“No Brasil, existem muitas experiências de organização do desenvolvimento. Uma delas é a inovação promovida pelo BNB com o programa Agroamigo. É algo que não existe em outros países e que temos que aprender”, disse a presidente do Fórum Latino-americano e do Caribe (Forolacfr), Isabel Cruz, na abertura do III Seminário Internacional sobre Finanças Rurais. Realizado em Fortaleza, no Hotel Gran Marquise, o evento, que se estende até quarta-feira (9), envolve representantes de 25 países em seis painéis e 16 oficinas.
Promovido pelo Banco do Nordeste, em parceria com o Forolacfr, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Banco Central, Corporação Andina de Fomento, Instituto Nordeste Cidadania e sistema de cooperativas Cresol, o Seminário já reuniu até agora mais de 400 participantes, entre legisladores, diretores e executivos de instituições financeiras e bancos de desenvolvimento, agentes públicos e representantes de organizações de produtores e cooperação internacional.
Isabel Cruz destacou também a diferença dada às políticas de desenvolvimento voltadas para os pequenos agricultores. “A política do MDA, por exemplo, é importante porque focaliza recursos financeiros e políticos na agricultura familiar. Eu, como mexicana, quero promover a criação de um ministério como esse, que é uma maneira de diferenciar a pequena agricultura em relação à grande. No meu país, as duas coisas estão juntas, e os grandes se apoderam da maioria dos recursos e da política, restando pouco, ou nada, para os pequenos produtores”, afirmou.
Segundo o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, a grande atratividade na realização do evento se encontra no sucesso dos programas sociais do Governo Federal, que tem no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) o seu ponto mais avançado. “O BNB, sobretudo com o Agroamigo, tem muito a mostrar e desenvolver nessa troca de experiências. Há um grande aproveitamento na troca de formações e procedimentos, na identificação dos avanços e das formas de controle, principalmente quanto às operações exitosas, para não se cair nos constantes endividamentos que afastam o pequeno agricultor familiar dos mecanismos de crédito e avanços tecnológicos”, disse.
Roberto Smith também expôs o tema “O papel do Estado no desenvolvimento da agricultura familiar, da soberania alimentar e dos sistemas financeiros rurais: quais as políticas agrícolas nacionais e globais e quais os sistemas financeiros necessários?”. O painel, realizado com Isabel Cruz e o secretário da Agricultura Familiar do MDA, Adoniram Peraci, fez uma recuperação histórica da pequena agricultura, tendo como base de análise a experiência e os resultados do Brasil.
“O debate se afastou da questão acadêmica e dos interesses sociológicos, indo em direção a como as coisas devem acontecer. A história mostra a má formação da propriedade da terra no Brasil, o que está intimamente vinculado à exploração colonial, dentro do regime de escravidão. Isso trouxe como herança problemas enormes, que redundam em poder e violência no campo, nos quais há um defrontamento até hoje”, enfatizou.
O presidente ainda destacou o papel dos bancos públicos na recente crise da economia mundial e a forma como o Brasil superou o momento, mostrando que a ação desses bancos foi imediata e decisiva. Depois falou sobre o desempenho do BNB enquanto banco público empenhado com as políticas do governo, ressaltando a atuação da Instituição no campo da agricultura familiar, notadamente do segmento B do Pronaf, que se tornou o Agroamigo. “O Programa vem gerando resultados e trabalhando para avançar no progresso tecnológico, com aumento da produtividade e melhoria de vida, tão importante para manter o homem no campo”, acrescentou.
Para o diretor de Gestão do Desenvolvimento do BNB, José Sydrião de Alencar Júnior, o Banco do Nordeste tem no Agroamigo um importante instrumento, que, a partir da metodologia utilizada nas microfinanças do Crediamigo, traz grande inovação para o setor. “O Programa tem conjugado duas coisas aparentemente incompatíveis, que é assistência técnica e acompanhamento a um custo menor, com queda no índice da inadimplência, que se caracteriza como um caso de sucesso”, esclareceu.
Ele ainda informou que o seminário é uma oportunidade de apresentar o Agroamigo para pesquisadores e operadores de política da área de agricultura familiar, tanto do Brasil como da América Latina e de outros países. O diretor, ao lado de Marcel Mazoyer – do Instituto Nacional de Agronomia Paris Grignom (Inapg), da França –, participou do painel que tratou sobre fenômenos e crises globais e mudanças climáticas na segurança alimentar, agricultura familiar e economias camponesas.
Na quarta-feira (9), pela manhã, o superintendente da Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural do BNB, Luís Sérgio Farias Machado, falará sobre o papel dos bancos de desenvolvimento e a importância de seus programas de microcrédito para inclusão social e financeira das populações rurais, com destaque para apresentação do Agroamigo, metodologia, práticas e resultados obtidos.
Criado em 2004, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o programa de microcrédito rural orientado e assistido do Banco do Nordeste, o Agroamigo objetiva conceder financiamento a agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf B) com renda bruta anual de até R$ 6 mil. Atualmente, o Programa já realizou 725 mil operações de crédito, disponibilizando R$ 964 milhões em financiamentos.
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