Nesta quinta-feira, 8 de outubro, serão comemorados o Dia Mundial da Visão 2009 (08/10) e do Dia das Crianças, reunindo crianças operadas de catarata pediátrica. O evento ocorre de 7h às 10h, no Centro Avançado de Retina e Catarata (Av. Dom Luís, 1233. 14º Andar. Aldeota). O Dia Mundial da Visão é uma data internacional, criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidade de saúde, para a celebração dos esforços de iniciativas no mundo todo que se dedicam ao combate da cegueira evitável.
Na ocasião, serão distribuídos presentes e realizadas atividades recreativas com as crianças atendidas pelo projeto Te Vejo na Escola, que promove, através de mutirões, cirurgias em crianças carentes que sofrem de catarata congênita, principal causa de cegueira evitável na infância. A iniciativa, que é apoiada pela Sociedade de Oftalmologia (SOC), já realizou cirurgias em 320 olhos de 210 crianças - na faixa etária entre 0 a 14 anos - a maioria com catarata bilateral (nos dois olhos). Além disso, o evento marca a nova etapa do projeto, que passará a atender crianças com estrabismo (pessoas com esse problema são popularmente chamadas de “vesgas”).
A catarata pediátrica prejudica o aprendizado escolar pois a criança portadora da doença tem dificuldade de focalizar imagens, percebidas embaçadas ou como imagem dupla. A catarata infantil pode gerar inclusive estrabismo. Essa e outras disfunções associadas em geral causam problemas de relacionamento, fazendo com que o tratamento da doença tenha impacto positivo na educação, bem como na auto-estima e socialização. Por isso, a proposta do Projeto é promover a educação e o desenvolvimento infantil por meio do tratamento da catarata.
A principal conquista do Projeto foi zerar sua fila de espera por uma cirurgia de catarata. Atualmente a criança atendida e com preparação pré-operatória realizada, espera no máximo 10 dias para o procedimento cirúrgico.
Segundo o idealizador do projeto, cirurgião de catarata e presidente da SOC, David Lucena, a rapidez do tratamento é importante visto que muitos pacientes têm indicação urgente de correção cirúrgica. Ele acrescenta que a campanha tem o objetivo de acabar com a fila para esse tipo de operação em todo o Estado.
O projeto completo, criado há quatro anos engloba exame pré-operatório, processo cirúrgico e acompanhamento pós-operatório, com doação de medicação, óculos e reabilitação visual. Anualmente são operados 120 olhos de aproximadamente 80 pacientes, numa média de 10 cirurgias/mês.
Coordenam o projeto os médicos David Lucena (oftalmologista especialista em catarata), Socorro Aguiar Lucena (oftalmopediatra) e Vládia Freitas (anestesiologista).
Lucena explica que a iniciativa visa combater a doença no Estado contextualizado numa perspectiva global. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (sigla em inglês: IAPB) criaram o projeto “Direito à Visão 2020” que tem como meta erradicar no planeta toda a cegueira prevenível e/ou curável até essa data.
Tratamento - A catarata congênita é decorrente de alterações na formação do cristalino (a lente dos olhos). Dependendo do grau de opacificação do cristalino, há possibilidade de interferência na percepção de luz, seja por distorção ou redução na quantidade de raios luminosos que atingem a retina. Aproximadamente 40% das cataratas de infância, que atingem um em cada 250 recém-nascidos, não tem uma causa determinada. Os principais motivos são: hereditariedade, infecções intra-uterinas (como a rubéola), diabetes e algumas síndromes, como a de Lowe (com possibilidade de glaucoma associado).
Segundo Lucena, a catarata congênita e as de desenvolvimento infanto-juvenil se apresentam do nascimento até os 10 anos de idade. "Elas são comuns e passíveis de tratamento, mas o prognóstico visual depende da precocidade do diagnóstico e tratamento. As bilaterais [nos dois olhos], quando totais, se não operadas até 3 meses de vida, em geral acarretam nistagmo [movimento involuntário dos globos oculares, o que dificulta focar imagens] e ambliopia ou olho preguiçoso [deficiência de desenvolvimento normal do sistema visual]", explica. "No caso das monoculares [em apenas um olho], além da ambliopia, há possibilidade de déficit fusional [aparecimento de imagem dupla] e de estrabismo [paralelismo entre os olhos] entre 6 meses e 2 anos de idade", revela.
Um teste importante a ser feito é a avaliação do reflexo vermelho, também chamado “teste do olhinho”. É feito através da pupila com um oftalmoscópio - instrumento que permite examinar o interior do olho - a uma distância de 25 cm, focalizando-se a opacidade que aparece escura ao exame. "Se o cristalino se mantiver relativamente transparente até os 6 meses de vida, mesmo que posteriormente se opacifique, o prognóstico visual pós-tratamento será melhor", afirma.
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