Fotógrafo Jarbas Oliveira e cordelista José Mapurunga lançam na próxima quinta-feira (3/9), às cinco e meia da tarde, "O Livro das Horas da Praça do Ferreira". Repasso para vocês produção de Cláudia Albuquerque e Kiko Bloc-Boris, divulgadores do lançamento:
"A mulher do cafezinho, o vendedor de algodão doce, os evangélicos, os jogadores de porrinha, o homem que descasca cocos com os dentes, a moça que passa lépida, os jovens comerciários, os velhos frequentadores. Figuras anônimas popularmente conhecidas, como o poeta Mário Gomes, o velho Valmir, o jornaleiro Paixão, o João Engraxate, o Nietzsche, o Deputado. Todos esses, que fazem o dia-a-dia do centro nervoso da cidade, estão nas páginas de “O Livro das Horas da Praça do Ferreira”, que percorre o local desde a “Matinas” (quando “a vida foi dormir e ainda não acordou”), até a madrugada seguinte (quando um “homem se dirige para o banco mais próximo, onde se senta, talvez à espera do amanhecer”). Eles são personagens ilustrativos de uma excursão íntima que leva a assinatura de dois especialistas em diferentes linguagens: Jarbas Oliveira, fotógrafo com trabalhos impressos nos mais importantes veículos de comunicação do País, e José Mapurunga, premiado dramaturgo, roteirista, contista, poeta, cordelista e letrista de música.
Neste trabalho de co-autoria, o escritor e o fotógrafo se apropriaram das horas canônicas – antigas divisões de tempo que serviam aos cristãos como diretrizes para as orações diárias – para falar das horas que passam e dos que passam pelas horas no cotidiano da Praça do Ferreira. “Eu sou um frequentador antigo do local e em 1999 escrevi uma crônica baseada nas horas canônicas para mostrar um dia inteiro na praça, as pessoas e os sentimentos que rondam por lá”, explica Mapurunga. Dez anos depois, os textos se casam com o registro fotográfico de Jarbas Oliveira, para quem a maior dificuldade foi escolher 157 fotos dentre as 4 mil que bateu. “O interessante é que antes de fotografar, eu tinha lido apenas uma vez o texto ,porque não queria me prender, mas depois vimos que as narrativas se comunicam e complementam”, ressalta Jarbas.
Para Mapurunga, que veio de Viçosa aos sete anos de idade, a Praça do Ferreira é o lugar de Fortaleza mais parecido com o interior. “Lá, inclusive, existe um banco que é dividido entre as pessoas de Viçosa e as de Quixadá”, comenta com o bom humor de quem conhece todas as horas da praça, sob diversos ângulos, no centro dela mesma e em seus arredores, que se derramam pela Pharmácia Osvaldo Cruz, a pastelaria Leão do Sul, o antigo Cine São Luís, o Excelsior Hotel, o Clube do Advogado, os restaurantes de comida rápida e as lojas fervilhantes de produtos variados.
Com 144 páginas, “O Livro das Horas da Praça do Ferreira” é patrocinado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secultfor, e foi desenvolvido em comemoração ao aniversário da Cidade. Na apresentação da obra, a jornalista e professora Beatriz Furtado resume o espírito que movimentou o projeto: “Saltando entre lá e cá, em meio a todas as coisas que são propriamente o mundo, a obra de Jarbas Oliveira e José Mapurunga se encontra em meio — da praça, das pessoas, das horas, do movimento, do esquadrilho do espaço, das vitrines, das bolhas de sabão, das rodas feirantes, dos escureceres. Em meio ao mundo cujas horas não respeitam os ditames dos relógios, nem as cronologias do passar”.
"O Livro das Horas da Praça do Ferreira” será doado a instituições públicas de cultura e bibliotecas. Todos os retratados na obra receberão um exemplar. Quem estiver na Praça do Ferreira durante o lançamento poderá também contemplar as imagens da edição projetadas em local de destaque do referendado logradouro.
Perfil dos autores:
- Jarbas Oliveira, fotógrafo e jornalista. Tem suas imagens impressas nos maiores veículos de comunicação do País e distribuídas dentro e fora do Brasil pelas agências Estado, Folha Imagem, Globo, Futura Press, Lance Press e agências internacionais como EFE, Reuters e Associated Press. Tem fotos publicadas em revistas como Veja, Época, Isto É, Contigo, Quem, Caras, Flash, Placar, Cláudia, Exame, Quatro Rodas Frota. No currículo conta ainda a atividade de professor de Fotojornalismo na Universidade Federal do Ceará (UFC). Expôs “América Latina: 500 anos de Conquista, Ocupação, Submissão” – Munique, Alemanha 1992; “Foto-Retrospectiva 2000” – São Paulo, 2000 e “Pedras que Cantam”, 2004. Participou dos livros “Memória do Caminho”, “Ceará Terra da Luz” e “Beberibe, Mar, Sertão e Gente”. Nos últimos anos vem se dedicando a trabalhos autorais.
- José Mapurunga Filho nasceu em Viçosa dp Ceará, em 1951. Mora em Fortaleza. É dramaturgo, roteirista de audiovisuais, contista, poeta, cordelista e letrista de música. Alguns títulos para o teatro: Auto da CamisinhaAuto de Leidiana; Auto do Rei Leal; Auto do Bicho Homem; Auto do Divino Nascimento; Farsa da Caravela Maluca; Farsa do Panelada; Comédia da Fome; Comédia da Cidadania; Um Dia de Príncipe; Um Casamento, uma Quadrilha; Retrato na Parede; Cena de Sangue; O Caso da Pitombeira; A Rua é um Rio Brilhante; Alice; O Sertão Segundo Patativa; Farsa de Romeu e Julieta. Recebeu vários prêmios, dentre os quais: Melhor Texto Original do Festival Nordestino de Teatro (Guaramiranga, 2003), com Auto do Rei Leal; Prêmio Nelsons Ceará (2004), com o CD Mágico Entre Nós (letras de sua autoria); 2° lugar do Prêmio Funarte de Dramaturgia (RJ, 2005), com Uma História Muito Antiga; Melhor espetáculo no Festival de Teatro da Cidade do Rio de Janeiro (2007), com a A Farsa do Panelada.
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