Estadão de hoje: "Após uma negociação que durou mais de dois anos, o fundo americano de private equity Carlyle confirmou ontem a compra de 63,6% da CVC Brasil, maior operadora de turismo do País. A transação foi concluída no fim de dezembro e envolve a operadora de viagens e a operação de cruzeiros marítimos. As outras empresas que fazem parte do grupo CVC, a companhia aérea Webjet e a GJP Hotéis e Resorts, não entraram no negócio.
Os valores financeiros da transação não foram revelados, mas fontes do mercado estimam que o fundo pagou cerca de R$ 700 milhões pela companhia fundada em 1972 por Guilherme Paulus. O empresário continuará na presidência do Conselho da CVC e terá nas mãos o restante do capital da companhia, ou seja, 36,4%. O capital para a transação veio dos fundos Carlyle Partners V (principal fundo do Carlyle Group, que possui US$ 13,7 bilhões sob administração) e Carlyle South America Buyout Fund I.
De acordo com Fernando Borges, diretor responsável pelas operações do fundo Carlyle na América do Sul, o objetivo do negócio é dar suporte para a expansão da CVC, empresa que cresce a taxas de 20% ao ano e transportou, em 2009, 2 milhões de passageiros.
"A meta é dobrar o tamanho da empresa nos próximos cinco anos, tanto em faturamento quando em número de passageiros", diz Borges. O fundo pretende também preparar a empresa para a abertura de capital, que deve ocorrer dentro desse período de cinco anos. "A abertura de capital da CVC sempre foi o objetivo. Acredito que dentro de um a dois anos ela vai estar pronta para negociar ações na Bovespa", diz Borges.
Segundo o executivo, as negociações entre o Carlyle e a CVC começaram para valer em setembro de 2008, mas a crise financeira internacional fez com que as partes conduzissem a negociação de forma mais cautelosa. "Com a crise, as conversas ficaram mais lentas. Por ser uma empresa familiar, foi preciso tempo para negociar os termos", diz. Em julho do ano passado, foi firmado o primeiro acordo sobre preços, e a due diligence (auditoria financeira) foi conduzida em setembro.
De acordo com Valter Patriani, presidente da operadora CVC, a entrada do Carlyle deve trazer melhorias na gestão financeira e de tecnologia da companhia. A primeira coisa que o fundo deverá fazer é indicar um nome para o cargo de diretor financeiro - a cadeira está desocupada há quatro meses, desde a saída do executivo Ricardo Leite, que ocupava o posto.
"Nada muda do ponto de vista operacional. O Carlyle comprou nosso DNA e nossa história", diz Patriani. "Não haverá uma reestruturação, nem cortes. Pelo contrário, vamos precisar de muita gente." O executivo enfatiza que o plano daqui para a frente é investir na expansão da empresa para a América Latina, seguindo o mesmo modelo de negócios que consagrou a empresa no Brasil, com foco no turista de classe média e com 60% das vendas de pacotes voltadas para o turismo doméstico.
"A CVC sempre se posicionou em públicos emergentes e essa próxima década será promissora, pois serão 40 milhões de novos consumidores entrando no mercado de turismo", diz Patriani, que enxerga uma demanda forte por pacotes de viagens nos próximos anos, motivada pelo aumento da renda da classe C e por eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas.
A CVC começou suas operações em 1972 em Santo André. As primeiras viagens foram fretamentos de ônibus para levar trabalhadores das indústrias do ABC ao litoral paulista. Hoje são 400 lojas, 900 funcionários e uma rede de 8 mil agentes de viagens credenciados."
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