasil Ecodiesel, Mauro Cerchiari, explicou que, com a suspensão, a empresa fica impossibilitada de participar dos leilões de compra de biodiesel organizados pela Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustível (ANP). A Brasil Ecodiesel poderia usar a produção de suas usinas Iraquara e Itaqui.
Os leilões de biodiesel realizados pela Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) são divididos em dois lotes. O primeiro, com 80% da oferta de demanda, está acessível apenas para quem possui o Selo Combustível Social - ou seja, de quem compra parte da matéria-prima de pequenos produtores. Os outros 20% do leilão estão abertos para as empresas que não possuem o selo.
Cerchiari ressalta que os advogados da empresa estão estudando a melhor maneira de recorrer da suspensão do Selo Combustível Social. A perda do certificado ocorre em um momento em que a Brasil Ecodiesel obteve o maior lucro de sua história e, no último leilão, realizado no início da semana, foi a segunda maior vendedora no leilão, com 69 milhões de litros de biodiesel, 12,2% do total.
MAMONA
O diretor de relações com investidores da Brasil Ecodiesel, Charles Mann Toledo, explica que, em 2007, a Brasil Ecodiesel investiu muito na produção de mamona para atender aos requisitos do Selo Combustível Social. "A empresa distribuiu sementes e deu assistência técnica para os produtores e fez acordos de compra da mamona", disse. Porém, no momento da colheita, a cotação da mamona estava bem mais elevada que o preço fechado anteriormente e os produtores não quiseram entregar o produto.
Ele ressalta que, naquele momento, os preços da mamona estavam bem mais elevados que os do biodiesel, o que tornou inviável a compra do produto nos preços pedidos pelos produtores. "Dessa forma, a Brasil Ecodiesel deixou de entregar o porcentual de produto da agricultura familiar requerido pela lei."
Para Toledo, o grande erro foi a Brasil Ecodiesel apostar todas as suas fichas na agricultura familiar com base na produção de mamona. "Ela deveria ter diversificado sua produção e apostado em outras oleaginosas para não ficar refém da mamona", disse. Desde junho de 2009, a nova administração da empresa, comandada por Cerchiari, conseguiu levar a empresa de volta ao lucro, tendo como base a maior utilização da soja como matéria-prima.
No terceiro trimestre de 2009, a empresa obteve seu maior lucro histórico, de R$ 5,247 milhões. Atualmente, a empresa usa apenas soja como matéria-prima para a produção de biodiesel, abandonando os projetos de oleaginosas alternativas."
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